Desvalorização do dólar aumenta movimento no comércio e nas casas de câmbio de Ciudad del Este

A recente queda e a estabilidade do dólar impulsionaram o movimento nas casas de câmbio de Ciudad del Este, principal polo comercial do Paraguai, ligado a Foz do Iguaçu pela Ponte da Amizade. A informação foi confirmada por Emil Mendoza, presidente da Associação Paraguaia de Casas de Câmbio. Segundo ele, há mais movimentação, mais compras e mais otimismo entre os importadores. “Nossas garantias estão rendendo mais, e isso incentiva o comércio”, enfatizou.

O valor do dólar estadunidenses registrou queda nas últimas semanas, impulsionado por fatores nacionais e internacionais – no Brasil, a moeda estava cotada em R$ 5,57 nesta quarta-feira (23). Para Mendoza, a promessa de campanha de Donald Trump de desvalorizar o dólar para impulsionar as exportações americanas teve um impacto global. “Estamos vendo uma forte desvalorização no bloco europeu, no Brasil, na Índia”.

“E isso também está sendo sentido aqui”, explicou ele em entrevista à rádio La Clave. Mas não se trata apenas de política internacional. Em nível local, muitos paraguaios estão vendendo seus depósitos em dólares para se proteger. “Eles estão garantindo suas economias (vendendo dólares) para evitar a perda de valor”, observou.

E o resultado é um aumento no comércio. “Quando o dólar está baixo, as pessoas ficam mais dispostas a comprar. Consertar uma impressora que custa US$ 50 não parece mais tão caro. Eles (consumidores) estão até pagando adiantado seus carros financiados em dólares”, explicou.

Nas casas de câmbio, o volume de moedas aumentou significativamente. Segundo o presidente da entidade, há uma onda de compradores buscando aproveitar os bons momentos. Isso inclui comerciantes e consumidores que planejam comprar um celular ou pagar por serviços técnicos.

 

Outros cenários

Mas nem todos ganham. Enquanto os importadores aproveitam o dólar desvalorizado, os exportadores sentem o aperto. “Quando vendem seus produtos para o exterior, recebem menos garantias por dólar. E isso afeta principalmente a agricultura e a pecuária, nossos principais setores de exportação”, disse o sindicalista.

Os números confirmam a tendência. Até junho de 2025, as exportações no Paraguai caíram 6,4% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto as importações cresceram 7,4%. Essa diferença é preocupante, embora Mendoza tenha esclarecido que a situação, apesar sensível, ainda não é crítica. “Nossa economia, comparada à do Brasil ou da Argentina, está relativamente estável”.

“As variações de preços estão contidas”, argumentou. Mendoza observou que julho não costuma ser um mês de flutuações significativas na taxa de câmbio do dólar. Normalmente, a taxa de câmbio permanece estável até setembro, quando começa uma alta gradual. Mas este ano é diferente. Ele o descreve como “atípico”, resultado de uma combinação de fatores.

 

  • Da Redação
  • Foto: Gentileza/La Clave

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