Câncer colorretal exige vigilância e prevenção: especialistas de Foz reforçam alerta nacional

Com cerca de 45 mil novos casos anuais previstos entre 2023 e 2025, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de cólon e reto ocupa o terceiro lugar em frequência entre os brasileiros e o segundo em número de mortes. Apesar disso, é também um dos mais preveníveis e tratáveis quando diagnosticado precocemente.

Na maioria dos casos, esse tipo de câncer se origina a partir de pólipos benignos que crescem silenciosamente na mucosa intestinal e que, ao longo dos anos, podem se transformar em adenocarcinomas. Essa característica silenciosa, como no caso de Preta Gil, dificulta a detecção em fases iniciais, quando as chances de cura podem ultrapassar 90%.

Especialistas e diagnóstico das doenças do aparelho digestivo reforçam a urgência de uma abordagem preventiva. O cirurgião digestivo Luiz Carlos Bremm, e Dr. Walid Omairi , especialistas com vasta experiência em investigação, prevenção e cirurgias de câncer colorretal, destacam que a doença pode se desenvolver durante anos sem qualquer sintoma evidente.

Atualmente, as diretrizes internacionais indicam que pessoas sem fatores de risco devem iniciar o rastreamento aos 45 anos, por meio da colonoscopia. Entretanto, para quem possui histórico familiar da doença ou sofre de doenças inflamatórias intestinais, como a retocolite ulcerativa ou a doença de Crohn, a recomendação é antecipar o rastreamento para os 35 anos ou até antes, conforme avaliação médica.

Esse alerta se faz ainda mais necessário diante da tendência crescente de diagnósticos em pacientes jovens, como observa a gastroenterologista e endoscopista Andressa Tomé Rezende de Faria. Ela reforça que o perfil etário da doença vem mudando e que sintomas como alterações persistentes no ritmo intestinal, presença de sangue nas fezes, dor abdominal recorrente, perda de peso sem explicação e quadros de anemia devem ser sempre investigados, mesmo em pessoas abaixo da idade de risco tradicional.

A prevenção também está intimamente ligada ao estilo de vida. Estudos científicos mostram que hábitos alimentares inadequados, sobretudo dietas ricas em carnes vermelhas e processadas, associadas ao sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e obesidade estão entre os principais fatores de risco. Para o médico Tarik Omairi, endoscopista, a redução desses fatores pode diminuir a incidência da doença. “A adoção de uma alimentação rica em fibras, o controle do peso e a prática regular de atividades físicas são atitudes simples que podem reduzir o risco de câncer colorretal. A colonoscopia é fundamental não apenas para a detecção, mas de intervenção precoce. “Durante a colonoscopia, conseguimos identificar e remover pólipos antes que se transformem em tumores malignos, o que é decisivo para o desfecho clínico do paciente”, concluem os especialistas.

Embora a medicina tenha avançado no tratamento de tumores gastrointestinais com terapias-alvo, cirurgias minimamente invasivas e quimioterapias de nova geração, os especialistas reforçam que a principal arma contra o câncer de intestino ainda é a informação. A colonoscopia continua sendo um padrão importantíssimo para o rastreamento, mas testes complementares, como a pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF), os testes imunológicos (FIT) e marcadores tumorais como o CEA (antígeno carcinoembrionário) também têm relevância nos protocolos de triagem.

Além disso, políticas públicas voltadas à ampliação do acesso aos exames diagnósticos e à atenção primária são fundamentais. Dados do Ministério da Saúde revelam que apenas cerca de um quarto da população com idade indicada realiza a colonoscopia periodicamente, o que contribui para o alto índice de detecção tardia.

Neste momento em que o país se vê sensibilizado pela perda de uma figura pública querida, especialistas defendem que o tema não pode ser negligenciado. Preta Gil deixa, além de um legado artístico e afetivo, uma oportunidade de conscientização coletiva. Falar sobre câncer de intestino, vencendo os tabus que ainda cercam o tema, é urgente e, pode salvar milhares de vidas.

 

  • Imagem: EnvatoDas

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