Pix rompe fronteiras e facilita compras  em Ciudad del Este e Puerto Iguazú

O Pix, sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central do Brasil, superou barreiras geográficas e passou a ser amplamente aceito em centros comerciais das cidades fronteiriças de Ciudad del Este, no Paraguai, e Puerto Iguazú, na Argentina. A adoção da ferramenta por comerciantes locais tem mudado a dinâmica do consumo na tríplice fronteira e facilitado a vida de turistas brasileiros que visitam Foz do Iguaçu.

Sem versão internacional oficial, o Pix passou a operar fora do Brasil por meio de soluções oferecidas por empresas financeiras nacionais. Essas empresas conectam maquininhas de pagamento a sistemas de conversão de moeda em tempo real. Dessa forma, o comprador paga em reais, direto no aplicativo bancário, enquanto o lojista recebe o equivalente em guaranis ou pesos.

No Paraguai, a prática se consolidou em áreas de forte apelo comercial, como Ciudad del Este e Pedro Juan Caballero. “Em Ciudad del Este é muito fácil pagar com Pix, menos nas cidades mais para o interior do país, que ainda não aceitam”, diz o servidor público William Henrique, morador de Foz do Iguaçu e ex-residente da cidade paraguaia. “Nos últimos tempos, esta opção de pagamento foi adotada em praticamente todas as lojas e comércio”, afirma.

Tony Oliver, vendedor em um comércio tradicional de Ciudad del Este, confirma a disseminação do sistema. “Não tem restrições, mesmo para quem não tem dinheiro em espécie, é possível ir no câmbio, fazer um Pix na chave indicada e sacar o dinheiro”, explica. Segundo ele, a operação também funciona de forma inversa: quem leva reais pode convertê-los em moeda local com o câmbio efetuando a transferência.

Além da comodidade, a adesão ao Pix também amplia a sensação de segurança para os consumidores. “Antes eu precisava sacar dinheiro ou pagar com cartão internacional, o que nem sempre funcionava bem. Agora, é só escanear o QR Code e pronto”, conta a comerciante Ana Paula Borges, que mora em Foz do Iguaçu e compra semanalmente no Paraguai para abastecer sua loja.

Segundo Jorge Ramirez, gerente de uma loja de eletrônicos próxima à aduana, mais de 70% das vendas para brasileiros já são feitas por Pix. “A adesão foi muito rápida. Isso melhorou a experiência do cliente e aumentou o volume de compras”, diz. No Shopping China, um dos centros comerciais mais visitados da cidade, o aviso é direto: “Pix válido apenas para brasileiros”.

A aceitação da ferramenta se expandiu também para Puerto Iguazú, onde é possível pagar com Pix no Duty Free e em lojas da Feirinha, ponto de compras famoso entre os turistas que buscam vinhos, queijos e produtos típicos argentinos.

De acordo com o Banco Central, soluções semelhantes ao Pix já estão em uso em países como Chile, Portugal, França e Estados Unidos, sempre por meio de intermediários financeiros. A expansão global da tecnologia ainda depende de acordos internacionais em negociação no âmbito da plataforma Nexus, liderada por bancos centrais.

Enquanto isso, a tríplice fronteira experimenta, na prática, uma integração econômica digital. Com a chegada do segundo semestre e o aumento do fluxo turístico em datas comemorativas, a expectativa é de crescimento nas vendas transfronteiriças. Para os brasileiros, o Pix virou mais que um meio de pagamento: tornou-se uma ponte virtual para o consumo em moeda local, sem sair do aplicativo bancário.

 

  • Da Redação
  • Foto: Bruno Peres/ABr.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *