Operação Padrão ‘trava’ mais de 1,5 mil caminhões no Porto Seco e ruas de Foz
Mais de 1,5 mil caminhões estão literalmente “travados” no porto seco e nas ruas e estacionamento de postos de combustíveis de Foz do Iguaçu. Isso porque os auditores fiscais da Receita Federal deflagraram uma nova “operação padrão”, que consiste em aumentar a fiscalização sobres as cargas que passam pelo porto seco mais movimentado da América Latina.
O movimento dos auditores fiscais de Foz do Iguaçu abrange as inspetorias da RF em Santa Helena e Guaíra (PR), Mundo Novo e Ponta Porã (MS) e Dionísio Cerqueira (SC). A categoria cobra reajuste salarial, o último aumento foi concedido em 2016 e também que o governo transforme em lei o bônus eficiência que recebem, mas que foi aprovado por medida provisória e que, segundo eles, poderá ser eliminado a qualquer momento.
A Operação Padrão consiste no aumento de veículos fiscalizados. Normalmente, 99,5% das cargas são liberadas sem verificação, durante a operação esse percentual cai para 95%, ou seja, há mais cargas a serem fiscalizadas, quer seja documentalmente ou fisicamente. De acordo com dados da RF, aproximadamente 700 caminhões em média passam todos os dias pelo Porto Seco de Foz do Iguaçu.
Segundo estimativas do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal, 1.053 caminhões permanecem estacionados no pátio do porto seco, a fila virtual para exportação soma mais outros 400 caminhões e as cargas importadas que não atravessaram as pontes de ligação com Paraguai e Argentina, provocando filas em Ciudad del Este próximo a Ponte da Amizade e em Puerto Iguazú, na Ponte Tancredo Neves.
“Os caminhoneiros aguardam nos países de origem até o chamado da Receita”, explicou o presidente do sindicato, Silvio José Henkemeir. Os auditores têm salário bruto médio de R$ 29.000 e alegam que estão sem reajuste a oito anos, quando os salários foram majorados em 9% e estão recebendo precariamente somente um bônus por eficiência, que foi editado por Medida Provisória e que se o governo não mandar para o congresso um projeto de lei não será efetivado.
“O governo está intransigente, não fala em negociação, mas não vamos desistir”, explicou o presidente do sindicato. Segundo ele, se não houver acordo, o movimento segue, mas deverá mudar de estratégia “Pode ser que adotemos operação tartaruga ou outro meio de manifestação”, finalizou Silvio Henkemeir.
A operação padrão prejudica tanto empresas quanto caminhoneiros que têm de ficar muito mais tempo aguardando a liberação das cargas. Na imprensa paraguaia, o portal da rádio La Clave descreve as filas de esperas às margens das rodovias como um cenário “sombrio”. Segundo a reportagem, “os motoristas cansados, motores mortos e um ar de incerteza”.
À Rádio Cultura, o motorista Cleiton Henrique contou transportava espuma para o Paraguai, entrou na fila às 16h da segunda-feira (17) e não tinha previsão de liberação. “Atrapalha demais nossa vida, aumenta os custos e atrasa as entregas. Se a empresa soubesse com antecedência da operação, segurava a carga”, desabafou.
- Da Redação
- Foto: Governo Federal