Tecnologia ajuda Receita Federal a combater a criminalidade na fronteira
Diversas são as estratégias usadas por contrabandistas na tentativa de burlar a fiscalização na Tríplice Fronteira. Fundos falsos em veículos, mercadorias presas ao corpo, transporte “formiguinha” e outros recursos são empregados diariamente por diversas pessoas para trazer produtos do Paraguai e Argentina para o Brasil de forma clandestina.
Mas se o crime tem seus truques, as forças de segurança também não ficam atrás. A Alfândega da Receita Federal do Brasil (RFB), responsável pela fiscalização de mercadorias em Foz do Iguaçu e região, se utiliza de vários meios para reprimir a criminalidade. Dentre as estratégias empregadas está o uso de drones de alta tecnologia, equipados com câmeras térmicas capazes de detectar o movimento de pessoas e veículos suspeitos.
Centenas de apreensões já ocorrem com o uso deste equipamento, que vem sendo empregado em operações desde 2019. A mais recente foi registrada na última semana e resultou na lacração de quatro ônibus e uma van carregados com produtos diversos.
Agentes capacitados operam os equipamentos, enquanto equipes acompanham o registro das imagens em uma central de monitoramento. Com a ajuda dessa inteligência, as abordagens aumentaram e, consequentemente, também cresceram a apreensão de produtos ilegais.
Dentre os modelos de drones usados pela RFB destaca-se o M30T, equipamento adquirido através de uma parceria com o Parque Tecnológico de Itaipu. O aparelho é o único em operação no Brasil, nas mãos das forças de segurança.
Com capacidade para voar até 7 mil metros de altura, o drone pode ser operado até mesmo em dias de chuva. A câmera, que tem capacidade térmica, pode aproximar uma imagem em até 200 vezes, além de detectar pessoas e veículos através da captação de ondas de calor e ajudar na localização de esconderijos e depósitos clandestinos.
“O equipamento tem um laser que faz com que a gente consiga identificar o ponto. Dentro de uma cidade é fácil falar a rua, o número da casa, mas quando acontece em uma área rural ou uma zona não habitada, a gente tem a informação georreferenciada de onde está acontecendo o ilícito”, explicou o piloto de drone, Bruno Oliveira.
Com o monitoramento aéreo as equipes que estão em terra conseguem ser avisadas de imediato sobre o deslocamento de veículos suspeitos, especialmente ônibus. Isso permite uma abordagem precisa e grandes apreensões.
De acordo com a Receita, em muitas situações os contrabandistas possuem olheiros, que monitoraram as atividades das forças de segurança e avisam por meio de aplicativos de mensagem a “melhor hora” para a passagem pela BR-277 ou estradas rurais. Com o uso do drone é possível identificar se um veículo realizou algum retorno ou se está parado em determinado ponto, aguardando o momento para se deslocar.
Assim que o veículo manifesta movimento, as equipes já em prontidão são comunicadas e realizam a abordagem, impedindo que diversos tipos de ilícitos cheguem a outros destinos do país.
Mercadorias
Conforme a Receita Federal, as mercadorias importadas de forma clandestina são as mais variadas, mas há grande destaque para os cigarros comuns e eletrônicos, brinquedos e vinhos. “De importação proibida, no caso de cigarros eletrônicos. É uma infração aduaneira bem característica que vai resultar na apreensão do veículo e da mercadoria”, informou o auditor fiscal Wagner Souza.
Grande parte desses produtos é enviada para grandes centros, para serem revendidos em comércios também clandestinos. Operações da RFB de Foz e de outras regiões já realizaram inúmeras apreensões milionárias, especialmente de vinhos argentinos. O produto é trazido com frequência, em pequenas quantidades, de barco ou carro, e distribuídos para outras localidades.
A Receita lembra que o contrabando causa prejuízos ao comércio legal, já que não há o pagamento dos impostos necessários. Produtos contrabandeados também podem trazer riscos à saúde, já que em muitos casos não é possível comprovar a originalidade.
- Da redação
- Foto: reprodução RPC