Para Dino, mudança de planejamento do DF possibilitou terrorismo

O ministro da Justiça, Flávio Dino, atribuiu ao governo do Distrito Federal as responsabilidades dos atos terroristas vistos domingo (8) na Esplanada dos Ministérios. Segundo ele, a mudança de planejamento das forças de segurança pública do DF foi determinante para possibilitar a invasão e destruição dos prédios públicos.

 

Em coletiva de imprensa, realizada na tarde ontem (9), no Ministério da Justiça, Dino relatou uma reunião prévia entre forças federais e distritais para acertar o planejamento operacional. Essa reunião ocorreu no fim da semana e ficou acertado que os manifestantes não entrariam na Esplanada, haveria um bloqueio no caminho que leva ao Congresso Nacional e à Praça dos Três Poderes.

 

“Infelizmente, houve uma avaliação das autoridades locais de que seria possível, na última hora mudar o planejamento. Esse planejamento foi modificado e isso ensejou que essas pessoas descessem até próximo do Congresso Nacional e, em seguida, o descontrole que vocês viram”, afirmou Dino. Ele evitou dizer que essa mudança de planejamento foi criminosa, mas disse que a tragédia ocorrida ontem poderia ter sido evitada se o combinado com o governo federal tivesse sido cumprido.

 

“O que eu vi era que o contingente policial estava absolutamente desconforme com a decisão tomada de deixar que eles descessem a Esplanada. Tanto é que quando os efetivos foram ampliados, uma hora e meia após o início dos episódios, rapidamente a situação foi controlada. O que mostra que era absolutamente evitável se não fosse uma mudança de planejamento de última hora”. O ministro afirmou que as razões dessa mudança estão sendo investigadas.

 

Dino disse ainda que pretende devolver a gestão da segurança pública do DF, agora sob intervenção federal, ao governo local “o quanto antes”. Segundo ele, haverá “revisão” nas polícias do DF, sobretudo na Polícia Militar. Imagens da invasão mostram policiais inertes, permitindo os vândalos invadirem o Congresso Nacional sem serem incomodados.

 

Força Nacional

Dino anunciou ainda o incremento de cerca de 500 policiais da Força Nacional de outros estados, que chegarão a Brasília para atuar na segurança da Esplanada e da Praça dos Três Poderes. Com isso, a polícia militar do DF retomará suas atividades de rotina. “Nós recebemos a colaboração de governadores de aproximadamente dez estados, que já enviaram contingentes mobilizados por Portaria que eu editei ontem e vou editar outras, para fortalecimento da Força Nacional”.

 

Investigações

As investigações seguirão apurando as responsabilidades pelos atos antidemocráticos de ontem. A Polícia Federal já tem a relação dos contratantes dos ônibus que trouxeram manifestantes de outros estados. Essas pessoas serão chamadas para depor e ajudar a polícia a identificar os financiadores desses atos. Quarenta ônibus foram apreendidos, alguns já saindo de Brasília. Além disso, a Advocacia Geral da União (AGU) aguarda os laudos da perícia dos prédios invadidos e depredados. Caberá à AGU cobrar dos responsáveis os danos provocados.

 

Capitólio Brasileiro

O ministro chamou o episódio de ontem de “Capitólio brasileiro”, em alusão à invasão do Congresso dos Estados Unidos, em 2021, por apoiadores de Donald Trump, derrotado nas eleições presidenciais na ocasião. “Nós vivemos ontem o Capitólio brasileiro. Com diferenças. Não houve óbitos e com mais presos aqui do que lá”. Até o momento, cerca de 1,5 mil pessoas foram presas. Dessas, 209 presas ontem, em flagrante, e outras 1,2 mil sendo ouvidas hoje, detidas pela polícia.

 

Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil / Foto: Valter Campanato/ABr

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