Ciclo Sonoro se consolida como motor cultural na região trinacional
O projeto de extensão Ciclo Sonoro, vinculado ao Curso de Música da UNILA, consolidou-se ao longo da última década como um dos principais espaços de difusão, intercâmbio e formação cultural da região trinacional. Criado em 2014, o projeto acumula cerca de 100 eventos realizados, incluindo recitais, concertos, oficinas, masterclasses, palestras, lives e apoio a festivais e encontros musicais.
Com uma proposta de programação gratuita e de qualidade, o Ciclo Sonoro tem sido fundamental para aproximar a comunidade da música latino-americana e internacional, criando laços entre artistas locais, estudantes da universidade e músicos convidados de diversas partes do mundo.
Integração e interculturalidade
Ao longo de sua trajetória, o Ciclo Sonoro recebeu artistas da Argentina, Bolívia, Paraguai, Equador, México, Chile, Venezuela, Uruguai, Estados Unidos e até mesmo do Zimbábue, além de músicos de diferentes estados brasileiros. Entre os convidados de destaque estão o pianista argentino Leo Genovese; o violonista Pedro Aguiar (radicado na Alemanha); o músico colombiano Diego Bahamón (intérprete do tiple, instrumento típico colombiano); a Watershed College Marimba Band (Zimbábue); o Duo Che Valle (Paraguai); o bandoneonista Martín Sued (Argentina); e os brasileiros André Mehmari e Charles Gavin (ex-baterista dos Titãs).
A professora e coordenadora do projeto, Maria Beatriz Cyrino, destaca a importância dessa integração cultural. “O projeto de extensão Ciclo Sonoro visa preencher uma lacuna que temos na nossa cidade e região: promover concertos de qualidade musical, difundir as práticas musicais, os repertórios latino-americanos e contribuir para a formação de público. Nestes últimos anos, o fato de realizarmos concertos num mesmo dia e horário (aos domingos pela manhã) promoveu esta fidelização do público e observamos ótimos resultados, com quase todos os concertos com sala cheia”, ressalta.
Espaço de formação
A consolidação do projeto também se deve ao seu papel como laboratório de formação profissional para estudantes da UNILA. Os alunos participam da curadoria, da produção técnica e audiovisual e das performances artísticas, desenvolvendo habilidades que vão além da sala de aula.
Mas, como todo projeto artístico e cultural, o Ciclo Sonoro também enfrenta alguns desafios. Entre estas dificuldades está principalmente a falta de apoio financeiro para os artistas que participam do projeto, ressaltam os coordenadores do projeto. “Este projeto só existe pela força que nosso corpo docente aplica nestas iniciativas, trazendo músicos, pesquisadores e artistas que estão dispostos a compartilhar seus trabalhos com a comunidade”, complementa a professora Bia Cyrino.
O professor Alexandre Aguiar Lopes, idealizador do projeto, compartilha a satisfação pelo impacto que o Ciclo Sonoro alcançou. “Tenho muito orgulho de ter criado o projeto do Ciclo Sonoro e ver que ele segue forte mesmo após 10 anos de existência ininterrupta. Isso só foi possível graças ao esforço de todo o corpo docente que sempre se mobilizou em prol do curso e da região. Também parabenizo a participação ativa dos excelentes bolsistas que tivemos e do nosso servidor técnico Danilo Bogo, que sempre nos apoiou com a parte técnica do projeto (sonorização, iluminação e filmagem). O fato do projeto ser duradouro e bem-sucedido nos mostra que o esforço coletivo é a melhor maneira de superarmos as dificuldades que enfrentamos, como a falta de uma sala de concertos adequada e de um teatro municipal na cidade”, pontua.
Parcerias e novos formatos
A maior parte dos eventos acontece em parceria com a Fundação Cultural de Foz do Iguaçu. O projeto também já realizou atividades em espaços da UNILA, no SESC e em cidades paraguaias, como a vizinha Ciudad del Este e a capital, Asunción.
Nos últimos anos, o Ciclo Sonoro expandiu sua presença digital, produzindo vídeos em formato de reels, programas de concerto digitais com QR code e matérias audiovisuais. Essas iniciativas ajudaram a ampliar o público e a engajar a comunidade, que costuma lotar as salas dos eventos – com média de 60 pessoas por apresentação.
Para o futuro, o projeto segue com o objetivo de fortalecer e ampliar as parcerias, garantindo que a programação cultural continue sendo gratuita, acessível e de qualidade. O Ciclo Sonoro se reafirma como um motor cultural na região trinacional, conectando públicos, músicos e culturas por meio da música e da arte.
- AI UNILA