Foz é a terceira cidade do Paraná com o maior número de mortes em confronto policial

Foz do Iguaçu é a terceira cidade do Paraná com o maior número de mortes ocorridas durante confrontos policiais. O levantamento foi divulgado, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná.

Conforme os dados, no ano passado a cidade registrou 22 situações de confronto que terminaram em morte. As ocorrências cresceram 60% quando comparadas a 2021, ano que foram contabilizados nove casos na fronteira. O município ficou atrás apenas de Curitiba, que registrou 121 mortes; e Londrina, onde foram contabilizados 50 casos.

“Caracterizam-se como morte em confronto os óbitos que ocorreram em situações envolvendo civis e policiais, em situações de flagrante de crimes, resistência à prisão e outras. Em todos os casos desse tipo são abertas investigações para apurar se não houve excesso na abordagem realizada pelas forças de segurança”, explicou o procurador de Justiça e coordenador do Gaeco, Leonir Batisti.

Em Foz, das ocorrências registradas em 2022, uma ganhou bastante destaque. O caso ocorreu em julho, após uma tentativa de assalto, em um estacionamento no bairro Vila Portes. Assim que foi informada do crime, a Polícia Militar iniciou um patrulhamento para localizar os envolvidos, que foram encontrados pouco tempo depois da ocorrência.

Os suspeitos estavam em um carro, que foi abandonado após cerca de 250 metros de perseguição. Eles tentaram continuar a fuga a pé, entrando em casas da região, mas foram seguidos pelos militares. Um dos criminosos caiu de um telhado e trocou tiros com os policiais, sendo baleado.

Na sequência, os policiais cercaram a região e localizaram os outros dois suspeitos que estavam escondidos em outra casa. Ambos foram baleados, sendo que um morreu no local, conforme a polícia. Os demais investigados que foram baleados foram socorridos, mas também morreram no caminho para o hospital.

Em todo o Paraná o Gaeco apurou que ocorreram 488 mortes em 2022 ocasionadas a partir de confrontos policiais. O levantamento mostra ainda que houve um aumento de 17,3% em relação aos registros de 2021, quando ocorreram 416 mortes em circunstâncias semelhantes.

São contabilizadas para o levantamento as ocorrências com policiais civis e militares e guardas municipais. A maior parte dos registros vem de confrontos com policiais militares: 483. Também houve dois casos envolvendo policiais civis e três com guardas municipais.

Os dados também revelam que a 51% das vítimas de confrontos no ano passado eram pardas, 33% negras e 42% negras. Em relação à faixa etária, 287 vítimas em confrontos com policiais militares tinham entre 18 e 29 anos, 166 tinham idade entre 30 e 59 anos e 30 tinham entre 13 e 17 anos.

Estratégia

O controle estatístico das mortes em confrontos policiais pelo Gaeco faz parte de estratégia institucional de atuação do MPPR com o objetivo de contribuir para a diminuição da violência das abordagens conduzidas pela polícia.

Nesse contexto, o Ministério Público do Paraná, a exemplo dos demais MPs do Brasil, aderiu ao programa nacional “O MP no enfrentamento à morte decorrente de intervenção policial”, instituído pelo Conselho Nacional do Ministério Público, por meio da Comissão do Sistema Prisional, Controle Externo da Atividade Policial e Segurança. A iniciativa do CNMP tem como objetivo assegurar a correta apuração das mortes de civis em confrontos com policiais e guardas municipais, garantindo que toda ação do Estado que resulte em morte seja investigada.

  • Da redação / Foto: divulgação

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