No Bico do Corvo
A chalana segue o curso
As eleições terminaram, os eleitos estão felizes, os derrotados tristes e os brasileiros ainda não demonstraram sinais de união, apesar dos discursos e conselhos. Será difícil a derrota de Jair Bolsonaro encaixar na cabeça de uma fervorosa legião, e só há dois caminhos: aceitar o resultado e partir para a reconciliação ou manter a tensão, como houvessem dois países. O caso é que o Brasil, apesar da polarização ideológica, continua sendo um só e o futuro depende das duas massas trabalhando. Pode não haver sintonia, mas precisarão usar a cabeça se o assunto é manter o país em pé. Lula eleito com mais de 60 milhões de votos e Bolsonaro com 58 milhões; estão na lista de políticos mais bem votados no mundo!
A escolha
Os petistas & aliados, ao assumirem o governo, precisarão de um mínimo de entendimento com as lideranças bolsonaristas, e, alguém terá que pedir o fim das hostilidades, do contrário o país seguirá em pé de guerra e nada funcionará; os preços se elevarão, a crise aumentará, a inflação perderá o controle, a fome baterá mais ainda na porta dos mais fragilizados, afetando camadas sociais importantes e que garantem a força de trabalho. É assim que as engrenagens se movem. Quem causar situação dissonante, pode dar um tiro no pé, porque a população está muito atenta. Outra coisa, só discurso não resolve, é preciso ação.
O Brasil dividido
Se a divisão fosse plenamente territorial, a situação poderia ser diferente, com cada um do seu lado da fronteira, forçando ideologicamente o pacto federativo. Mas o problema é que em todos os estados e cidades, as duas correntes se mesclam, umas mais do que as outras e essas pessoas terão que conviver, comprando nos mesmos supermercados, açougues, farmácias, usando os hospitais, as ruas e estradas, dividindo postos de trabalho, clubes, escolas e até os campos de futebol. Os preços, por exemplo, são iguais para todos.
O Brasil e os resultados
O Nordeste comemora e bate no peito, como fosse a Região responsável pela eleição do Lula. “Painho tá de volta”, escrevem em faixas e cartazes. Mas não é bem assim. Os votos nos outros Estados é que ajudaram no resultado, o Nordeste sozinho jamais elegeria o presidente. Não houve uma cidade onde houve 100% dos votos para um ou outro. Podem ter chegado perto, mas o fato é que os dois candidatos receberam votos em todos as 5.568 cidades, pelo menos é o que diz o mapa eleitoral.
Em Foz
Os números são claros, no primeiro turno, Jair Bolsonaro teve 60,88% dos votos, ou seja, 95.147 iguaçuenses aprovaram o governo nas urnas, enquanto Lula foi o escolhido de 32,47% dos eleitores, com 50.745 votos. Bolsonaro ampliou a votação no segundo turno, com 66,18%, ou 104.235 votos e Lula também cresceu, com 33,82%, 53.529 votos. O efeito foi a migração que apoiava os outros candidatos. Os votos nulos foram 2.867 e os votos em branco, 2.036 votos no primeiro turno. No último domingo, os votos nulos e brancos diminuíram; brancos, 1,26%, ou 1.777 votos e os nulos, 1,78% totalizando 2.446 votos.
Esquisitice
No sábado, um rapaz que faz a limpeza de jardim, disse que estavam espalhando que o correto seria votar no Lula, porque se ele ganhasse, haveria intervenção. Pensa? Então não era mais fácil pedirem reforço de votos no Bolsonaro? Esse povo inventa cada uma?
Perguntas
Mal amanheceu a segunda-feira e o Corvo recebeu mensagens e a pergunta era uma só: o que será de Foz? As pessoas querem saber se as obras terão continuidade, se a pegada será a mesma, com Itaipu apoiando grandes demandas estruturantes; como os nossos representantes se entenderão como novo governo, uma vez que apoiaram o outro candidato e situações do tipo. Houve quem arriscou perguntar se desta vez o Lula termina o prédio da Unila. É um pouco cedo, mas todos esses temas foram fruto de discussões eleitorais e também de muitas fake news. O correto é aguardar, pois em algum momento todos os lados terão que se explicar.
Itaipu
Foz é numericamente bolsonarista, mas terá que engolir uma mudança na sua joia mais reluzente, a Itaipu Binacional. O novo governo precisará de muita sensibilidade e jogo de cintura ao lidar com a situação. É inevitável deixar de pensar nisso.
E o Ratinho?
