Coluna do Corvo

Retrato em alta definição (com moldura torta)

Uma fotografia instantânea da opinião pública sobre o tarifaço de Donald Trump foi capturada pela pesquisa AtlasIntel/Bloomberg, realizada entre 11 e 13 de julho de 2025. O levantamento ouviu 2.841 brasileiros adultos, com margem de erro de ±2 pontos percentuais, e revela um país confuso, mas não indiferente. De soberania ameaçada a desconfiança diplomática, passando por retaliação com pitadas de esperança, a pesquisa mostra que o brasileiro entende o jogo geopolítico, mesmo quando jogado com regras próprias. Abaixo, quatro retratos (quase) fiéis à realidade nacional. Porque, convenhamos, tem coisa que só o bom humor explica.

 

Espeto na carne alheia

Para 62,5% dos brasileiros, a decisão de Donald Trump de taxar em 50% os produtos do Brasil é injustificada. Ou seja, o Brasil apanha e ainda ouve “foi por amor”. A explicação mais popular entre os entrevistados? Revanche por alianças do Brasil com outros países (32,3%). Ou seja, Trump teria ciúmes geopolíticos – e age como ex mal resolvido. A segunda causa mais citada? Puro oportunismo eleitoral. Moral da história: para o eleitorado brasileiro, o tarifaço não é política econômica, é birra de campanha.

 

Soberania à milanesa

Mais de 60% dos entrevistados veem a medida tarifária como ameaça à soberania nacional. E não é paranoia: quando um país resolve, de forma unilateral, encarecer artificialmente os produtos do outro, está sim usando o comércio como arma. Só faltou Trump dizer “é pelo bem da democracia”. Enquanto isso, o Brasil responde com notas diplomáticas e promessas de negociação – que 55,2% dos brasileiros duvidam que deem certo. A diplomacia brasileira parece o VAR: aparece, fala bonito, mas não resolve.

 

Lula e o bambolê geopolítico

A política externa de Lula tem apoio de 49,6% dos brasileiros, com 52,1% dizendo que ele representa melhor o país do que Bolsonaro. Mas na hora da pancada comercial, essa vantagem simbólica evapora: 40,5% avaliam como fraca a reação do governo às tarifas, e 52% defendem retaliação. O brasileiro quer menos café com Biden e mais ação. Já a pergunta “com quem o Brasil deve se alinhar mais?” escancara a nova multipolaridade: China (28,7%), EUA (21,6%), União Europeia (16,5%). Ou seja, o povo quer alinhamento global, mas só se for sem doer no bolso.

 

A diplomacia do espelho trincado

A imagem de Donald Trump no Brasil derrete mais que picolé de cupuaçu em Cuiabá: 59,6% têm visão negativa dele. Ainda assim, 35,1% acreditam que as relações com os EUA vão se fortalecer após o tarifaço. É quase como apanhar e dizer “ele me bate, mas é firme nas metas”. Por outro lado, 63,2% creem que a economia brasileira será prejudicada, e 65,4% temem alta da inflação. Resumo: a relação Brasil-EUA parece mesmo um espelho rachado – ainda serve para se olhar, mas distorcendo tudo ao redor.

 

À base de polarização

Toda pesquisa de opinião no Brasil atual carrega um DNA previsível: metade ama, metade odeia, e o centro está em trânsito — tipo Uber ideológico. A aprovação e a desaprovação do governo Lula seguem sempre próximas porque refletem, com fidelidade quase cartesiana, o resultado das urnas de 2022. O país está rachado entre campos ideológicos rígidos, que não mudam de opinião nem sob tortura — ou mesmo diante de dados econômicos. Quem faz os números balançarem de leve é a “faixa do meio”: moderados, independentes, pragmáticos e cansados das guerras culturais. É esse grupo — pouco ruidoso, mas numericamente decisivo — que oscila entre esperança e frustração, e que, em tempos de tarifaço, pode tanto culpar Trump quanto trocar de canal. O Brasil não é bipolar. É tripolar: esquerda, direita e quem só quer pagar menos no arroz.

 

Golpe de vista

Se nos Estados Unidos Donald Trump ameaça com tarifaço, aqui o “papi Jair” enfrenta coisa mais pesada: 517 páginas de acusação. A PGR não poupou tinta — nem adjetivos — ao pedir a condenação do ex-presidente e mais sete companheiros da chamada “tropa do núcleo 1” da tentativa de golpe. São crimes graves: organização criminosa armada, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, e até dano ao patrimônio tombado. Traduzindo: foi feio, foi violento e foi filmado. Agora, só falta o STF decidir — e o Brasil, respirar.

 

Amigo é pra essas horas (ou não)

Enquanto Bolsonaro aguarda o julgamento, lá fora a pergunta ecoa: “Who is this guy?” — é o que muitos americanos respondem quando ouvem o nome do ex-presidente brasileiro. Mas a imprensa internacional sabe quem ele é, sim. Relatórios da BBC à CNN detalham cada desdobramento, e a imagem de “vítima do sistema” vai ficando difícil de manter. Até os apoiadores de Trump estão com o pé atrás. Uma vizinha nos EUA resumiu: “Se é notícia em tantos lugares ao mesmo tempo… ou é perseguição global, ou o moço se meteu demais onde não devia”.

