Crianças de escolas públicas visitam obras de arte em hotel da cidade

Assim que as portas automáticas do luxuoso hotel se abrem, o burburinho de vozes infantis confirma: hóspedes nada convencionais acabam de chegar. Eles ficarão poucas horas e estão mais interessados na decoração do hotel, do que na hospedagem de fato. “Olá, sejam bem-vindos ao Sanma Hotel! Vocês já estiveram aqui antes?”. A moça que os recepciona usa um chapéu preto bastante estiloso.

Maria Eduarda Pontes e Pontes é professora de artes visuais e responsável pelo Acervo, a maior coleção de arte aberta ao público em Foz do Iguaçu. Em conjunto com a equipe do hotel, ela desenvolveu o projeto educativo que recebe estudantes para conhecer as obras e participar de atividades artísticas. Tudo de graça.

Alguns passos adiante e a turma do 4º ano da Escola Municipal Augusto Werner (Vila Carimã) avança por um dos corredores do hotel repleto de quadros imensamente coloridos. “Quem produziu essas gravuras foi um artista chileno chamado Kennedy Bahia, que viveu no Brasil e registrou nossa fauna, flora e nossas baianas com muita alegria e entusiasmo,” explica Maria Eduarda.

O interesse leva as crianças para perto dos quadros. A natural capacidade de se importar com os detalhes as faz enxergar coisas inesperadas. “Olha um periquito aqui no meio”, um dos meninos contou à colega. Dali, as crianças seguem para o espaço preparado para ser um ateliê de artistas ainda principiantes, mas que têm criatividade surpreendente. Eles se sentam em volta de mesinhas e se deparam com inúmeras folhas de papel colorido.

O desafio é compor uma releitura com recortes e colagens, inspirados nas serigrafias que viram anteriormente. Os fundamentos incluem o desenvolvimento da criatividade e da linguagem visual, a valorização da autoestima e o aprimoramento da coordenação motora.

“Por causa da internet, as gerações mais recentes tiveram a coordenação motora fina muito comprometida, principalmente o movimento de ´pinça´, então, aqui eles são forçados a produzir com as próprias mãos, estimulando a coordenação ‘cérebro-mão’”, ressalta a educadora Maria Eduarda.

Foi isso que despertou o interesse de Rafaela Costa Braga Ducato, responsável pelo setor de projetos e eventos da Secretaria Municipal de Educação de Foz do Iguaçu (SMED). Ela considera o projeto inovador, enriquecedor e muito adequado à grade curricular de artes visuais aplicada a essa idade.

“Normalmente, é tudo em sala. Ou eles assistem a vídeos ou olham figuras nos livros. Por isso, a possibilidade de que eles vejam concretamente obras de arte chamou muito nossa atenção!”, destaca.

Ao redor da mesa cheia de folhas coloridas, tesouras e cola, as crianças começam a compor desenhos e figuras com liberdade para criar. “Me alcança a folha verde, por favor!”, “Como eu faço uma palmeira?”, “Eu quero uma borboleta!”. E cada uma se sente um pouco artista. “A gente se inspira”, fala a pequena Emily Souza, de 10 anos. O colega dela, Bruno Dalariva, de 9 anos, completa: “É mais realista fazer assim”. A professora Marta Patrícia está encantada com a oportunidade. “É muito difícil imaginar que essas crianças, nessa faixa etária, teriam esse tipo de acesso a obras de arte,” e segue, “eles vão contar para os pais, para os vizinhos e vão lembrar dessa experiência a vida toda!”.

  • Assessoria / Foto Assessoria

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