Com perfis falsos, quadrilha de Ciudad del Este usa aplicativo de relacionamento para atrair estrangeiros e praticar assaltos

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20.08

Geral

 

GOLPE NA FRONTEIRA

Com perfis falsos, quadrilha de Ciudad del Este usa aplicativo de relacionamento para atrair estrangeiros e praticar assaltos

Uma aventura sem final feliz. Assim pode ser definida a nova estratégia do crime, que já fez centenas de vítimas na tríplice fronteira. De acordo com a Polícia Nacional do Paraguai, uma quadrilha de Ciudad del Este vem utilizando um aplicativo de relacionamentos bastante popular para atrair estrangeiros e praticar assaltos.

Conforme apurado, em 2023 as forças de segurança registraram cinco denúncias sobre o crime na cidade vizinha a Foz. Neste ano, já foram contabilizados 12 casos, com boletins de ocorrência formalizados. Entretanto, as equipes acreditam que o número de vítimas é maior, já que muitos optam por não registrar o caso por vergonha ou medo.

Os alvos são, quase sempre, homens. Em julho um brasileiro caiu no golpe depois de marcar um encontro pela plataforma “Grindr”. O homem embarcou em uma mototáxi em Foz e cruzou a Ponte da Amizade, seguindo até o bairro San Rafael, em CDE. No local combinado com o suspeito, a vítima foi encurralada por um grupo armado com facas e teve o celular, cartões de crédito e outros pertences roubados.

O brasileiro ainda foi espancado para que fornecesse as senhas pessoais aos criminosos. Depois de ser liberado, o homem procurou ajuda médica e registrou uma queixa na delegacia local. Um mês antes desse caso, em junho, outros dois brasileiros, um chinês e um mexicano também caíram na lábia dos bandidos e foram assaltados.

A vítima mais recente é um argentino. O caso foi registrado neste final de semana, também no bairro San Rafael, que fica próximo à aduana. O modus operandi da quadrilha é sempre o mesmo. Conforme a polícia, os criminosos criam perfis falsos no aplicativo, que é voltado para o público gay, com fotos atraentes, e buscam pelas vítimas.

Quando identificam alguma pessoa interessada, os assaltantes iniciam uma conversa e convencem a vítima a marcar um encontro pessoal. O suspeito envia então uma moto para buscar a pessoa e conduzi-la até o local combinado. Entretanto, ao chegar no ponto indicado, a vítima é cercada, agredida e despida de seus  bens de valor.

Há indícios de que o grupo seja composto por, pelo menos, cinco criminosos. Mas, apesar das ocorrências frequentes e das denúncias, até o presente apenas um suspeito foi preso. O rapaz, de 19 anos, foi reconhecido por algumas vítimas e atualmente encontra-se recolhido na Penitenciária Regional de Ciudad del Este.

Um dos casos mais graves teve um espanhol como vítima. O homem, de 43 anos, foi brutalmente agredido e obrigado a realizar uma transferência bancária no valor de 30 mil Euros, o equivalente a quase R$ 180 mil. Para fugir dos criminosos, a vítima pulou no Rio Paraná e acabou sofrendo diversos ferimentos.

Os crimes denunciados estão sendo apurados pela polícia de Alto Paraná, mas a população de Ciudad del Este cobra mais rigor e intervenções por parte do Ministério Público para frear a criminalidade. Os empresários, em especial, temem que a ação dos bandidos cause cada vez mais terror entre os turistas, prejudicando o comércio local.

 

Golpe do amor

Casos semelhantes também vêm sendo registrados no Brasil, em ação conhecida como “golpe do amor”. O crime consiste no uso de identidades falsas para atrair pessoas, envolvê-las emocionalmente em um suposto relacionamento à distância e, em seguida, ganhar dinheiro com fraude ou extorsão.

Em julho, um caso registrado em Foz ganhou repercussão. Um homem, de 30 anos, que já vem sendo procurado há bastante tempo pela polícia, teria se envolvido com uma mulher na fronteira.

Após dois meses de relacionamento, o suspeito vendeu os bens da vítima e desapareceu repentinamente. Conforme a polícia, o homem, conhecido como playboy, já passou por vários estados e deixou diversas pessoas e empresas no prejuízo.

É preciso ficar atento, checar sempre a veracidade dos perfis na internet e nos aplicativos, além de limitar o repasse de informações. Ao perceber que foi vítima de um crime, a pessoa deve procurar a polícia e registrar um boletim de ocorrência. Somente com este passo é que a investigação pode ser realizada, combatendo as fontes de estelionato.

• Da redação / Foto: divulgação