Foz recebe documentário gratuito sobre direito da mulher ao próprio corpo
A falta de autonomia das mulheres sobre seu próprio corpo durante a gestação e a dificuldade de fazer valer suas escolhas para o parto é o tema do documentário “Proibido Nascer no Paraíso”, que será exibido de maneira gratuita em Foz do Iguaçu. O filme acompanha as angústias e os desafios de três grávidas que moram em um dos principais pontos turísticos brasileiros, a ilha de Fernando de Noronha/PE. Elas são forçadas a se afastar de casa, do trabalho e da família 12 semanas antes do parto. Isso porque desde 2004 o governo local decidiu fechar o serviço de maternidade do único hospital local, que atende apenas pelo SUS. Todas as grávidas são encaminhadas a Recife, nem mesmo as nativas podem ficar. O documentário será exibido em duas sessões gratuitas, abertas ao público e seguidas de um debate com a diretora. A primeira acontece nesta sexta-feira (25), às seis horas da tarde, na Unila – Jardim Universitário. A segunda, marcada para o dia 27, acontece no Teatro Barracão.
“Quem é que faz as regras?” – pergunta uma das três gestantes que empresta sua história ao filme. Dona de uma pequena tapiocaria, Babalu é nativa e filha de nativos de Fernando de Noronha/PE, um dos destinos turísticos mais cobiçados no Brasil. Mesmo sem maternidade na ilha, ela estava decidida a enfrentar a tudo e a todos para dar à filha o mesmo berço de suas antepassadas. A partir da realidade de Babalu e de outras duas gestantes, Harlene e Ione, o filme propõe um debate sobre o direito da mulher sobre o próprio corpo e sobre a violência obstétrica.
“Depois de pesquisar a situação durante alguns anos, entendi a complexidade de montar um serviço de referência, uma maternidade na ilha. Mas nunca vou entender a opção do Estado de decidir pelas mulheres sobre algo que deveria levar em conta os desejos delas. Por que não fornecer informação e o melhor atendimento possível para aquelas que decidirem ficar? Fico me perguntando se a obsessão por forçá-las a sair não levou o hospital local a fechar o centro cirúrgico que atendia também outros tipos de emergência, tamanho o medo que se tem das mulheres desrespeitarem essa regra esdrúxula de as obrigar a se afastar de casa por longos meses para ter seus filhos”, afirma a diretora e idealizadora do filme, Joana Nin.
O documentário ficou pronto quando as salas de cinema estavam fechadas, em restrição à Covid-19. Depois de atravessar a pandemia surfando na onda do mundo virtual, o filme chega às telas por meio de uma campanha de impacto social. Nesta proposta inovadora de distribuição, o cinema é utilizado como ferramenta de transformação social a partir de um planejamento de comunicação estratégica.
“A ideia dessa campanha é mobilizar uma rede de ativistas, de ONGs e pessoas ligadas à causa para que eles atraiam seus seguidores. E o que você dá em troca? Coloca o filme à disposição delas e oferece sessões fechadas com debate”, explica a cineasta. Em troca das exibições, os espectadores oferecem apoio para divulgar a obra principalmente por meio das redes sociais. O objetivo é que o documentário chegue ao maior público possível e fomente o debate sobre a causa.
As datas e locais de exibição podem ser acompanhados no Instagram do filme @proibidonascernoparaiso e também nos links divulgados em:
Serviço:
Filme: Proibido Nascer no Paraíso
Data: 25/11 – 18h
Local: Unila – Jardim Universitário – Av. Tarquínio Joslin dos Santos, número 1000. Sala C 210
Data: 27 de outubro, 18h30
Local: Teatro Barracão – Av. República Argentina, número 4073
Duração do filme: 78 minutos
(documentário)