O governo do Estado vai aguardar a conversa com Brasília. Política é uma coisa e provavelmente as posições serão mantidas no campo ideológico, mas inegavelmente o Paraná precisará da participação do governo federal em muitas frentes, como é o caso das obras em Foz, e, as que foram propostas em campanha; dificilmente o Estado terá caixa para lidar com tantas iniciativas estruturantes em áreas federais. Lula diz que conversará com prefeitos e governadores, mas o tato com esse “be-a-bá” é o que muita gente quer ver. Os políticos precisam lembrar que no meio disso tudo há o dinheiro dos contribuintes. Com isso, ninguém pode jogar.
E o Vermelho?
O Corvo procurou o deputado federal reeleito e ele tem os planos no tabuleiro. Daqui em diante será um jogo de xadrez, e o desempenho exige a postura dos mestres. Todos os movimentos precisam ser pensados, avaliados, equilibrados. Vermelho foi quem deu as cartas em favor de Bolsonaro na cidade, pertence ao seu partido; é destaque na bancada do PL. Terá dois meses para emplacar projetos importantíssimos, como a Arena Multiuso, a liberação e implantação de cassinos na cidade, além de outros projetos há muito esperados pela população. Conta com o apoio dos iguaçuenses e saberá fazer frente ao que virá. É um homem de posição definida, ponderado, articulador e diante disso, a cidade está em boas mãos. Uma coisa é como defenderá seu partido, outra é fazerem cumprir os anseios da população. Nunca é cedo para se mostrar frente ao que virá.
As conversas
É simples, Lula terá que se alinhar um pouco mais ao centro. É preciso ter em mente, que mesmo os deputados do PL, que fazem maioria na Câmara, estão em boa parte ligados ao Centrão, uns mais para a direita, outros nem tanto. Se o presidente eleito souber navegar por essas águas, tocará a barca, sem tantos ricos de encalhar. Tudo começa por aí. O governo federal sabe da importância de Foz no contexto geopolítico; frente a isso, precisará negociar.
Enquanto isso…
Ontem alguém ligou para o Corvo, informando que haveria movimentos fechando entrada da cidade, acesso ao aeroporto e outras medidas em ressentimento ao resultado das eleições. Ao que isso vai levar? O Corvo perguntou e o outro lado não soube responder, simplesmente desligou o celular (número não identificado). Vai ver a ameaça não é verdadeira, estamos torcendo para isso. Todo e qualquer clamor não mudará em nada o resultado das eleições.
Besteirol
Os mais fanáticos devem sossegar o faixo, antes que alguma desgraça aconteça. Ninguém vai fechar o STF, e nem os militares intervirão na República, isso é tudo besteira. Bolsonaro ainda é jovem, possui um cabedal de votos que nem ele imaginava, poderá continuar uma trilha política importante. Deve estar pensando muito em que fará.
Exemplo
Uma situação é certa: aos olhos do mundo o Brasil deu foi um baita exemplo e Bolsonaro deve é se orgulhar, porque soube pacificar o terreno no sábado, um dia antes da votação. Seu comportamento foi fundamental para equilibrar os ânimos, o que resultou em paz.
Caminhoneiros
Se a situação do país era complicada com relação aos preços dos produtos, bloqueios nas estradas vão complicar ainda mais a situação, porque dependendo, podem faltar produtos, combustíveis e a população é mais prejudicada do que os políticos. Não é justo o cidadão se tornar refém do embate. No caso, são prejudicados os eleitores que votaram a favor do governo também.
O discurso
Os analistas políticos garantes que Lula caprichou no discurso da vitória. Falou em um Brasil só, onde todos somos brasileiros. Tomara os mais conflituosos pensem um pouco e entendam que política não se faz com violência.
Tiros
Há investigação em curso sobre os atos violentos do domingo à noite. Chega de tiros pessoal, isso beira a covardia. É mais sadio debater, conversar, mesmo sem precisar ceder, mas sem violência. É preciso pensar no futuro.
Salvaram-se todos
Apesar das tristes ocorrências, dos ânimos sobressaltados, do acirramento dos nervos, a situação parece que está sob controle e tudo deve se acalmar nos próximos dias. É preciso muita serenidade. A notícia boa é que muitos amigos estão se reconciliando e postando as fotos nas redes sociais.
Conversa aberta…
Ontem, no início da tarde, surgiu uma notícia certificando o modo rápido com que as coisas andam na política. O governador eleito de São Paulo disse que irá tentar ao máximo um alinhamento com o novo governo federal, que assumirá em janeiro. Tarcísio de Freitas possui um perfil técnico e atuou em governos petistas, logo deve possuir relações ainda. Pelo visto ele será uma das portas abertas para um possível entendimento.
Copa do Mundo
E lá vem a Copa! Daqui uns dias todos os brasileiros vestirão de novo as cores da bandeira para torcer à beira dos gramados. Só que desta vez a maioria estará unida pelo objetivo, espera-se. Tomara a rapaziada dê um bom trato na bola. Uma coisa é certa: foi-se o tempo em que o futebol era uma espécie de ópio.