Campanha das Eleições 2022 divide Comunidade Árabe de Foz do Iguaçu

A Comunidade Árabe de Foz do Iguaçu, a segunda maior do Brasil com aproximadamente 25 mil integrantes, não ficou imune aos debates intensos que se acirraram neste segundo turno das eleições gerais de 2022. Ainda no primeiro turno, em meados de agosto, lideranças brasileiro-árabes que apoiam a chapa Lula-Alckmin para a Presidência, adiaram um evento em favor dos candidatos petistas, após receberem ameaças pela internet.

A mobilização virou alvo de críticas, ofensas e até ameaças em páginas de Facebook, com perfil mais conservador e alinhadas a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os ataques apareceram frases como “Eu vou lá tacar ovos”, “Árabes bandidos”, “Brimos com segundas intenções” entre outras foram publicadas nas postagens anunciando o evento em Foz do Iguaçu.

Nesta quarta-feira (26), o portal UOL aborda o tema, destacando que durante os sermões na mesquita, o sheik Mohamad Kalil, 55, recomenda pacificação, respeito e que se evite o uso de palavras que carregam “veneno político”. A intenção é evitar que o clima tenso das eleições no Brasil esquente ainda mais as conversas entre membros da Comunidade Árabe local.

Mohamad Kalil é o líder religioso da mesquita xiita da Sociedade Beneficente Islâmica de Foz do Iguaçu, informa a jornalista Denise Paro, que assina a reportagem. A maioria dos árabes e descendentes que residem no município são muçulmanos e sentem o fervor da polarização política brasileira.

Histórico triste

Ainda em julho, Foz do Iguaçu registrou um dos mais fortes atos de violência política nesta campanha, quando o guarda municipal petista Marcelo Arruda comemorava com parentes e amigos no momento em que foi morto a tiros pelo policial penal bolsonarista Jorge Garanho.

Após a definição do segundo turno, o assunto eleições passou a estar cada vez mais presente em grupos de WhatsApp, redes sociais, encontros familiares ou nas conversas pós-orações nas mesquitas. No Brasil desde 1998, o sheik Kalil disse ao portal que nunca sentiu uma tensão como a das eleições deste ano.

Alguns membros da comunidade estão usando inadequadamente termos religiosos e da “mesquita” com interesses políticos, advertiu Kalil. Para ele, é preciso trabalhar para “purificar e deixar o ambiente pacífico”. O Brasil precisa voltar a ser um país como antes, com liberdade e democracia, sem levantar a voz para falar de política, diz.

Debates em casa

A reportagem aborda ainda outro fator que vem ocorrendo em boa parte das famílias brasileiras – o debate político também se estende às conversas familiares e redes sociais nos núcleos árabes. Em grupos de WhatsApp circulam vídeos no idioma árabe em prol do candidato Lula. Outras postagens promovem Bolsonaro.

Mohamad Ibrahim Barakat, de 83 anos, tem voto declarado no ex-presidente Lula. Já seu filho, Hamzi Mohamad Barakat, 55, não esconde o apoio ao atual presidente Bolsonaro. Primeiro vereador árabe de Foz, Barakat diz que os muçulmanos têm medo da política porque no Oriente Médio todos que estão no poder são ditadores.

Da Redação

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