Base antiterrorismo será instalada na fronteira, em acordo entre Brasil, Paraguai e Argentina
Após divulgações do Governo Americano sobre supostos grupos ligados ao Hezbollah em Foz do Iguaçu e região, autoridades do Brasil, Paraguai e Argentina iniciaram discussões para aumentar a segurança na tríplice fronteira e estender o combate ao crime.
Dentre as medidas, destaca-se a instalação de uma base antiterrorismo permanente, que terá o objetivo de monitorar atividades clandestinas e preparar forças policiais para possíveis ataques, operações, bloqueios e outras ações de defesa em caso de necessidade.
A informação foi confirmada nesta semana pelo ministro da Defesa do Paraguai, Óscar González, que revelou também que está sendo preparado um encontro de autoridades dos três países da fronteira. A reunião deve ocorrer ainda este ano, mas ainda não tem data.
“Este assunto está sendo liderado pelo Ministério do Interior, e estamos participando com nosso pessoal. Estamos apoiando esta operação, mas prefiro que maiores detalhes sejam fornecidos posteriormente pelo MI”, disse o ministro.
As discussões para a implantação da base ainda são preliminares e estão sendo conduzidas com cautela e sob sigilo. Entretanto, González informou que provavelmente o escritório será fixado em Puerto Iguazú, na Argentina.
“Estamos em discussões preliminares. O comandante do Batalhão de Inteligência Militar, por exemplo, e outros funcionários vinculados a agências de inteligência estatais paraguaias, estão participando ativamente nos estudos e negociações, com autorização do presidente”, mencionou.
A ideia central para a base é concentrar, justamente, trabalhos de inteligência e monitoramento, sem mobilização significativa de agentes. O anúncio da criação do escritório ocorre pouco mais de um mês após os ministros da Segurança dos três países assinarem o acordo atualizado do Comando Tripartite, criado em 1996, em Buenos Aires. O acordo serviu para fortalecer a cooperação policial do Mercosul no combate ao crime organizado transnacional.
Informações ainda não oficializadas pelos governos dos países envolvidos indicam que a implantação da base antiterrorismo será financiada pelo Governo dos Estados Unidos, que já sinalizou interesse nesta operação em ocasiões pretéritas.
Hezbollah
Em publicação realizada em site oficial, por meio do Programa Rewards for Justiçe, o Governo dos Estados Unidos anunciou em maio deste ano o pagamento de recompensa de até US$ 10 milhões para quem fornecer informações que ajudem a desmantelar supostas redes financeiras ligadas ao grupo Hezbollah, que estariam em funcionamento na região da tríplice fronteira, com destaque para Foz do Iguaçu.
O grupo libanês é acusado, pelo governo do presidente americano, Donald Trump, de movimentar milhões de dólares na região através de uma ampla rede de atividades ilegais — que inclui lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, contrabando de petróleo, carvão, diamantes, cigarros e produtos de luxo, além de falsificação de documentos e moedas.
Os investigadores americanos também tentam pistas sobre empresas e investimentos ligados ao grupo, inclusive negócios de fachada usados para importação, exportação e até venda de imóveis.
Segundo o Departamento de Estado, as denúncias podem ser feitas em sigilo pelos canais de atendimento do governo americano. Relatórios dos EUA apontam que o Hezbollah também conta com apoio financeiro e logístico do Irã, aliado histórico da organização. Segundo as estimativas do Departamento de Estado, o grupo arrecada cerca de US$ 1 bilhão por ano, entre ajuda estatal, negócios internacionais, redes de apoiadores e esquemas ilegais.
- Da redação
- Foto: Abc Color