Foz já recebeu mais de 200 repatriados do Líbano; comitê especial acompanha os grupos
Pouco mais de 220 brasileiros repatriados do Líbano já desembarcaram em Foz do Iguaçu, onde devem fixar residência com o apoio de familiares. Eles são sobreviventes da intensa guerra entre Israel e o grupo armado Hezbollah, que já deixou milhares de mortos no Oriente Médio.
Os grupos foram resgatados em seis voos da Força Aérea Brasileira, na Operação Raízes do Cedro que teve início no dia 4 de outubro, sob o comando do Itamaraty e do Ministério da Defesa.
Na fronteira, um comitê especial acompanha os repatriados, oferecendo suporte em diversas questões, que incluem o apoio de psicólogos. A linha de frente foi instituída no último dia 10, por meio do Decreto n.º 33.058, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Relações com a Comunidade.
Também atuam no comitê: Unila, Itaipu, Casa do Migrante, Associação dos Juristas Islâmicos, Centro Cultural Beneficente Islâmico, Sociedade Beneficente Islâmica, Lar Druzo de Foz do Iguaçu, Cáritas e a Casa Civil do Paraná.
Entre a comunidade árabe local, que é a segunda maior do Brasil, há movimentações para o encaminhamento de crianças e adolescentes a escolas locais e criação de ações que auxiliem e facilitem a locação de imóveis para moradia.
Desde o seu início, A Operação Raízes do Cedro já repatriou um total de 1.317 passageiros, sendo 242 crianças, 40 bebês, 138 idosos, 12 gestantes, 101 pessoas com alguma complicação de saúde e 12 pessoas com deficiência, além de 15 animais domésticos.
Pelo acordo entre o Itamaraty e o governo libanês, são prioridade das listas de embarques mulheres, crianças, idosos e brasileiros não moradores do Líbano. Não há data para encerramento das ações e a estimativa é de que o número de repatriados ultrapasse 3 mil nas próximas semanas. Do número total em fila de resgate, pelo menos 2,2 mil deverão ter Foz como destino.
Imigrantes
Além dos brasileiros com descendência árabe que estão sendo resgatados do Líbano, há também muitos imigrantes se deslocando por contra própria em busca de refúgio no Brasil.
Em Foz, três famílias nestas condições já foram acolhidas na Casa do Migrante. Eles não possuem parentes na cidade, mas foram orientados sobre os procedimentos para fixar residência e encaminhados provisoriamente para casas de passagem.
Conflito
A guerra parece longe do fim e o temor é crescente. A intensificação do bloqueio de Israel no norte da Faixa de Gaza nas últimas três semanas fez com que a região ficasse sem água, comida e assistência médica. Segundo a Agência para Refugiados Palestinos das Nações Unidas (UNRWA), que tem equipes trabalhando no norte de Gaza, Israel não tem permitido a entrada de ajuda humanitária no território.
A operação militar de grande envergadura de Israel contra Gaza começou após o ataque do Hamas, em outubro do ano passado, que deixou mais de 1.200 mortos. O ataque israelense já deixou mais de 40 mil mortos no enclave palestino, de acordo com representantes do setor de saúde do Hamas.
Entre as vítimas fatais da guerra estão o adolescente iguaçuense Ali Kamal Abdallah, de 15 anos; e o pai dele, Kamal Hussein Abdallah, de 64 anos, que tinha nacionalidade paraguaia.
- Da redação /Foto: Sara Cheida/Itaipu Binacional