No Bico do Corvo
Dia das Bruxas
O 31 de outubro acabou sendo um terror literal com resultado das eleições roubando o sono da ala governista e dos simpatizantes, que por sua vez, promoveram atos de revolta que ainda assombraram os brasileiros. Foi o Dia das Bruxas mais longo da história! Uuuuiiii. Na rua onde o Corvo mora, a noite de segunda-feira foi densa. As crianças ofereciam travessuras sem precisar pedir doces. Entre os fantasiados, havia menino vestido de Padre Kelmon! Foi o pior de todos os horrores! É quinta-feira e o Corvo ainda não esqueceu.
Onde anda ele?
Então, o tal “padre mais amado do Brasil” deu uma desaparecida. Evaporou igual vampiro de frente para o Sol. Deve estar pelas bandas do presídio, exorcizando os demônios incorporados em seu guru, o Roberto Jefferson. Para os entendedores, o padre é um dos pontos responsáveis pela derrota eleitoral de Bolsonaro. Sem o artifício de usar a figura, pode ser, o presidente faria os votos suficientes para permanecer no Planalto.
Não dá para entender
Até mesmo muitos devotos do bolsonarismo não sabem explicar ao certo os movimentos nas estradas e também em outros locais. Em verdade, segundo dizem, são ações isoladas e coordenadas por grupos radicais, inconformados com o resultado das eleições. O Corvo conhece muita gente e nem são tão “radicais” assim. Olhando para o posicionamento das autoridades, o movimento não causará absolutamente nada quanto ao resultado das eleições, a não ser a punibilidade do cidadão comum, desabastecido, como se o povo brasileiro e os segmentos já não estivessem cheios de problemas? Mas faz parte.
Golpe
E no meio da bagunça, algumas pessoas exclamam: “estamos salvando a Nação!”. Primeiro precisariam entender um pouco sobre o que é uma “Nação”, pois em verdade, a estão seriamente prejudicando por meio de atitudes inconstitucionais; estão na contramão da Democracia. Não há nada mais imbecil num Estado que preza a liberdade, ouvir pessoas clamando um “Golpe”, para derrubar alguém eleito pela maioria.
Imparcialidade
Podem crer que se Bolsonaro fosse eleito e os simpatizantes do Lula estivessem organizando movimentos assim, este colunista se posicionaria da mesma maneira. O significado de “Nação” é curto e simples, quer dizer “o agrupamento político, autônomo, ocupando um território com limites definidos e cujos membros respeitam instituições, leis, constituição e governo”. Ir contra isso resultará em esculhambação. Que país é esse que pretende mudar resultados da maioria no berro? E ainda mais a direita? Os conservadores foram os que sempre respeitaram a Constituição. O mundo está virado mesmo.
O silêncio
O presidente Bolsonaro rompeu o silencio ao seu modo, explanado a indignação. Vamos combinar: um dos maiores defeitos de Jair Bolsonaro é a explosão verbal, a manifestação abrupta, impensada; todos, até os aliados vivem reclamando disso, e, quando o homem resolve parar para pensar, antes de falar, o país reclama? Oras, façam o favor né?
As consequências
Muitos acusam diretamente o Bolsonaro, no assunto do fechamento das estradas, pelo simples fato de não ter se manifestado e reconhecido o resultado das eleições em 24 horas, “como manda a tradição”. Será? O caso é que os movimentos de paralisação já vinham sendo orquestrados faz um tempo e por grupos que não dão a mínima para o que diz o presidente; são as criaturas liberais do criador. Dois dias antes da eleição Bolsonaro disse textualmente: “vencerá o que fizer mais votos”. Isso seria o suficiente. Mas quem possui o poder de dominar a turba? Deu para sentir isso em sua curta fala de pouco mais de dois minutos.
Problemão
Então dá para se ter uma ideia do que o Lula enfrentará ao governar. Por esse aspecto, não deverá se preocupar apenas com a maioria bolsonarista na Câmara, mas com as frentes organizadas e que fogem ao controle institucional. O STF terá mais trabalho que o Presidente da República, porque precisará julgar os movimentos e mobilizar um grande aparato para manter a situação em ordem.
Políticos não serão problema
O movimento de paralisação das estradas abriu os olhos de todos os governadores, até os aliados de Bolsonaro e também dos deputados e senadores eleitos e reeleitos. Ontem mesmo, Artur Lira já acenava com o apoio de sua base no Centrão. As coisas voam.
Vamos pensar…
Jair Bolsonaro deve ter aprendido uma grande lição: boca grande não frequenta festa no céu. Então vamos imaginar se ele se comportasse de outra maneira, sem provocações, discursos fora de hora, se posicionando com atenuantes e nem tantos agravantes, no mínimo isso não daria tanto combustível ao Lula e o resultado da eleição seria outro. De boca fechada, trabalhando para tirar o país do buraco pandêmico, Bolsonaro seria um estadista elogiado, imbatível e reeleito com folga. Adotou muitas medidas eficientes, competentes, mas infelizmente manteve o bocão aberto. Se lá no início, ouvisse o conselho de várias pessoas, estaria em situação inversa. Pode ser, ele tenha aprendido um pouco. O resultado das eleições é um chicote e isso pode lapidá-lo. Se acontecer, será um problemão para os adversários.
