Agente penal federal que matou GM em Foz tem negado pedido de liberdade

O juiz de Direito Substituto do Tribunal do Júri de Foz do Iguaçu, Hugo Michelini Júnior, negou pedido de liberdade provisória para o agente penal federal Jorge Guaranho, que está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Militante bolsonarista, Guaranho matou a tiros em julho de 2022 o tesoureiro do PT e Guarda Municipal Marcelo Arruda, no local onde ele comemorava os 50 anos de idade com familiares e amigos, em uma festa com a temática alusiva ao presidente Lula e o seu partido.

Guaranho está preso preventivamente há 1 ano e 2 meses, no entanto, o magistrado decidiu que persistem os pressupostos autorizadores da prisão preventiva, quais sejam a prova da existência do crime e indícios suficientes de sua autoria. “Revogar a prisão preventiva e conceder o benefício da liberdade ao acusado, neste momento, não se mostra adequado, uma vez que os motivos que ensejaram a custódia cautelar permanecem os mesmos, não havendo alteração no quadro fático em questão”, escreveu o juiz em seu despacho.

O julgamento militante bolsonarista pelo assinado de Marcelo Arruda está marcado para o dia 7 de dezembro de 2023, informou o advogado Daniel Godoy Júnior, que representa a família da vítima. O júri será composto por 12 jurados populares, que serão selecionados entre os eleitores da comarca. O julgamento, pelo Tribunal do Júri da Comarca de Foz do Iguaçu, será presidido por um juiz de direito.

O caso Marcelo Arruda é classificado como homicídio qualificado. “Nesse sentido, em atenção ao artigo 316, parágrafo único do Código de Processo Penal, verifico que ainda persistem os pressupostos fáticos que ensejaram a segregação cautelar. Logo, MANTENHO a prisão preventiva do acusado JORGE JOSÉ DA ROCHA GUARANHO, pelos fundamentos acima expostos”, decidiu o juiz Hugo Michelini Júnior.

 

Contexto

Se for condenado a pena máxima, Jorge Guaranho pode pegar até 30 anos de cadeia. O crime foi praticado no local em que Marcelo Arruda comemorava os 50 anos, no quiosque de uma associação na região da Vila A, em Foz do Iguaçu. O motivo, segundo apontaram as investigações, teria sido o tema da festa, em homenagem ao presidente Lula da Silva e o PT. De acordo com o assistente de acusação, o advogado Paulo Henrique, o julgamento do caso foi definido pelo juiz Jugo Michelini Júnior.

O magistrado determinou que o sorteio dos jurados seja feito no dia 20 de novembro, de forma virtual. O crime, ocorrido no dia 9 de julho do ano passado, teve motivação política, segundo Ministério Público (MPPR), que ofereceu a denúncia contra o acusado. Os advogados que representam a família de Marcelo Arruda e atuam como assistentes de acusação, afirmaram buscar a integral reparação do “mal causado” pelo atirador.

“Que casos como este não mais se repitam, com a realização da mais pedagógica Justiça. A família aguarda uma atuação serena, técnica e equilibrada do Ministério Público, de comportamento irrepreensível”, afirmam no manifesto. Marcelo Arruda foi vítima do ódio político que marcou a última campanha para presidente do Brasil. O autor do crime invadiu a propriedade privada que estava locada para o evento porque não gostou do tema.

 

Pelo celular

O atirador ficou sabendo da festa ao ver as imagens no celular de um conhecido durante confraternização próxima ao local do crime. Num primeiro momento, ele foi até o local acompanhado da esposa e do filho de dois meses na época, com a intenção de “provocar” o aniversariante com músicas ressaltando seu ídolo, o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que se preparava para tentar a reeleição.

Após uma discussão onde os presentes pediram para ele ir embora, Guaranho saiu do local prometendo retornar e “matar todos”, fato que ocorreu 15 minutos após. O atirador retornou e praticou o crime até ser contido por participantes da festa. Marcelo Arruda deixou quatro filhos. Na época do crime, um deles tinha pouco mais de 40 dias.

  • Da Redação

 

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