Ciudad del Este avança de centro comercial a polo econômico diversificado

A segunda maior cidade do Paraguai já não se resume ao turismo de compras que a projetou nas décadas de 1990 e 2000. Localizada na tríplice fronteira com Brasil e Argentina, Ciudad del Este se consolida como um dos principais motores econômicos do país, combinando o comércio intenso ao crescimento industrial, exportador e de serviços.

Estima-se que o departamento de Alto Paraná, onde está a cidade, responda por 17% a 20% do Produto Interno Bruto paraguaio. Dois terços dessa riqueza se concentram na capital departamental, o que coloca Ciudad del Este como responsável por cerca de 10% da economia nacional. Esse peso não está restrito à circulação de mercadorias para turistas, mas abrange a produção industrial, a geração de empregos formais e o avanço da infraestrutura logística.

O setor de maquiladoras lidera essa transformação. Dados do Ministério da Indústria indicam que 47% das empresas que operam sob o regime maquilador estão instaladas no Leste do país, atraídas pela proximidade com o Brasil, a carga tributária reduzida, a energia barata e a conectividade logística. Em março de 2025, essas indústrias empregavam formalmente 32.538 pessoas, sete mil a mais que no ano anterior. Elas atuam principalmente em autopeças, vestuário, plásticos, produtos químicos e serviços intangíveis, e respondem por 68% das exportações industriais do Paraguai.

“Ciudad del Este é o local mais atrativo para as maquiladoras. É onde as indústrias mais se estabelecem devido à proximidade com o Brasil, ao volume do mercado vizinho e aos atrativos do Paraguai em termos de carga tributária, energia, capital humano, conectividade logística e segurança jurídica”, afirmou ao ABC Color, o vice-ministro da Indústria, Marco Riquelme.

Parques industriais como Algesa e Santa Mônica, em Hernandarias, e o Parque Tecnológico Inteligente Taiwan-Paraguai, em Minga Guazú, oferecem infraestrutura para novos investimentos, com conectividade 5G e sistemas de inteligência artificial. Além disso, grandes projetos de logística reforçam a integração regional. A segunda ponte Paraguai-Brasil, entre Presidente Franco e Foz do Iguaçu, deve aliviar o tráfego na Ponte da Amizade e encurtar o tempo de transporte de cargas. Já o Aeroporto Internacional Guaraní registrou crescimento de 35% no volume de carga aérea entre 2022 e 2024.

No comércio, a formalização avança com a digitalização dos pagamentos, o crescimento do e-commerce e a abertura de grandes centros varejistas, como Shopping Paris, Shopping China e Plaza City. Atualmente, 12.627 empresas estão registradas na cidade, quase metade das ativas em todo o departamento. Em 2023, o comércio da região movimentou cerca de US$ 3,3 bilhões em importações vinculadas ao turismo de compras.

Essa modernização urbana vem acompanhada de investimentos privados em hotelaria, gastronomia, imóveis e serviços. Novos condomínios, edifícios residenciais e loteamentos planejados em Hernandarias, Presidente Franco e Minga Guazú mostram uma expansão que ultrapassa o centro histórico.

A cidade enfrenta, porém, desafios estruturais: a falta de estatísticas urbanas detalhadas, a pressão migratória interna e as defasagens de infraestrutura social podem limitar a qualidade desse crescimento. Ainda assim, a geografia estratégica, o regime tributário competitivo e a diversificação produtiva reforçam seu papel como plataforma para investimentos e integração regional. (Com informações do ABC Color)

 

  • Da Redação
  • Foto: PM CDE

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