Festa de Iemanjá completará 50 anos em Foz fortalecendo a tradição e o turismo religioso

A Festa de Iemanjá, uma das manifestações religiosas mais antigas de Foz do Iguaçu, vai completar 50 anos em 2026 e terá uma programação ampliada para marcar o cinquentenário. Cortejos, homenagens e um show nacional estão previstos, consolidando o evento como referência cultural e religiosa na Tríplice Fronteira.

A comissão organizadora da festa visitou nesta semana o Itaipu Parquetec, que será um dos parceiros a apoiar as comemorações. O encontro teve como objetivo alinhar estratégias para valorizar o legado da celebração e fortalecer sua projeção como atrativo turístico.

O diretor de Turismo do Parquetec, Yuri Benites, destacou a diversidade religiosa de Foz, onde templos budistas, mesquitas, igrejas católicas e evangélicas convivem lado a lado com terreiros e centros espíritas. “Mesquita, templo budista, terreiros, centros espíritas, igrejas católicas, evangélicas e espaços ecumênicos formam um mosaico que traduz a convivência pacífica e o respeito, que devem prevalecer, sempre, entre diferentes crenças”, afirmou.

Benites acrescentou que apoiar a festa é mais do que um ato simbólico, é um compromisso com a valorização da cultura afro-brasileira e com o combate ao racismo. “Para nós, apoiar a celebração à Iemanjá, além de simbolizar a força da cultura afro-brasileira, combate ao racismo e à intolerância religiosa, fortalece nossa identidade como cidade plural e cria oportunidades de um desenvolvimento do território de forma sustentável por meio do turismo cultural e religioso”, disse.

Para Mãe Ângela, do Ilê Asé Oju Ogun Funilaiyo, a festa é democrática e atrai pessoas de diferentes religiões. “Com parcerias, acreditamos que o evento pode potencializar ainda mais a criação de roteiros turísticos que unam a religiosidade afro-brasileira aos atrativos culturais e naturais de Foz do Iguaçu”, afirmou.

Além de simbolizar devoção e resistência, a festa é parte do calendário cultural oficial da cidade e atrai participantes também da Argentina e do Paraguai. A celebração nasceu em 1976 por iniciativa de Maria Benedicta de Souza Macedo, conhecida como Vovó Benedicta. Yalorixá respeitada, ela enfrentou racismo e preconceito para realizar a primeira procissão em homenagem a Iemanjá, tornando-se precursora da Umbanda em Foz do Iguaçu.

Mãe Amanda, do Ilè Àsé Igá Odé, sucessora de Vovó Benedicta, lembrou que a festa cresceu, mas manteve sua essência. “Ela subiu, mas deixou como legado não apenas a celebração, e sim um caminho de resistência, força e união para toda a comunidade iguaçuense”, disse. Nos primeiros anos, a procissão era feita em um barco com capacidade para 60 pessoas. Hoje, ocorre a bordo do Kattamaram, que leva mais de 200 devotos, enquanto outros acompanham da margem do Rio Paraná.

O cinquentenário terá programação com rodas de conversa, exposições, apresentações culturais e homenagens a Vovó Benedicta. A expectativa é ampliar parcerias públicas e privadas para transformar o evento em um roteiro de turismo cultural e religioso, com impacto econômico e social para a cidade.

No contexto global, o turismo religioso vem ganhando força. Segundo a Editora Panrotas, o setor deve movimentar cerca de US$ 2 trilhões até 2032, impulsionado pela busca por espiritualidade, cultura e pertencimento.

Iemanjá, conhecida como Rainha do Mar, das Águas e dos Rios, é uma das divindades mais reverenciadas nas religiões de matriz africana e no sincretismo brasileiro está associada à Nossa Senhora dos Navegantes. A festa em sua homenagem reúne cortejos, cantos, danças e oferendas às águas, promovendo o diálogo inter-religioso e a valorização da diversidade cultural.

A comissão organizadora, formada por representantes de mais de 15 terreiros, segue articulando apoio institucional para o cinquentenário. A meta é fazer da data um marco histórico para Foz do Iguaçu e reafirmar o caráter trinacional da celebração.

 

  • Da redação com Itaipu Parquetec
  • Foto: Itaipu Parquetec.

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