Primeiro papa dos EUA, Leão XIV assume com apelo à paz e continuidade

Dois dias após o início do conclave e 17 dias após a morte de Francisco, o Vaticano volta a ter um papa: Leão XIV. O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito nesta quinta-feira (8) como o 267º líder da Igreja Católica, tornando-se o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos. A escolha foi anunciada pouco mais de uma hora depois que a tradicional fumaça branca emergiu da chaminé da Capela Sistina.

A eleição foi confirmada na quarta rodada de votações, sendo a terceira realizada no segundo dia do conclave, que reuniu 133 cardeais eleitores. O sinal da escolha levou cerca de 45 mil fiéis à Praça de São Pedro ao êxtase. Minutos depois, Prevost apareceu na sacada da Basílica de São Pedro, sendo apresentado pelo cardeal Dominique Mamberti com o tradicional “habemus papam”. Ele adotou o nome de Leão XIV e abriu seu primeiro discurso com um aceno à paz:

“A paz esteja com todos vocês. Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado. Eu também gostaria que essa saudação de paz entrasse no coração de vocês.”

Em sua fala, Prevost também mencionou o papa Francisco: “Obrigado, papa Francisco”. A citação reforça a ligação entre o novo pontífice e seu antecessor, com quem compartilha visões pastorais e estilo de liderança discreta e conciliatória.

Leão XIV também se dirigiu à América Latina: em espanhol, agradeceu à Diocese do Peru, onde consolidou sua trajetória eclesiástica antes de ser promovido a cardeal por Francisco, em 2023. Foi a primeira vez que um papa usou outro idioma além do italiano em seu discurso inaugural. Prevost também declarou:

“Queremos ser uma igreja sinodal, que avança, que busca sempre a paz, a caridade, sempre estar próxima, principalmente daqueles que sofrem.”

A escolha do nome Leão XIV pode ser interpretada como um gesto de equilíbrio entre tradição e renovação. O último papa com esse nome, Leão XIII, liderou a Igreja entre 1878 e 1903 e ficou conhecido por modernizar a doutrina social católica.

Logo após sua aparição na sacada, Prevost retornou à Capela Sistina para uma cerimônia reservada. Conforme o protocolo, foi saudado pelo cardeal mais antigo da Ordem dos Bispos, que leu um trecho do Evangelho — tradicionalmente “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” ou “Apascenta as minhas ovelhas”. Em seguida, os cardeais juraram obediência ao novo líder, encerrando o rito com o canto do Te Deum.

A rápida conclusão do conclave — em dois dias, mesmo com um número elevado de eleitores — remete às eleições anteriores, de 2005 e 2013, também decididas no segundo dia. A transição papal foi marcada pela expectativa de continuidade das reformas iniciadas por Francisco, cujo pontificado de 12 anos aproximou a Igreja de temas sociais e de fiéis em contextos periféricos.

A morte de Francisco, em 21 de abril, ocorreu após um AVC e insuficiência cardíaca. Apesar de inesperada, veio após semanas de internação por pneumonia, indicando um quadro de saúde frágil. A partir da fumaça branca, encerrou-se oficialmente o período de Sé Vacante, quando a Santa Sé permanece sem um pontífice.

A presença maciça de fiéis e turistas na Praça de São Pedro durante o conclave indicou que, apesar da perda gradual de seguidores — atualmente 1,3 bilhão de católicos no mundo — a Igreja segue mobilizando atenção global. Entre aplausos, orações e celulares voltados à chaminé, o novo ciclo no Vaticano foi iniciado sob expectativa de continuidade, diálogo e presença junto aos que mais sofrem.

 

  • Da redação com Agência Brasil
  • Foto: Reprodução / Vatican News

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