Baixo nível do Rio Paraná restringe navegação e causa desabastecimento em cidades da fronteira

Após um período de cheia no final de 2023, o volume do Rio Paraná vem sofrendo uma grande redução nas últimas semanas, na região da Tríplice Fronteira. Na manhã de terça-feira (9), conforme o boletim da Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos da Itaipu Binacional, o nível do rio era de 93,7 metros na região da Ponte da Amizade. O normal é que o nível esteja em 100 metros acima do mar.

Em Foz do Iguaçu ainda não foram registrados grandes impactos por conta da estiagem. Porém, nas cidades vizinhas a situação é diferente. Em Ciudad del Este e Presidente Franco, por exemplo, a navegação de embarcações de médio e grande porte estão restritas desde segunda-feira (8).

Em alguns pontos, pescadores profissionais estão com dificuldades até para entrar na água. As rampas não chegam mais até o rio e quem navega pelo leito do Paraná precisa ter muito cuidado para evitar acidentes.

Dentre as ações, houve interrupção nas operações da balsa que realiza a travessia de Presidente Franco para Puerto Iguazú, na Argentina. O serviço, que é usado por cerca de 80 veículos diariamente, limitou o translado de moradores e turistas.

De acordo com o presidente da empresa responsável pelo serviço de transporte fluvial, Nino Urunaga, no momento há muitas pedras expostas na região do porto onde a balsa atraca, o que oferece risco de acidentes para os condutores e passageiros, por isso o transporte deve ficar parado pelos próximos dias.

Ainda não há previsão de data para a retomada do serviço, mas a expectativa para os próximos dias é de aumento de pelo menos dois metros no nível do Rio Paraná. A elevação na tríplice fronteira depende, em grande parte, do fluxo de água liberado pela barragem de Itaipu e do volume do Rio Iguaçu, que esteve baixo no início da semana, mas começou a recuperar o nível no final da manhã dessa terça-feira.

Além das restrições de navegação, o baixo nível das águas está causando um desabastecimento em Puerto Iguazú. Em comunicado, o Instituto Misionero de Água e Saneamento (IMAS), órgão responsável pela distribuição de água tratada no lado argentino da fronteira, alertou sobre possível interrupção do fornecimento nos bairros e pediu à população para que economize até a normalização dos sistemas.

 

Parâmetros históricos

Uma das últimas grandes secas registradas no Rio Paraná ocorreu entre 2021 e 2022, quando o nível do rio desceu quase 11 metros na região da fronteira. A estiagem foi uma das piores em 70 anos, acionando alerta de emergência hídrica. Pescadores tiveram de interromper as atividades, assim como os serviços de navegação. Diversas cidades do Paraguai e Argentina enfrentaram desabastecimento.

Em contrapartida, no final de 2023, devido ao grande volume de chuvas em todo o Paraná, o nível dos rios em Foz do Iguaçu e região subiu consideravelmente, causando alagamentos em vários locais.

No final de outubro, a vazão nas Cataratas do Iguaçu ultrapassou os 24 milhões de litros de água por segundo, volume 16 vezes maior do que o normal, que é de 1,5 milhão de litros.

Em Puerto Iguazú, na Argentina, o Parque Nacional do Iguaçu chegou a ser para visitação devida a forte correnteza. Famílias ribeirinhas ao Rio Paraná precisaram deixar as residências devido ao volume de água, que causou inundações. Em Foz, não foi necessário a remoção de famílias, mas o alto nível dos rios causou esvaziamento no porto de areia e nas primeiras construções do Cataratas Iate Clube.

  • Da redação / Foto: Abc Color

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