Viaje Paraná vai executar ações do turismo no Estado, diz Márcio Nunes
Paraná deve adotar o tax-free para o turista estrangeiro, instalar um escritório da Viaje Paraná em São Paulo e criar uma versão do Paraná Competitivo na área de turismo
O secretário estadual de Turismo, Márcio Nunes, assumiu agora em março e organizou a pasta recém de forma que as ações do governo do Estado sejam mais ágeis e tenha um impacto positivo maior no setor no que diz respeito à promoção, marketing e até apoio à comercialização dos destinos turísticos. “Resumidamente, a secretaria irá criar as políticas públicas e a Viaje irá executá-las. Mas serão dois órgãos totalmente conectados (por meio de contrato de gestão), com se fosse apenas uma instituição, com um único objetivo”, disse Márcio Nunes nesta entrevista exclusiva.
“Já estamos em contato com prefeitos e vereadores de todas as regiões. Nosso braço de apoio para esse trabalho são as Instâncias de Governança Regional (IGRs), que reúnem poder público, entidades empresariais vinculadas ao turismo e a sociedade civil organizada. São agentes locais que conhecem a fundo a potencialidade e as necessidades de cada região”, completou o secretário que listou 19 regiões turísticas no Paraná.
O Conselho Paranaense de Turismo (Cepatur), segundo Márcio Nunes, é um braço da pasta para as decisões colegiadas. “O Cepatur tem por finalidade a formulação, avaliação, coordenação e direção da política estadual de turismo, dialogando e deliberando sobre estratégias para o desenvolvimento sustentável do turismo no Paraná”.
A reportagem apurou, após esta entrevista, que o Paraná deve adotar o tax-free (isenção de impostos) para os turistas estrangeiros. Ou seja, a taxa de ICMS cobrado nos serviços do setor aos turistas será revertida numa espécie de cashback, Rio de Janeiro já implantou o tax-free, São Paulo e Minas Gerais esperam fazer o mesmo. O Paraná vai tentar convencer a Argentina e o Paraguai à mesma prática do Chile, Uruguai e Colômbia. Sessenta países no mundo adotam o tax-free.
O Estado deve instalar ainda em abril um escritório de turismo em São Paulo. O estado vizinho é considerado o maior polo emissor de turistas no País. Com 13 milhões de habitantes, os paulistas serão incentivados a conhecer os atrativos paranaenses na costa oeste e costa norte do estado.
Márcio Nunes estuda ainda a criação do Paraná Competitivo Turismo em que as empresas do setor que se instalarem no estado terão incentivos fiscais e diferimentos nos impostos estaduais.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista
Qual é a nova estrutura da Secretaria do Turismo?
A Secretaria nasce com a extinção da Paraná Turismo e vai incorporar o Viaje Paraná, serviço social autônomo que será responsável pela elaboração de ações de promoção, marketing e apoio à comercialização de destinos, produtos e serviços turísticos paranaenses no Brasil e no Exterior. Também faz parte da secretaria o Conselho Paranaense de Turismo (Cepatur), para as decisões colegiadas.
A Setu ainda contará com o Viaje Paraná, serviço social autônomo que será responsável pelas ações de promoção, marketing e apoio à comercialização de destinos, produtos e serviços turísticos paranaenses no Brasil e no Exterior.
Como vai funcionar a Viaje Paraná?
Resumidamente, a secretaria irá criar as políticas públicas e a Viaje irá executá-las. Mas serão dois órgãos totalmente conectados (por meio de contrato de gestão), com se fosse apenas uma instituição, com um único objetivo.
Foz do Iguaçu, Curitiba e Litoral são os três principais polos turísticos do Estado, mas o turismo está se diversificando e segmentando para o Noroeste e Norte, essas regiões vão integrar o plano estadual de turismo?
Hoje o estado está dividido em 19 regiões turísticas – até 2022 eram 16, mas no final do ano passado a região “Corredores das Águas”, no Noroeste, foi desmembrada em três: “Caminho das Águas”, “Encontro das Águas e Biomas” e “Águas do Arenito Caiuá” – justamente para dar um foco maior às vocações regionais.
O Voe Paraná é mais mecanismo para o incremento do turismo, o governo do Estado vem trabalhando para a redução das passagens aéreas nesses trechos e para os principais destinos?
O Voe foi uma iniciativa fantástica do governo Ratinho Junior, que fez o Paraná ter hoje a maior malha aeroviária do Brasil, atendendo a cidades de todas as regiões do estado por grandes companhias aéreas, como a Gol e a Azul. Já a questão dos preços das passagens é bastante conjuntural – as tarifas são impactadas pelo valor do querosene de aviação, pelo câmbio e pela demanda, salários, dentre outros fatores.
As decisões do Conselho Paranaense de Turismo terão caráter deliberativo para as ações e as políticas estaduais do setor?
O Cepatur tem por finalidade a formulação, avaliação, coordenação e direção da política estadual de turismo, dialogando e deliberando sobre estratégias para o desenvolvimento sustentável do turismo no Paraná.
O turismo brasileiro já voltou aos números pré-pandêmicos?
Na verdade, as estatísticas que temos, do nosso setor de inteligência turística, apontam para um índice de 60% dos níveis pré-pandêmicos em 2022, e uma estimativa de até 95% para 2023 – isso em termos mundiais. No Brasil, o número de turistas internacionais recebidos em 2022 ainda está também muito aquém do registrado em 2019 – porém, o crescimento em relação a 2021, no auge da pandemia, foi bem vigoroso.
Como será a interlocução com o governo federal, Ministério do Turismo e Embratur?
Nossa expectativa é muito boa com essa nova gestão, a promessa é de que o Brasil será muito bem “vendido” no exterior e temos que aproveitar isso. A Embratur tem colocado um foco muito grande na questão da sustentabilidade, e o Paraná, como estado mais sustentável do Brasil, também precisa estar em evidência.
O turismo pode ser a terceira força econômica do Paraná com a expansão da atividade?
Antes de mais nada, é preciso criar uma metodologia para poder realmente medir o turismo como força econômica em relação a outros segmentos. O PIB é mensurado pelos setores de indústria, serviços e agropecuária – saber exatamente qual é a fatia do turismo nesse bolo não é assim tão fácil. O Paraná fechou o ano passado com alta de 4,4% no setor de serviços (que engloba turismo, mas também transporte, hotelaria, academias, escolas de ensino, beleza, arquitetura, informática, técnicos especializados e telecomunicações), segundo o IBGE.
O turismo teve o maior crescimento dentro do setor de serviços, com 27,8%. Mas sabemos que o turismo não se limita às categorias listadas – tem relação direta com os segmentos de bares e restaurantes (que estão na alimentação), passagens aéreas e aluguel de automóveis (que estão no segmento transportes) e assim por diante.
- Da redação