Aprovada intervenção em Ciudad del Este e o prefeito Miguel Prieto pode ser afastado
A Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou na última quarta-feira (11), por ampla maioria de 44 votos a favor e quatro contrários, a intervenção na Prefeitura de Ciudad del Este, a segunda maior cidade do país, unida à Foz do Iguaçu pela Ponte Internacional da Amizade. A medida abre caminho para o afastamento do prefeito Miguel Prieto, figura de destaque da oposição, acusado de corrupção em sua gestão.
A solicitação de intervenção partiu da Controladoria-Geral da República (CGR), que aponta supostas irregularidades em licitações, além de casos de nepotismo na administração municipal. Com a decisão, a gestão de Prieto será investigada diretamente pelo governo central, e ele poderá ser destituído do cargo.
Em resposta, parlamentares da oposição qualificaram a decisão como um “golpe político” articulado pelo governista Partido Colorado, que domina o Congresso Nacional. “Prieto é o político mais importante que a oposição tem hoje, e Ciudad del Este é, talvez, a cidade mais relevante política e financeiramente do país. Está nas mãos da oposição”, afirmou o deputado Guillermo Rodríguez.
Durante a sessão, que durou duas horas e meia, parlamentares aliados e opositores debateram intensamente os argumentos apresentados pelo controlador-geral Camilo Benítez. A comissão especial que avaliou o caso votou majoritariamente pela intervenção, com pareceres assinados pelos deputados Avelino Dávalos, Arturo Urbieta, Hugo Meza, Sebastián Baressi e Alejandro Aguilera. Já os deputados Cleto Giménez e Walter García apresentaram relatório contrário, rejeitando a medida.
Prieto reage
Miguel Prieto convocou uma entrevista coletiva para as 14h da quarta-feira (11) na prefeitura de Ciudad del Este. Ele reafirmou que todas as informações solicitadas pela CGR foram entregues e acusou o órgão de agir com motivações políticas. Em declarações anteriores, o prefeito chegou a comparar sua situação com a destituição do ex-presidente Fernando Lugo, em 2012.
“A oposição está sendo silenciada por um sistema que teme perder o poder”, afirmou Prieto, que lidera o movimento político “Yo Creo”. Ele assumiu o comando do município em 2018, após a queda da então prefeita Sandra McLeod, do Partido Colorado, e tem sinalizado a intenção de disputar a presidência da República nas eleições de 2028.
De acordo com a Constituição paraguaia, o Congresso Nacional é responsável por autorizar intervenções em administrações subnacionais. Caso Prieto seja afastado oficialmente, será nomeado um interventor federal até a conclusão das investigações.
A intervenção em Ciudad del Este ameaça o futuro político de Miguel Prieto e reacende tensões históricas entre governo e oposição no Paraguai, num momento de crescente polarização.
- Da Redação
- Foto: assessoria