 

General sem tropa, gabinete sem porta

A lista da PGR virou escalação de ministério paralelo: Braga Netto, Heleno, Ramagem, Anderson Torres, Garnier, Paulo Sérgio — todos sob acusação formal. Até o Mauro Cid, ex-fiel escudeiro, virou colaborador premiado e vai escapar da pena, mas não dá mágoa dos antigos colegas. É o que se chama de “desfile da tropa sem bandeira”: o sonho era o golpe, mas a realidade é o Gonet. O STF prepara o julgamento para setembro.

 

ITBI: Imposto teimando em bater imóvel

Você finalmente decidiu comprar um cantinho para chamar de seu, assinou os papéis com emoção, preparou as chaves… e o cartório sorri dizendo: “Falta o ITBI”. Sim, senhoras e senhores: o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis é aquele valor que o município cobra toda vez que você vira dono — uma espécie de “taxa de boas-vindas” ao mundo do teto próprio. O valor do ITBI varia de cidade para cidade (geralmente entre 2% e 3% do valor venal do imóvel), e precisa ser pago para que a transação seja registrada oficialmente. Sem ele, você é só um feliz iludido com um contrato na mão. O imóvel é seu, mas só depois que o fisco disser amém.

 

Tapando buraco com escritura

Em Foz do Iguaçu, a Secretaria de Finanças está de olho nas transações imobiliárias, e a lupa fiscal agora mira quem anda declarando valor de imóvel abaixo do valor. A orientação é clara: regularize, declare direitinho e evite multa. Afinal, a prefeitura precisa arrecadar para tapar os buracos e lidar com outras heranças. Neste caso, transparência é boa-fé — e se ela vier com o IPTU em dia, melhor ainda!

 

Quem mente no ITBI, paga com juros e Wi-Fi

Aviso aos espertinhos do mercado imobiliário: a Prefeitura de Foz agora notifica por WhatsApp! Não é fake news, é fisco news. Declarou imóvel por um valor e registrou outro? Os auditores comparam tudo com base na ABNT, e se a conta não fecha, a multa vai fechar: 20% sobre a diferença. Mas calma: dá para corrigir espontaneamente, preencher o formulário online e manter a consciência e o CPF limpos. A autodeclaração é como aquele “foi mal” antes de levar bronca. Melhor admitir e parcelar, do que fingir que não viu e acabar financiando mais um recapeamento da Avenida Paraná sozinho.

 

Falar em recapeamento…

A Prefeitura jogou asfalto e passou o rolo — literalmente — sobre os buracos da Avenida das Cataratas, no trecho que atravessa a Vila Yolanda, principal eixo turístico da cidade. Mas o piche parece ter acabado antes da promessa: logo adiante, as crateras seguem firmes, testando a habilidade (e a suspensão) dos motoristas. Foi uma operação relâmpago. Moradores, bem-humorados, apelidaram a avenida de “roupa de festa junina”: cheia de remendo, um aqui, outro ali…

 

Tem problema? Ricardinho neles!

Dá-lhe, Ricardinho! O vice-prefeito de Foz do Iguaçu vem quebrando um tabu municipal, onde vice só serve para cortar fita quando o titular viaja. Ricardinho gasta sola de sapato, comparece, escuta, presta contas e encara problema no ato — sem precisar de despacho. É raro, mas acontece: depois de seis meses de governo, ele segue em sintonia fina com o General. Em outros tempos, o vice já teria sido exilado para o limbo das pautas protocolares. Mandado para o Lost. Este colunista testemunhou: Ricardinho aparece nas reuniões com as comunidades e faz o que muita autoridade esquece — ou nunca aprendeu — a fazer: ouvir. Foz agradece.

 

Frente fria no capricho

Alerta ligado, cobertor à mão: o inverno decidiu mostrar serviço. Uma frente fria vinda do Sul traz chuva, vento e temperaturas em declínio acelerado — daquelas que fazem até capivara pedir um chocolate quente. A previsão aponta mínimas de 5°C a 8°C já na sexta-feira (18), com geadas no Sudoeste e nevoeiro nos arredores da fronteira. Segundo o Simepar, o frio vem com força até o fim do mês e volta a apertar em agosto. Ou seja, é melhor separar as meias grossas, porque o sol vai tirar férias prolongadas. O que vem por aí é frio real, com certificado meteorológico.

 

Tosses & tropeços da temporada

O inverno e o velho combo: nariz entupido, fila na UPA e muito chá de gengibre. Em Foz, como em todo o Paraná, as doenças respiratórias estão dando mais trabalho que previsão de tempo. Hospitais cheios, especialmente com crianças e idosos, e um recado claro: vacinas em dia, mãos limpas e nada de trancar todo mundo em casa sem abrir uma janela. Este colunista, por exemplo, já está há quase um mês lutando com uma virose teimosa que resiste até a benzetacil mental. Cuide-se. O frio passa, mas a gripe demora. Uma boa quinta-feira a todos!

  • Por Rogério Bonato

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