Se o Corvo fosse…
…o Bolsonaro, teria reconhecido o resultado das eleições na noite do domingo, desejaria sucesso ao oponente, e com atitude assim, desbancaria meio mundo, mostrando que a face não é oculta, ao contrário de tudo o que disseram; deixaria o governo pela porta da frente avisando que voltaria, porque é assim que se faz política no mundo da democracia. Mas ele preferiu fazer diferente, mesmo assim enalteceu a robustez que conseguiu formar, mas sabe que precisará trabalhar muito para isso não derreter.
De boa com o mundo
Enquanto isso, é impressionante a calma de Lula e seus “companheiros”, enquanto planejam a transição. Paralelamente, desfrutam a enorme quantidade de manifestações de líderes internacionais em favor do novo governo. Dizem que haverá paranaenses entre os 50 nomes da lista que preparará o tapetão da governança. A deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e o vice-presidente eleito, Geraldo Alkmin, devem anunciar os nomes rapidamente. Enquanto isso Lula vai curtir uns dias de férias nas areias de Itapuã, ouvindo o disque-disque macio que brota dos coqueirais. Claro, bebericando uma cachaça de rolha.
Na terrinha
Onde que as obras de Itaipu iriam paralisar? Só na cabeça desses imbecis que pregam o fim do mundo. Itaipu é uma das grandes empresas brasileiras, em verdade uma Binacional, com regras próprias e um tratado sério; não é peça de joguete político. É dirigira por pessoas competentes, responsáveis e que levam a missão à sério. Essas notícias falsas são um desserviço, e, o pior, é que há quem acredite nessas aberrações. Todas as obras em curso serão mantidas e concluídas e seria assim com ou sem mudança de governo.
Cidade turística
Os movimentos nas estradas prejudicaram a visitação que se esperava nos atrativos. Uma pena, porque os dias estavam maravilhosos, com sol e até friozinho, de usar casaco. No fim das contas, a viagem mais longa que os iguaçuenses conseguiram fazer, foi até os cemitérios. Muita gente acabou indo a pé, por falta de gasolina.
Na garagem
O batmóvel do Corvo já não saia da garagem faz um tempão e agora, sem gasolina nos postos, a situação piorou. Acompanhando a Corva, ao abastecer o carro dela, o frentista disse que só havia gasolina do tipo “máster, king, luxo, extra, especial, super, mega, puríssima” e que o preço era R$ 7,00. Mas pensando bem, não faz muito tempo a gasolina comum custava até mais do que isso e a gente abastecida do mesmo jeito, porque não havia alternativa.
Tremedeira
Disseram ao Corvo que o empresário Luciano Hang deverá descansar uns dias em Foz do Iguaçu. Como sempre, ele dá as caras nas lojas Havan, onde ainda não há manifestações, porque as unidades estão dentro de shoppings. Na terça-feira ele emitiu comunicado explicando que não é responsável pelas manifestações em frente às mega instalações, onde há a estátua da Liberdade, como em Cascavel. Havia uma porção de pessoas enroladas na bandeira por lá, organizando o fechamento da BR 277, que fica ao lado.
Política local
Na terça, véspera do feriado e em meio ao clamor das estradas, a Comissão Processante da Câmara de Foz arquivou o relatório que pedia a cassação do mandato do vereador Admilson Galhardo. Não houve votos suficientes e segundo fundamentaram, faltaram as provas consistentes. No fervo nacional, a notícia não teve lá muito eco.
O resultado
O povo faz matemática e há um certo burburinho na quantidade de votos na pendenga, pois além dos integrantes da Comissão, que são três vereadores, outra meia dúzia de parlamentares municipais alinhados ao prefeito Chico Brasileiro votaram pela cassação do vereador, declaradamente oposicionista, mas os 9 votos não foram suficientes para ele perder do cargo. Faltou um voto apenas. Formam a comissão Edivaldo Alcântara, o presidente; João Morales, que figura como membro e a Anice Gazzaoui, relatora. Juntamente com eles votaram a favor da cassação os vereadores Kalito Stoeckl, que é o líder do prefeito, Ney Patrício, presidente da Câmara, Valdir de Souza Maninho, Yasmin Hachem, Alex Meyer e Rogério Quadros. Os seis que vereadores votaram pelo arquivamento foram Adnan El Sayed, Cabo Cassol, Jairo Cardoso, Dr Freitas, o próprio Galhardo e a Protetora Carol. Bom, ainda há a pendenga na Justiça, com o inquérito em andamento no GAECO. Em todos os casos vale a pena ficar de olho nesse jogo de poder no Legislativo.
Para finalizar
Parece piada, mas o Corvo custou a crer no jornal Folha de São Paulo: torcidas organizadas do Corinthians estavam desarticulando manifestações bolsonaristas! Era o que faltava para a gente rir um pouco, no meio da confusão.