Jornal liga inflação alta da Argentina ao contrabando na Tríplice Fronteira
A instabilidade monetária com altos índices de inflação na Argentina tem alimentado o contrabando na região de Foz do Iguaçu e da Tríplice Fronteira, afirmou nesta segunda-feira (15) o jornal La Clave. Nos últimos meses órgãos de segurança tem realizado séries de apreensões de produtos alimentícios como alho, cebola e carnes, bebidas, produtos de limpeza e até combustível transportados irregularmente sem regulamentação sanitária ou cuidados contra acidentes. Os preços baixos em Puerto Iguazú são o principal chamariz para o descaminho das mercadorias.
Os produtos adquiridos na Argentina chegam pela Ponte Internacional Tancredo Neves até Foz do Iguaçu, ou de balsa até Presidente Franco – Brasil e Paraguai, respectivamente. Na última semana, a apreensão de uma carreta com 25 toneladas de alho de origem argentina em um galpão próximo a Ponte Internacional da Amizade, chamou a atenção da imprensa. Segundo agentes da Polícia Federal, o volume chegou em solo brasileiro sem nenhum documento fiscal, ou seja, não foi declarado de acordo.
Em Puerto Iguazú, os órgãos de segurança têm realizado com certa frequência a apreensão de cidadãos paraguaios conduzindo combustível armazenado irregularmente em veículos, para comercialização em Presidente Franco, Ciudad del Este ou Hernandárias. Nos municípios, segundo o La Clave, não existe bairro que não tenha oferta de combustível argentino em tambores.
“Nem todos os obstáculos impostos, as filas e as horas de espera para entrar em Puerto Iguazú desencorajam os contrabandistas”, afirma a reportagem. Um litro de super gasolina está disponível a G$ 7.500 (aproximadamente R$ 5,39), enquanto nos postos de gasolina do lado paraguaio o produto custa G$ 9.000 (cerca de R$ 6,47).
No final do mês passado, na PRE-585 próximo à Cascavel, policiais rodoviários do Estado apreenderam durante uma operação quase 500 garrafas de vinhos argentinos sem a devida nota fiscal. O volume, que seria levado para revenda em restaurantes ou adegas de São Paulo, foi entregue à Receita Federal.
Penalizações
O não pagamento do imposto é considerado crime no Brasil. Isso se aplica tanto à entrada quanto à saída de bens de consumo. A pena estimada varia entre um a quatro anos de reclusão. Por se tratar de crime federal, a instauração do processo e investigação é de responsabilidade da Polícia Federal. A Argentina vive uma profunda crise econômica, marcada por forte inflação, que amplia a diferença de preços dos mesmos produtos oferecidos nos municípios fronteiriços do Brasil e Paraguai.
- Da Redação / Foto: PF