Periquitos cara-suja nascidos no Parque das Aves são reintroduzidos na Mata Atlântica, no Ceará

Dois periquitos cara-suja, uma espécie ameaçada de extinção, foram reintroduzidos na Mata Atlântica nordestina, na Serra da Aratanha, região metropolitana de Fortaleza (CE). As aves nasceram no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, como parte de um esforço de conservação conduzido pelo Projeto Cara-Suja, da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis). A reintrodução marca um avanço significativo na preservação da espécie, que enfrenta grandes ameaças devido à perda de habitat e ao tráfico de animais.

As aves foram acompanhadas por uma equipe do Parque das Aves, que esteve presente para supervisionar o processo de adaptação e liberação. “Foi um trabalho longo e desafiador, mas ver essas aves de volta ao seu habitat natural é extremamente gratificante”, disse Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves. Os periquitos estavam em um recinto de adaptação desde janeiro de 2024 e agora vão viver em seu ambiente de ocorrência natural.

Esses periquitos descendem de 12 exemplares resgatados do tráfico de animais no Ceará em 2019 e enviados ao Parque das Aves para tratamento e reprodução. Após um período de cuidados, as primeiras posturas férteis ocorreram em 2023, resultando no nascimento das aves reintroduzidas. O processo contou com monitoramento constante para garantir a saúde e a adaptação dos animais.

O periquito cara-suja é uma ave endêmica da Mata Atlântica nordestina e encontra-se na categoria “Em Perigo” de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). A espécie já foi comum nos estados do Ceará, Alagoas e Pernambuco, mas hoje sobrevive em apenas algumas áreas restritas no Ceará e na Bahia.

A conservação do cara-suja tem sido uma prioridade nos últimos anos, com ações lideradas pela Aquasis, como o uso de caixas-ninho e campanhas de conscientização entre os moradores locais. Tais iniciativas têm sido eficazes, e a população da espécie tem mostrado sinais de recuperação. Em 2022, o censo realizado pela Aquasis contabilizou 863 indivíduos, uma melhora significativa em relação à população registrada antes de 2010, que era de menos de 100 aves.

O Parque das Aves, que completou 30 anos em 2024, tem desempenhado um papel essencial na preservação de espécies ameaçadas. Localizado em Foz do Iguaçu, o Parque é o segundo atrativo turístico mais visitado da cidade e atua como um centro de resgate e conservação de aves da Mata Atlântica.

• Da redação com assessoria /Foto: divulgação