Forças de segurança destruíram quase 500 estruturas de caça ilegal no Parque Nacional do Iguaçu em 5 anos 

Proibida no Brasil desde a década de 60, a caça continua a ser praticada em todo o país, trazendo enormes prejuízos ao meio ambiente, especialmente quando ocorre em unidades de conservação como o Parque Nacional do Iguaçu. Visando coibir este tipo de crime, as forças de segurança de Foz e região realizam operações constantes.

Entre 2019 e junho deste ano, já foram executadas 115 ações, que resultaram na destruição de 497 estruturas ou áreas de caça e 61 acampamentos. Também foram apreendidas 26 armas de fogo e centenas de munições. Os trabalhos foram comandados pelas equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com o apoio de agentes da Polícia Militar Ambiental (Força Verde), Polícia Federal, Exército e Polícia Rodoviária Federal.

Dentre as estruturas mais comumente usadas pelos caçadores clandestinos destacam-se as cevas, que são feitas com milho ou frutas; os saleiros, que gotejam no solo e atraem animais silvestres como porco do mato, anta e veado; e os jiraus, que são poleiros de madeira armados na mata, amarrados com cipós ou presos com pregos, para a espera do animal e posterior abate com arma de fogo.

Prender os responsáveis não é uma tarefa fácil, já que a maioria possui destreza para se camuflar e empreender fuga rapidamente pelas matas. Nos últimos cinco anos 48 pessoas foram detidas nas operações, o número é pequeno comparado ao índice de caça, evidenciado pelo grande número de materiais recolhidos.

Quando presos em flagrante, os responsáveis são encaminhados para a Delegacia da Polícia Federal, por se tratar de crime de competência da esfera federal. Além das multas e medidas cautelares aplicadas, os infratores respondem ainda na esfera civil e criminal pela conduta criminosa.

De acordo com a chefe do Setor de Proteção do Parque Nacional do Iguaçu, Patrícia Kidricki Iwamoto, a maioria dos caçadores atuais pratica o crime apenas por “diversão” ou comércio ilegal de partes do corpo do animal, como pele e dentes.

Os principais alvos de caça atualmente são a paca, veado, queixada e cateto (espécies de porcos selvagens), anta e cutia. A redução da população desses animais desequilibra o ambiente, já que a maioria é dispersora de sementes e serve de alimento para outros animais de topo de cadeia, como a onça-pintada que se encontra criticamente ameaçada de extinção.

“Esses animais servem de alimento para a onça-pintada e, com a sua caça, diminui a oferta para o felino. Além disso, presos na armadilha, eles servem de atrativo para a onça, que muitas vezes acaba também abatida pelo caçador para servir de troféu ou ser vendida no mercado ilegal”, destacou Patrícia.

Para a Polícia Ambiental, que faz patrulhamentos constantes no Parque Nacional, a fiscalização é desafiadora por conta da grande extensão da unidade (185 mil hectares do lado brasileiro), além da organização dos caçadores, que costumam ser avisados sobre a presença dos agentes nos locais de caça.

“No ano passado nós prendemos cinco pessoas. Neste ano não houve prisões, mas seguimos de forma incessante com as fiscalizações. Inicialmente, o número de detidos pode parecer baixo, mas considerando a dificuldade em prender um deles em flagrante, todo resultado é expressivo”, ressaltou o comandante da 5ª Cia Ambiental em Foz, Cesar Sebastião da Silva.

Sobre o parque

O Parque Nacional do Iguaçu, criado pelo Decreto Federal № 1035/1939 de 10 de janeiro de 1939, é uma unidade de conservação pertencente à categoria de proteção integral e que conta atualmente com um território de 185.262,5 hectares de área protegida.

A unidade está inserida no Bioma Mata Atlântica, região Oeste do Paraná, fazendo parte dos municípios de Foz do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Serranópolis do Iguaçu, Matelândia, Céu Azul e Capanema. No entorno do parque estão ainda os municípios de Santa Terezinha de Itaipu, Medianeira, Ramilândia, Santa Tereza do Oeste, Vera Cruz do Oeste, Lindoeste, Santa Lúcia, Capitão Leônidas Marques.

Apesar de ser umas das unidades de conservação mais visitadas no Brasil, apresenta singularidades que contribuem com as ameaças que a mesma é rotineiramente submetida. Neste sentido pode-se destacar seu perímetro de 420 quilômetros, sendo grande parte contornada por estrada vicinal ou áreas agropastoris, o que facilita o acesso de infratores.

 

  • Da redação / Fotos: ICMBio

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