Brasil e Paraguai articulam uso parcial da Ponte da Integração a partir de dezembro
A Ponte da Integração, concluída há mais de dois anos, pode finalmente ser aberta ao tráfego de veículos ainda em 2025. Autoridades brasileiras e paraguaias reuniram-se em Foz do Iguaçu na sexta-feira (04) para criar uma Comissão Mista Internacional, com o objetivo de viabilizar a abertura parcial da estrutura — mesmo antes da conclusão da zona primária aduaneira.
A medida surge em resposta ao colapso diário de tráfego na Ponte Internacional da Amizade, que registra fluxo superior a 75 mil veículos por dia e gera congestionamentos recorrentes na fronteira entre Brasil e Paraguai. A proposta é liberar o novo corredor internacional, ao menos de forma emergencial, para veículos de passeio, turismo e caminhões em lastro, o que ajudaria a desafogar o trânsito e a dinamizar as relações comerciais na região da Tríplice Fronteira.
O encontro contou com a presença de representantes dos poderes Executivo e Legislativo dos dois países, além de órgãos federais como a Receita Federal, Polícia Federal, Ministério da Agricultura e DNIT. Pelo lado brasileiro, o vice-prefeito de Foz do Iguaçu, Ricardo Nascimento (PSD), e o presidente da Câmara Municipal, Paulo Debrito (PSD), participaram ativamente da discussão. Do lado paraguaio, estiveram presentes vereadores da Junta Municipal de Presidente Franco, deputados nacionais e autoridades alfandegárias.
Solução emergencial
Para os representantes brasileiros, a liberação parcial da ponte representa um passo urgente. “Criamos essa Comissão Mista para que a Ponte da Integração possa ser usada o quanto antes, mesmo que parcialmente”, afirmou o vice-prefeito Ricardo Nascimento.
O presidente da Câmara, Paulo Debrito, anunciou a próxima reunião da Comissão para o dia 28 de julho, quando serão discutidos os trâmites administrativos necessários e as competências dos órgãos binacionais envolvidos na operação conjunta da estrutura.
Ponte pronta
A Ponte da Integração, que liga Foz do Iguaçu (BR) a Presidente Franco (PY), foi concluída em 2022 com financiamento da Itaipu Binacional, mas ainda não entrou em funcionamento devido à ausência da zona primária alfandegária nos dois lados da fronteira. A estrutura física está finalizada, mas faltam os postos de fiscalização e controle de cargas e passageiros, exigidos para o funcionamento pleno da travessia.
Com a criação da Comissão Mista, as autoridades esperam costurar um acordo temporário para uso parcial, focado em categorias de veículos que não exigem fiscalização rígida. A proposta inclui diálogo com os Ministérios das Relações Exteriores, da Fazenda e da Infraestrutura do Brasil e do Paraguai para acelerar as autorizações necessárias.
Integração regional
A mobilização também evidencia uma pressão institucional crescente por parte das lideranças locais da região trinacional. Entidades empresariais, como a ACIFI (Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu), defendem que o uso parcial da ponte é essencial para evitar prejuízos ao comércio e ao turismo na alta temporada, além de representar um passo concreto de integração regional.
“Este é um momento de coordenação institucional importante. Temos uma ponte pronta e uma fronteira saturada. O uso emergencial é uma solução viável e necessária”, destacou Danilo Vendrusculo, presidente da ACIFI, que participou do encontro.
O tema também pode ganhar espaço na pauta diplomática entre os dois países, considerando o impacto direto sobre a mobilidade, a logística e a economia regional.
- Da redação com CMFI