Foz recebe 57 brasileiros repatriados do Líbano em 1° voo de resgate da FAB
O primeiro grupo de repatriados do Líbano chegou no domingo (6), em Foz do Iguaçu. No aeroporto Cataratas, 57 pessoas foram recepcionadas com muita euforia por familiares, que viveram momentos de angustia nas últimas semanas devido ao agravamento dos conflitos entre Israel e o contra o grupo armado Hezbollah.
Antes de desembarcarem na fronteira, os repatriados foram acolhidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Base Aérea de Guarulhos, em São Paulo. “O Brasil é um país generoso e não tem contencioso com nenhum país do mundo porque a gente não deseja guerra. A guerra só destrói. O que constrói é a paz”, disse o presidente em um discurso breve.
Este foi o primeiro voo da Operação Raízes do Cedro, coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa, com o objetivo de resgatar brasileiros em fuga da guerra nos países árabes. Nesta ação inicial foram repatriadas 229 pessoas e três animais domésticos, com o auxílio de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
A previsão é de que um novo grupo chegue em território nacional ainda nesta terça-feira (8). O avião fará uma escala em Lisboa, em Portugal, para reabastecimento, e seguirá para a Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, com previsão de pouco por volta das 10h, trazendo 227 pessoas e três animais. Parte desta equipe tomará rumo para Foz na sequência.
Para gerenciar os trâmites, um comitê especial foi formado na fronteira, integrando representantes do Ministério de Desenvolvimento Social, Ministério da Saúde, Prefeitura Municipal e Sociedade Beneficente Islâmica.
De acordo com o diretor de Assuntos Internacionais, Jihad Abu Ali, “a parceria entre os diferentes níveis da administração pública, seja municipal, estadual e federal, é essencial para o sucesso da operação de resgate”.
O processo de repatriação não tem data para encerramento e respeitará uma lista de prioridades, segundo fontes do Itamaraty. Embarcarão primeiro as crianças, idosos, gestantes e pessoas que necessitam tratamentos de saúde mais delicados.
Conforme o Governo Federal, a maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio vive justamente no Líbano: ao todo são 21 mil. Por conta disso, o número de pessoas que desejam ser repatriadas pode aumentar.
Mortes
É a primeira vez que Israel ataca a área do Líbano desde 2006. Os bombardeios já mataram mais de 1.000 pessoas no país e deslocaram cerca de 1 milhão de residentes desde que intensificou a guerra com o Hezbollah.
Entre as vítimas, estão 156 mulheres e 87 crianças. Neste grupo estão o adolescente Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, e do pai dele, Kamal Hussein Abdallah, de 64 anos, repercutiu o mundo. O jovem nasceu e cresceu em Foz, mas há cerca de quatro anos havia se mudado para o Líbano com o pai, que possuía nacionalidade paraguaia.
Os dois foram atingidos por um foguete enquanto trabalhavam em uma pequena fábrica de produtos de limpeza de propriedade da família, na região do Vale do Beqaa, no Líbano. O estabelecimento desabou com a explosão do artefato, deixando outras pessoas feridas.
Comunidade árabe
Foz possuí a segunda maior comunidade árabe do Brasil, com cerca de 20 mil pessoas. A Operação Raízes, conforme informou o Governo Federal, terá caráter continuado com o intuito de repatriar, por semana, cerca de 500 brasileiros e libaneses com famílias no Brasil, que estão atualmente no Líbano.
Estima-se que 20 mil brasileiros morem em território libanês. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) contabiliza que cerca de 3 mil desejam deixar o país, em meio à escalada das operações militares das Forças Armadas de Israel. Deste total, pelo menos 2,2 mil terão Foz como destino nos próximos dias.
- Da redação / Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil