Educação estadual do Paraná atende 15 mil alunos estrangeiros de 78 países

A rede estadual de ensino do Paraná atende atualmente mais de 15 mil estudantes estrangeiros, oriundos de 78 nacionalidades diferentes. Venezuelanos, haitianos e paraguaios formam os três grupos mais numerosos, somando aproximadamente 12 mil matrículas. Para garantir a inclusão desses alunos — muitos sem domínio da língua portuguesa —, as escolas vêm desenvolvendo iniciativas pedagógicas e culturais que facilitam a adaptação e o aprendizado.

No Colégio Estadual Ivonete Martins de Souza, em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, o número de alunos imigrantes cresceu significativamente desde 2023. A unidade passou a aplicar o Programa de Melhoria da Aprendizagem (PMA), da Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR), com foco no ensino de português como segunda língua. As aulas ocorrem no contraturno, uma vez por semana, com materiais voltados para estrangeiros.

Coordenadora da iniciativa, a professora Franciele Pacheco das Neves relata que o projeto busca desenvolver competências linguísticas e promover a integração cultural. “Ao combinar alfabetização com acolhimento, criamos um ambiente de respeito e compreensão mútua”, explica.

A venezuelana Milka Zuluy Pérez Vielma, de 15 anos, é uma das alunas beneficiadas. “Fui muito bem acolhida. Estou aprendendo a língua e me sentindo incluída”, diz. Já a haitiana Nashlie Charite, de 12 anos, afirma que falar português facilita sua vivência escolar: “Gosto muito do colégio e dos colegas, que sempre me ajudam”.

No Colégio Cívico-Militar Emília Buzato, em Campo Magro, outro projeto se destaca: estudantes que dominam a língua do recém-chegado atuam como monitores voluntários, acompanhando o colega nos primeiros dias. A estratégia de apoio entre pares ajuda na ambientação e reduz o sentimento de isolamento. Frisna Orellos Hatiana, haitiana de 16 anos, é uma das alunas que colaboram com a escola, inclusive auxiliando na comunicação com pais de outros estudantes.

A escola também desenvolve o projeto “Saberes”, com ações pedagógicas trimestrais que envolvem toda a comunidade escolar em atividades voltadas à valorização da diversidade cultural. Para o diretor Roberto Pereira de Oliveira, a proposta vai além da integração: promove reconhecimento e respeito às múltiplas culturas presentes no ambiente escolar.

A legislação estadual garante o acesso à educação independentemente de nacionalidade ou documentação. Estudantes sem comprovação escolar podem ser matriculados por idade, por prova de classificação ou por revalidação de estudos. Aqueles que não dominam o idioma participam do curso de Português para Falantes de Outras Línguas (Pfol), ofertado gratuitamente pelo CELEM (Centro de Línguas Estrangeiras Modernas) e também disponível para seus familiares.

Além da rede de ensino, o Governo do Paraná oferece apoio a migrantes e refugiados por meio do Centro Estadual de Informação para Migrantes, Refugiados e Apátridas (Ceim-PR), em Curitiba, que presta orientações jurídicas, educacionais, sociais e psicológicas.

Para o secretário estadual da Educação, Roni Miranda, os esforços demonstram o compromisso da rede com uma escola pública inclusiva. “Entre línguas, culturas e trajetórias distintas, o Paraná se torna, cada vez mais, um lugar onde todos podem aprender e crescer juntos”, afirma.

 

  • Da redação com AEN
  • Foto: SEED-PR

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *