Aglomeração de moradores de rua em prédios e espaços públicos preocupa população em Foz

O número de moradores de rua vem crescendo consideravelmente nos últimos anos em Foz do Iguaçu. Ao caminhar por algumas das principais ruas e avenidas da área central da cidade, e também em outras regiões, é possível diversas pessoas aglomeradas em espaços públicos, prédios abandonados, praças e outros locais.

São homens, mulheres e crianças. Nacionais e estrangeiros, vivendo em situação precária na fronteira. Muitos recolhem materiais recicláveis durante o dia e vendem em barracões para conseguir algum dinheiro. Outros abordam motoristas e pedestres nos cruzamentos para pedir trocados ou alimentos.

Na Avenida Jorge Schimmelpfeng, uma importante via turística, um grupo de pessoas se reúne, quase que diariamente, e se abriga na entrada do prédio onde funcionava o Ministério do Trabalho para passar a noite, que tem sido gelada nas últimas semanas.

Comerciantes que atuam nas proximidades dos espaços ocupados relatam uma preocupação com o cenário atual. A maioria compreende e se compadece da vulnerabilidade em que se encontra a população de rua. Muitos tentam ajudar com “quentinhas” e água potável, mas também não escondem o receio pela imagem passada aos turistas e do iminente risco de arrombamentos, considerando que nem todas as pessoas em situação de rua são amigáveis.

Outro ponto com presença constante de moradores de rua é o Terminal de Transporte Urbano (TTU), na Avenida Juscelino Kubistchek (JK). Muitas pessoas, incluindo usuários de drogas, ocupam os arredores do local e “intimidam” trabalhadores e estudantes que precisam aguardar pela condução à noite. Assaltos e agressões já foram registrados no espaço.

A população cobra mais segurança nas ruas e uma ação efetiva da prefeitura. Em resposta, a Secretaria Municipal de Assistência Social se manifestou por meio de nota afirmando que está comprometida com a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), o Plano Nacional Ruas Visíveis e a ADPF 976, que orientam as ações e diretrizes para a promoção de direitos e a garantia de dignidade às pessoas em situação de rua.

A pasta evidenciou ainda que tem desenvolvido diversas ações voltadas ao acolhimento, reintegração social e promoção da dignidade da população em vulnerabilidade. Entretanto, há liberdade para que as pessoas escolham se querem ou não aceitar auxílio. A condução para abrigos, por exemplo, não pode ocorrer de forma coercitiva.

Atualmente, de acordo com a última atualização do Cadastro Único (CadÚnico) mais de 1.000 cidadãos estão vivendo nas ruas de Foz. Em 2023 esse número girava em torno de 800 pessoas.

 

Ações

Dentre as ações realizadas pela Assistência Social em Foz destaca-se o serviço de abordagem, que atua 24 horas, durante todos os dias. Nesta operação diária, a população de rua é acolhida e recebe a oferta para o encaminhamento a abrigos e atendimento psicossocial.

Dentre os espaços disponíveis estão o Centro de Referência Especializado para Atendimento à População em Situação de Rua (Centro POP) e as casas de passagem, que dispõe de 140 vagas e estão localizadas nas regiões do Jardim São Paulo, Porto Belo e Jardim Ana Cristina.

Para o ano de 2025, com base na previsão de queda das temperaturas, o município antecipou a organização do acolhimento, iniciando as atividades no dia 1° de maio, com a ampliação de mais 40 vagas.

Ainda, em março, foram firmadas parcerias com empresas do comércio local e hospedagem para oferecer empregos com certeira assinada à população de rua. Mutirões já foram realizados nas últimas semanas e outras ações estão sendo estudadas.

Contudo, exemplificando o contexto do livre arbítrio, durante os primeiros 15 dias de maio mais de 170 pessoas abordadas pelas equipes sociais nas vias da fronteira recusaram atendimento. O número destaca a complexidade do trabalho e necessidade de mais políticas voltadas à inclusão.

 

  • Da redação
  • Foto: divulgação

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