Rota do tráfico eleva apreensões de drogas de Foz do Iguaçu à Guaíra
A rota do tráfico de entorpecentes com origem no Paraguai fez aumentar em 2025 o volume de apreensões nas rodovias de acesso e nas margens do rio Paraná e o Lago de Itaipu entre Foz do Iguaçu até Guaíra. A chamada região de fronteira, principal porta de entrada da maconha e seus derivados que “abastecem o mercado” brasileiro, tem sido cada vez mais protagonista no combate contra o narcotráfico. Os órgãos de segurança têm realizado flagrantes diários, especialmente na Ponte da Amizade, na BR-277 e rodovias estaduais do Oeste do Paraná.
De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (31) pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), as apreensões de drogas cresceram 27,5% de 1º de janeiro a 30 de junho, saltando de 225,8 toneladas no mesmo período do ano passado para 287,9 toneladas este ano. O volume representa o maior já registrado para um primeiro semestre e confirma a pressão sobre o crime organizado em território paranaense.
A maconha continua sendo a substância mais apreendida: 284 toneladas foram retiradas de circulação nos primeiros seis meses de 2025. Os dados reforçam a importância estratégica da fronteira paranaense, já que grande parte dessa droga entra no país por meio do Paraguai, atravessando o rio Paraná ou chegando por portos clandestinos ao longo da orla do Lago de Itaipu, que vai até Guaíra, na divisa com o estado do Mato Grosso do Sul.
Contexto
Os municípios de Foz do Iguaçu e Guaíra, cujos acessos ao Paraguai são feitos por rodovia, concentram boa parte dessas operações. Só no dia 29 de julho, uma ação conjunta da Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal na tríplice fronteira resultou na apreensão de 732 quilos de maconha e na prisão de dois traficantes. Dias antes, um porto clandestino usado para o escoamento de drogas foi desativado em Guaíra, evidenciando a constante mobilização das forças de segurança na região.
“O Paraná vem batendo recordes na apreensão de drogas. São entorpecentes que, pelo volume, não ficariam só no Estado. Eles iriam para outros estados do país e até para o exterior”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira. “Nosso foco é a fronteira e as principais rotas do tráfico”.
A atuação integrada das polícias Civil, Militar, Penal e Científica, com apoio de tecnologia avançada e reforço na frota com viaturas, embarcações e aeronaves, tem contribuído para interceptações cada vez mais eficazes. O uso de câmeras térmicas, sensores e sistemas de comunicação em tempo real vem fazendo diferença sobretudo em áreas de mata e nas águas dos rios que margeiam o Paraguai.
Diagnóstico
Além da maconha e derivados como capúlio, haxixe, skank entre outros, a cocaína também segue no radar das autoridades: foram apreendidas 2,36 toneladas no semestre, mantendo o índice elevado de 2024 e mais que dobrando os números de 2018. Já o ecstasy teve aumento expressivo: de 27.329 para 50.126 comprimidos em um ano, um salto de 83,4%.
Em um contexto nacional, o Paraná segue na liderança. Em 2024, foi responsável por 36,5% de todas as apreensões de maconha e cocaína do Brasil, totalizando 769 toneladas. Em 2025, o Estado só fica atrás do Mato Grosso do Sul, outro estado de fronteira com forte atuação do narcotráfico. Para o secretário Teixeira, o impacto dessas ações vai além da retirada de drogas das ruas.
- Da Redação
- Foto: Ari Dias/AEN