Paraná decreta alerta e reforça ações contra vírus respiratórios
O Paraná decretou estado de alerta em saúde pública e acionou um plano emergencial para conter o avanço das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG). A medida foi oficializada nesta sexta-feira (6), por meio da Resolução nº 1.014/2025, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em resposta ao crescimento de internações e óbitos associados a vírus respiratórios como Influenza e Covid-19.
De acordo com o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, a pressão por leitos hospitalares em todo o estado motivou a adoção do protocolo de emergência. “Estamos com um momento de muita pressão nas vagas de leitos hospitalares, tanto de enfermaria quanto também de UTIs em todo o Estado, e com essa resolução de alerta instituímos o plano de ação para enfrentamento dessa síndrome respiratória aguda grave neste momento”, afirmou.
A nova diretriz prevê, entre outras ações, a elaboração de planos municipais de resposta, priorização de atendimento a pacientes com sintomas de SRAG e ampliação da cobertura vacinal dos grupos prioritários. A vigência da resolução é de 90 dias.
Casos e mortes em alta
Desde janeiro, o estado registrou 10.635 casos e 523 mortes por SRAG hospitalizado. Só a Influenza responde por 991 desses casos e 85 óbitos — e apenas nove das vítimas haviam sido vacinadas. O cenário agravou-se nas últimas cinco semanas: entre as semanas epidemiológicas 18 e 22 (de 27 de abril a 31 de maio), o número de pacientes hospitalizados por SRAG saltou 43,17%, passando de 3.164 para 4.530.
Entre os 399 municípios paranaenses, 222 já registraram internações por vírus respiratórios e 25 notificaram pelo menos um óbito.
A maior parte das internações envolve crianças de até cinco anos e idosos acima de 60, justamente os dois grupos mais vulneráveis. Em comparação ao mesmo período de 2024, houve aumento de 14,12% nas internações pediátricas e 19,66% entre idosos. Este ano, 5.765 crianças e 6.937 idosos já precisaram de hospitalização por SRAG.
Expansão de leitos e testes rápidos
Para responder à sobrecarga do sistema, o Governo do Estado iniciou a aquisição de 100 mil testes rápidos produzidos pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), ao custo de R$ 800 mil. Os testes detectam Influenza A e B, além da Covid-19, e serão distribuídos às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
“Usar esse teste rápido do IBMP, que detecta influenza A, influenza B e também Covid, possibilita o profissional de saúde entrar antecipadamente com o esquema terapêutico com medicação do oseltamivir (tamiflu), auxiliando na recuperação dos pacientes”, explicou o secretário Beto Preto.
Também foram abertos 58 novos leitos hospitalares em três regiões: 20 pediátricos no Hospital Infantil Waldemar Monastier (Campo Largo), 13 no Hospital do Coração Bom Jesus (Ponta Grossa) e 25 pediátricos no Hospital Madre Die (São Miguel do Iguaçu). A rede estadual ainda dispõe de estrutura para ampliar em até 200 leitos adicionais, sendo 50 de UTI e 150 de enfermaria.
Atualmente, o Paraná registra taxa de ocupação de 88% nas UTIs e 62% nas enfermarias, com 10% das UTIs e 6% das enfermarias destinadas a casos de SRAG.
Vacinação abaixo da meta
A cobertura vacinal contra a gripe permanece distante da meta de 90% fixada pelo Ministério da Saúde. Dos 4.188.000 imunizantes enviados ao estado, 2.462.215 já foram aplicados. A taxa de cobertura entre os idosos é de 46,03%, entre crianças, 33,74%, e gestantes, 30,83%.
- Da redação com AEN
- Foto: Alessandro Vieira/SESA