Lula defende que a esquerda construa uma nova utopia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (22), que os movimentos partidários de esquerda precisam construir uma nova utopia para levar adiante a defesa do Estado e dos direitos humanos. Lula cumpre agenda na Itália e na França nesta semana, e falou com a imprensa em Roma, antes de embarcar para Paris.

“É preciso que a gente reconstrua uma nova utopia, para que a gente possa vencer a utopia criada pela direita de que o Estado não vale nada, de que o Estado tem que ser fraco, de que a iniciativa privada resolve os problemas. Nós vamos construir um outro discurso, nós precisamos ter coragem de defender o trânsito livre do ser humano da mesma forma que se permite o trânsito livre de dinheiro”, defendeu.

Lula criticou o protecionismo de países europeus em relação a imigrantes e à “política de costumes” defendida por partidos de extrema-direita. “Se você tem centros de pobreza no mundo, se você tem centros de violência, é normal que as pessoas queiram transitar de um lugar para outro, é assim que foi criada a humanidade. Então é importante que a gente também construa esse discurso que eu acho que ajudará a gente a fazer o embate com os setores mais conservadores na Europa, que não é só na Europa, é nos Estados Unidos, no Brasil, na América Latina em todos os lugares”, afirmou.

“Você tem uma extrema direita nascendo com discurso muito duro na política de costumes, na questão da família e, muitas vezes, a esquerda fica um pouco inibida. Eu acho que nós precisamos defender com mais clareza as coisas que nós acreditamos. Ou seja, eu acho que a esquerda no Brasil, na América Latina e no mundo, precisa criar uma nova utopia, sobretudo porque a juventude precisa de utopia, de um sonho pra gente continuar lutando por ele”, acrescentou o presidente.

Na quarta-feira (21), Lula se reuniu com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Primeira mulher a ocupar o cargo, Meloni é líder do primeiro governo de extrema-direita no país em décadas. Segundo o presidente brasileiro, entretanto, isso não impede os dois líderes de discutirem as relações entre os países. “Quando o chefe de Estado se encontra com outro chefe de Estado, não está em jogo a questão ideológica”, disse.

 

Relações bilaterais

Na conversa, Lula e Meloni trataram sobre temas de interesse comum, como economia e preservação ambiental. Os dois países compartilham o fato de assumirem, para o próximo ano, protagonismo em dois importantes fóruns internacionais. A Itália na presidência do G7 e o Brasil na presidência do G20.

O combinado entre as lideranças foi manter o diálogo sobre a gestão dos grupos que reúnem as principais economias do mundo. Lula também convidou a primeira-ministra para visitar o Brasil.

“Podemos construir parceria na área empresarial. Nós temos mais de 1,4 mil empresas italianas no Brasil. Nós temos muitas empresas brasileiras na Itália. A gente pode construir parceria científica e tecnológica. As nossas universidades podem fazer parcerias. E é assim que a gente conversa”, disse Lula.

Brasil e Itália têm uma parceria de longa data. A intensa imigração italiana no início do século 20 fez com que o Brasil tenha a maior colônia de italianos e descendentes no mundo, com cerca de 30 milhões de pessoas. A comunidade de brasileiros em território italiano também é grande, com cerca de 100 mil pessoas vivendo nas principais cidades do país europeu.

No comércio exterior, o volume de negócios entre os países chegou a US$ 10,46 bilhões em 2022.

  • Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil – Brasília / Foto: Ricardo Stuckert/PR

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