Hotel de Foz do Iguaçu lança roteiro inédito de visitação a obra de arte 

Acervo do Sanma Hotel possui obras de artistas brasileiros e estrangeiros adquiridas ao longo de décadas; os mais variados estilos enaltecem a cultura brasileira e a história de Foz do Iguaçu

 O piso de ardósia emoldurado por colunas e vigas de madeira conduz o visitante para um passeio repleto de curiosidades, aprendizado e contemplação pelo hotel em estilo colonial. As visitas serão agendadas a partir do dia 7 de novembro, às quartas e sextas-feiras, às 16h.

Quem fez a catalogação das obras e criou o projeto educativo da exposição “Sanma Hotel – 50 anos – Colecionando Memórias” foi a professora de artes visuais, Maria Eduarda Pontes e Pontes. Ela percorreu os depósitos, quartos, corredores, restaurantes e bares do hotel redescobrindo as preciosidades e dando luz à história de cada artista. “Temos nove artistas representados aqui e os mais variados estilos de produção”, explica Maria Eduarda.

Há pinturas, tapeçaria, xilogravuras, litografias, desenhos em nanquim… Além disso, dois bustos homenageiam figuras representativas para a história do hotel criado com o nome de San Martin, na década de 70. San Martin foi um general com importante papel na independência da Argentina.

Santo Salvatti

O outro busto retrata Santo Salvatti, diretor do hotel por décadas e um dos pioneiros da hotelaria iguaçuense. Santo começou a trabalhar em um hotel, no Rio Grande do Sul, exercendo diversas funções quando tinha apenas 17 anos. De mudança para Foz do Iguaçu, no Paraná, atuou no ramo de madeireira e, anos depois, coordenou e participou da sociedade de um dos empreendimentos mais representativos para a fronteira: Hotel Salvatti. No ano de 1979 formou uma nova sociedade e adquiriu o Hotel San Martin. Em 2020, conduziu a reconfiguração na direção e no novo conceito do atual Sanma, meses antes de falecer em decorrência da COVID-19.

A iniciativa de um passeio guiado que enalteça o acervo do Sanma Hotel e compartilhe esse legado com os interessados é uma forma de homenagear Santo Salvatti. Durante anos ele adquiriu as obras que fazem parte da decoração do empreendimento hoteleiro. “Meu pai chegou a comprar coleções inteiras”, conta a filha, Isabel Salvatti. Santo completaria 81 anos neste 1º de novembro de 2022. Além disso, o roteiro baseado em obras de arte é um produto educativo e turístico ainda inédito em Foz do Iguaçu. “Criamos algo para surpreender as pessoas que gostam de arte e de apreciação”, enaltece Isabel.

Os artistas

Entre os nove artistas com obras no Acervo Sanma, há brasileiros e estrangeiros. Destaque para o paranaense Fernando Calderari (litografia), para o paulista Antonio Augusto Antunes Neto (litografia), para o cearense Aldemir Martins (xilogravura, litografia, acrílica sobre tela e serigrafia), além do chileno Kennedy Bahia (tapeçaria de lã e serigrafia) de quem o Sanma Hotel possui o maior acervo conhecido no Brasil, com mais de 55 exemplares de serigrafias.

A artista argentina María Cecília Wagner deu especial atenção à mitologia dos povos originários da tríplice fronteira nas pinturas que enobrecem alguns dos espaços do hotel. Estão retratadas a Lenda das Cataratas e a Garganta do Diabo, além de outras representações da cultura dos indígenas que habitavam a região e com quem a artista teve contato durante a vida.

As obras abordam, de diversas maneiras, lendas, história de países latinos, aspectos da cultura brasileira, com manifestações de cores, traços e desenhos singulares. Para a responsável pelo projeto educativo do acervo, Santo Salvatti foi um homem à frente de seu tempo. “Ele adquiriu tiragens quase completas de Aldemir Martins; entre elas, as provas de artista que são as imagens originais da obra final para a confecção de uma tiragem de gravura, ou seja, são únicas!”, destaca Maria Eduarda. Santo Salvatti também previu a retomada da obra de Kennedy Bahia no Brasil e exterior.

Relíquia

Nos jardins externos, o Sanma Hotel guarda ainda outra raridade que tem relação com os primeiros encontros dos integrantes da Itaipu Binacional, ainda em formação, e dos presidentes das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás/Brasil) e da Administración Nacional de Electricidad (Ande/Paraguai) em abril de 1974. As informações estão gravadas em uma placa de metal instalada numa enorme pedra de três metros de altura. “Este acervo é um verdadeiro patrimônio para a cidade de Foz do Iguaçu”, aponta a professora de artes visuais que receberá os visitantes.

 Assessoria / foto Izabelle Ferrari

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