Tratores se juntam a manifesto bolsonarista em frente ao batalhão do Exército em Foz
Sem sinal de desistência, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro seguem com as manifestações em Foz do Iguaçu. Na tarde de quarta-feira (9), dezenas de tratores se juntaram ao protesto, que está concentrado em frente ao 34° Batalhão de Infantaria Mecanizado, na área central da cidade.
Os veículos agrícolas, sendo a maioria novos e de alto valor, estavam parados no início da manhã de ontem na região do bairro Três Lagoas. No começo da tarde eles foram mobilizados em uma grande carreata, seguida por intenso buzinaço. Com camisetas em tons de verde e amarelo e bandeiras do Brasil, os manifestantes chamaram a atenção.
Os bolsonaristas percorreram diversas ruas e chegaram a realizar uma parada na Avenida Juscelino Kubitschek (JK), nas proximidades do Terminal de Transportes Urbanos (TTU). Na sequência os grupos seguiram para a Avenida República Argentina, no trecho onde se inicia a Avenida Brasil. Lá os tratores permanecem estacionados em suporte aos demais veículos e populares.
Toda a movimentação foi acompanhada por equipes da Polícia Militar, Guarda Municipal, Polícia Federal, além de agentes do Instituto de Transportes e Trânsito (Foztrans). Não houve registro de confusões ou entrave no trânsito normal de veículos na cidade.
Desde o Dia de Finados (2 de novembro) até a última segunda-feira (7), havia um bloqueio total no trecho da Avenida República Argentina, entre o início da Avenida Brasil e Avenida Jk. Depois de várias negociações, com a polícia e Foztrans, os manifestantes liberaram uma parte da via, permitindo a passagem de carros pequenos e ônibus do transporte coletivo.
O protesto, apesar de pacífico até o momento, é considerado um ato antidemocrático, já que os bolsonaristas não aceitam o resultado das eleições, que deram vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ocupar o cargo de presidente da República a partir de janeiro de 2023.
Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), divulgada na terça-feira (8), aponta que não houve nenhum tipo de fraude no segundo turno de votações, realizado no dia 30 de outubro.
No segundo turno, 54 auditores do tribunal espalhados pelo país compararam os resultados impressos nos boletins de 601 urnas eletrônicas com a votação divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Todos os números bateram.
“Cabe às instituições reconhecer o resultado das urnas e fazer com que o país tenha paz na condução daquele que venceu as eleições. Entendo que a democracia brasileira é sólida o suficiente para resistir até mesmo àqueles que acreditam em arroubos autoritários”, disse o presidente do TCU, ministro Bruno Dantas, em coletiva.
Acampados
Os protestos em Foz e região, bem como em outras cidades do Brasil, vem sendo registrados desde o resultado do segundo turno das eleições. Na fronteira os manifestantes realizaram diversos atos, incluindo carreatas e buzinaços. No momento eles se encontraram acampados em frente ao 34° BIMec, onde montaram tendas, incluindo algumas voltadas a distribuição de água e comida aos apoiadores do movimento.
Manifestando frases como “SOS Forças Armadas” e pedidos de intervenção militar direta, os grupos também entoam o Hino Nacional Brasileiro em intervalos de uma hora. Mesmo tendo concordado em desobstruir uma parte da via onde se encontraram, eles se recusam a deixar o local mesmo depois de várias conversas as autoridades policiais.
Impasses
A Prefeitura Municipal vem buscando formas de “normalizar” a situação em Foz. A administração já enviou ofício à Polícia Militar, solicitando uma atitude da corporação. Em resposta o 14° BPM disse que foram feitas tratativas com as lideranças do movimento, porém sem sucesso. A Prefeitura então noticiou o Ministério Público (MP-PR) e o Ministério Público Federal (MPF) para que sejam adotadas as medidas necessárias a fim de que a PM atenda a determinação do STF. Ações estão em andamento.
Da redação /Foto: Osmildo Leomir Hanel/GDia