Pontes de Foz do Iguaçu podem ser as próximas na linha de privatização
A concessão da Ponte Internacional de São Borja à iniciativa privada, arrematada nesta quarta-feira (16) por uma empresa da Argentina, pode ser apenas o começo de uma série de mudanças nas principais ligações entre o Brasil e seus vizinhos sul-americanos. A possibilidade de leilões semelhantes para outras pontes na região de fronteira, especialmente em Foz do Iguaçu, já começa a ganhar força nos bastidores do governo federal.
O leilão da ponte, que liga São Borja (RS) a Santo Tomé, na Argentina, foi realizado no Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu, com organização da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, e participação dos governos brasileiro e argentino. A empresa vencedora, a argentina Plus Byte SRL, ofereceu US$ 29 milhões (aproximadamente R$ 170 milhões) de outorga fixa e assumirá a concessão por 25 anos, com investimentos estimados em US$ 99 milhões (cerca de R$ 590 milhões) ao longo do contrato.
Com 1,42 km de extensão, a Ponte Internacional de São Borja é considerada estratégica para o comércio exterior. Pelo local, passam cerca de 23% das operações comerciais entre Brasil e Argentina, além de quase 40% do comércio com o Chile. Do lado brasileiro, o acesso é feito pela BR-285 (Avenida dos Imigrantes), com 6,6 km até a ponte. Na Argentina, o trajeto se conecta à Ruta Nacional 14, com mais 7,6 km de acesso.
No radar
A concessão da passarela internacional no Rio Grande do Sul reacende o debate sobre o futuro das demais pontes fronteiriças, especialmente na Tríplice Fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai. Estruturas como a Ponte da Amizade, entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, e a Ponte Tancredo Neves, que liga o município a Puerto Iguazú, estão entre as que podem ser alvo de futuras concessões, com possibilidade de cobrança de pedágio.
Também entra nesse cenário a nova Ponte da Integração, ainda em fase final de construção, que ligará Foz do Iguaçu a Presidente Franco, no Paraguai. As três estruturas são consideradas cruciais tanto para o turismo quanto para o comércio regional. A imprensa nacional revela que fontes ligadas ao setor de infraestrutura contaram que estudos preliminares já vêm sendo conduzidos pelo governo federal para avaliar a viabilidade de concessão à iniciativa privada.
Caso os planos avancem, uma nova rodada de leilões binacionais poderá mudar significativamente a dinâmica de circulação na região, criando um novo modelo de gestão para as pontes internacionais mais movimentadas do país.
- Da Redação
- Foto: Cauê Diniz/B3