Epidemia de dengue lota Hospital Municipal e obriga transferência de pacientes e abertura de novos leitos
A epidemia de dengue vivida por Foz do Iguaçu está causando um colapso no sistema de saúde de Foz do Iguaçu, que já registra superlotação nas Unidades Básicas de Saúde (UPAs) e no Hospital Municipal. Novos leitos chegaram a ser abertos nos últimos dias na tentativa de comportar a demanda, mas infelizmente não foram suficientes. Com isso, alguns pacientes precisaram ser transferidos para outras cidades para que pudessem receber atendimento adequado.
Mesmo com as transferências, cerca de 70 pessoas se encontram internadas nas UPAs, com sintomas moderados e graves de dengue, aguardando vagas em unidades hospitalares da cidade. Para se ter uma ideia do problema, somente nos primeiros três meses deste ano mais de 8.800 pacientes foram atendidos nas UPAs de Foz com sintomas da doença. No mesmo período de 2022 esse número foi de 650 pacientes.
As notificações da doença já ultrapassam 21,3 mil no município, das quais 1.483 foram confirmadas. Até o momento foram registradas quatro mortes no período epidemiológico, iniciado em agosto de 2022. Como o número não para crescer, a espera por atendimento chega a ultrapassar três horas e muitas pessoas acabam desistindo e voltando para a casa mesmo sem medicação.
Visando melhorar o atendimento da população neste momento de crise, o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, anunciou nessa terça-feira (28) a formação de uma parceria com o Hospital Particular Cataratas na fronteira para a abertura de 30 leitos voltados ao atendimento de pessoas com dengue.
O Governo também fará a antecipação do pagamento do Programa Estadual de Fortalecimento da Vigilância de Saúde (Provigia). O recurso é destinado para reforçar as ações de combate às arboviroses dengue, zika e chikungunya. Ao todo, serão repassados mais de R$ 9 milhões para todos os municípios do Estado.
De acordo com o diretor da Fundação Municipal de Saúde de Foz, Andre Di Buriasco, também foram convocados 38 profissionais de enfermagem para reforçar o atendimento nas UPAs, que são responsáveis por assistir pacientes com dengue tipo C. Além disso, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ficarão responsáveis pelo acompanhamento de pacientes classificados com dengue tipo B, casos mais graves, que demandam acompanhamento diário com exames e hidratação, mas não necessitam internamento.
“As UPAs farão esse acompanhamento no período noturno e nos finais de semana, mas durante a semana, os pacientes poderão procurar a unidade mais próxima de sua residência, o que vai facilitar para muitas pessoas em questão de deslocamento. As equipes já estão preparadas para prestar essa assistência”, explicou a secretária municipal de Saúde, Rose Meri da Rosa.
Por hora, as cirurgias eletivas de grande porte ficarão suspensas no Hospital Municipal até o dia 7 de abril. Somente casos mais simples, que não precisam de leitos, poderão ser encaminhados e realizados. Esta data pode ainda ser estendida, já que além da dengue Foz vive a ameaça de proliferação da Chikungunya, que já assombra a vizinha Ciudaddel Este (PY), além dos efeitos da Covid-19.
Ações nas ruas
Foz do Iguaçu atualmente vive uma das piores epidemias de dengue da sua história, semelhante à crise sanitária provocada pela doença entre 2019 e 2020. Uma série de ações vem sendo realizadas pelas equipes de saúde da cidade para conter o avanço da doença e a proliferação do mosquito Aedes aegypti, mas estas parecem não ser suficientes.
Além das vistorias nas residências, a prefeitura municipal realizou nos últimos dias vários mutirões de limpeza em terrenos e vias públicas, recolhendo entulhos. Prédios fechados também foram alvo dos agentes, que encontraram muita sujeira em alguns locais.
Em apenas uma vistoria, realizada na manhã de segunda-feira (27) por equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e fiscais da Secretaria da Fazenda, uma série de irregularidades foram encontradas, como mato alto, entulhos, muita sujeira e água parada com centenas de larvas do mosquito da dengue. A situação foi verificada em um hotel desativado na região central da cidade. O proprietário do imóvel será autuado com penalidade máxima de 100 unidades fiscais, o equivalente a R$ 10.772,00.
Alerta de infecção
Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta, acima de 38°C, de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias; acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele. Também podem acontecer erupções e coceira na pele.
Ao notar estes sintomas a pessoa deve procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para realizar o exame de confirmação da doença e iniciar o tratamento. Em casos leves, repouso, hidratação e medicamentos para a dor e febre são suficientes. Porém em casos graves há necessidade de hospitalização.
- Da redação / Foto: Christian Rizzi/PMFI