Coluna do Corvo

No meio da semana!

Sejam bem-vindos, leitores e leitoras — sobreviventes do frio, dos buracos e, agora, de mais uma coluna! Depois de quatro dias sem escrever uma linha, foi preciso empurrar no tranco: escrever, afinal, não é como andar de bicicleta… embora, em Foz, ambas atividades exijam perícia circense. A verdade é que, sem ritmo, as ideias travam, os dedos congelam. Mas cá estamos, aquecidos pela indignação e por uma boa dose de sarcasmo — prontos para mais uma pedalada editorial! Certa ocasião um leitor me viu andando de bike e disse: “lá vai um urso de circo!”

 

Buraco no asfalto, buraco na gestão

Enquanto motoristas jogam videogame automotivo para desviar de crateras, o Ministério Público assumiu o joystick da responsabilidade pública. A 9ª Promotoria de Justiça tratou o problema não como “buraco”, mas como cratera de gestão. Com levantamento próprio — e bem mais eficaz que os vídeos de celular dos vereadores — o MP notificou oficialmente a prefeitura, chamando o descaso de política pública.

 

Prefeito, larga a massinha!

A recomendação é objetiva: chega de PMF — o tal asfalto a frio, que derrete com a primeira garoa e some com o vento, como verba mal aplicada. Remendar ruas com esse material é como colar rodapé com cuspe. A bronca foi direta ao prefeito Silva e Luna e à secretária Thaís Escobar: ou mudam a receita, ou continuam promovendo o festival das crateras urbanas.

 

Enquanto a Câmara cochila, o MP age

Cadê os vereadores? O promotor Luís Marcelo Mafra percorreu centro e bairros, cruzou denúncias e listou ruas esfareladas. Um trabalho de campo que expôs a inoperância de quem deveria fiscalizar. Ao contrário da retórica de plenário, o MP quer respostas — e um plano concreto (não de papel, nem de asfalto frio) em 30 dias.

 

Sinalize o buraco…

…antes que ele engula alguém. Nem o FOZTRANS escapou. A recomendação manda sinalizar o caos enquanto o conserto não vem. O mínimo? Avisos como “Cratera a 20 metros — reduza a esperança” ou “Buraco profundo encoberto pela água”. Foz precisa de sinalização que oriente e salve amortecedores. Há poças tão fundas que, se cair um retrovisor, o mecânico precisará roupa de mergulho!

 

Amortecedores pedem socorro

As ruas citadas pelo MP viraram meme na oficina mecânica: Pedro Basso, Lisboa, Plutão, Dobrandino e General Meira são só alguns exemplos onde o asfalto virou lembrança. O estado das vias beira a literatura de terror. E quando um promotor faz trabalho de engenheiro e urbanista, o asfalto passa a ser metáfora da lentidão institucional.

 

Promotor ou topógrafo urbano?

Crédito é preciso: Luís Marcelo Mafra saiu com câmera na mão, fez o levantamento por conta própria e ainda mapeou buracos escondidos — por enquanto só os das ruas. O que se viu foi um servidor público indo onde a base governista não ousou pisar. Em silêncio obsequioso, os aliados do prefeito tapam os ouvidos enquanto a população rasga os pneus. Para Silva e Luna, o buraco já virou pedra no coturno — e o desgaste político, um asfalto frio que esfarela sob a pressão popular.

 

As guerras e as mentiradas

O planeta ainda digere as mentiras da era pós-11 de setembro. Osama Bin Laden foi caçado, Saddam Hussein foi executado, e as tais armas de destruição em massa nunca existiram. Agora, o “perigo” atende pelo nome Irã. Fabricam-se boatos sobre bombas nucleares, mas o enredo parece repetido. Dá para acreditar?

 

Ex-alunos bem formados em geopolítica

Curiosamente, Bin Laden estudou nos EUA. Saddam foi parceiro estratégico contra o Irã. Este, por sua vez, enriqueceu urânio com ajuda americana. A lógica? Um manual de como criar monstrinhos e se assustar depois. Quando os aliados viram inimigos, o mundo vira um tabuleiro viciado — e quem mexe as peças são sempre os mesmos.

 

Boato atômico

A última “bomba” é que Trump teria sido induzido por Benjamin Netanyahu a inflar o medo iraniano. O urânio persa serviria mais para turbinas e medicina que para ogivas. A elite nuclear mundial ainda é exclusiva: EUA, China, Rússia, França, Reino Unido… e o Brasil, que só usa sua cota para alimentar Angra 1 e 2, quando não estão em manutenção.

 

Quem quer guerra, afinal?

Israel parece sempre disposto. Já a China prefere comércio ao confronto, a Rússia segue no xadrez da Ucrânia, e o resto do mundo torce para que ninguém aperte o botão errado. Se dependesse do bom senso global, essa guerra nem entraria no rascunho.

 

Trump em apuros

Nos jornais dos EUA, a crise é clara: Trump cutuca velhos aliados, flerta com inimigos e multiplica desafetos. Criou tensões diplomáticas, tarifárias, militares e migratórias — tudo ao mesmo tempo. O Congresso já sussurra o que o povo grita: não é com esse roteiro que se preserva o tal “modo de vida americano”.

 

Cadê o mundo “bão”?

Nem no cinema e nas novelas ele aparece mais. Tragédia virou trilha sonora da realidade: clima desregulado, fome crescente, intolerância em alta, religiões impotentes e líderes irrelevantes. Super-herói? Só se for da terceira via — e sem cueca por cima da calça.

 

Futebol sem sotaque

Confesso: ando meio desconectado do futebol. Não por mágoa, mas por saudade. Saudade de ver um craque em campo e reconhecer, na primeira pedalada, sua origem: “Esse é brasileiro!” Hoje, não dá mais. Os jogadores — ainda que bons — parecem fabricados em série. Todos correm atrás da bola com a mesma pressa e sem poesia, como se estivessem fugindo de um leão, não conduzindo uma paixão. É a globalização desbotando os estilos. O talento virou protocolo. A ginga, um item raro. O improviso? Quase proibido. O futebol, esse velho amigo, ficou mais atlético, mais europeu… e bem menos brasileiro.

 

Mundial com sotaque, por favor!

A nova Copa do Mundo de Clubes, com todo seu gigantismo, tem pelo menos um mérito: devolveu um pouco da mística ao futebol — e ainda esquenta o caldeirão da Copa de Seleções no ano seguinte, numa jogada genial da FIFA. Os times brasileiros, porém, ainda precisam aprender o caminho das pedras. Faltou estratégia, esforço e uma pitada de malandragem: Palmeiras e Botafogo vão se enfrentar já no mata-mata — um deles volta para casa antes da janta. Tomara que Fluminense e Flamengo não entrem na mesma fila. Imagina uma final 100% brasileira? Ia ser bom até para lembrar ao mundo que, sim, ainda temos sotaque no futebol… mesmo que ele ande meio esquecido entre uma tabelinha e outra.

 

Fim das férias, volta ao batente

Para os amantes dos feriadões, uma má notícia: o próximo só em setembro. Junho virou o mês do recesso informal — com São João, Santo Antônio, Corpus Christi, e agora São Pedro (sem feriado). Em Foz, a maratona de festas dura mais que carnaval de Salvador: começam em maio e só encerram quando acaba o quentão.

 

Frio + festa = pipoca passada

O clima ajudou nas festas juninas, mas os preços esquentaram mais que a fogueira. Pipoca virou artigo de luxo, espetinho está cru, duro e caro, e o quentão… ah, o quentão! Em vez de vinho ou pinga com cravo, gengibre e canela, há quem sirva refresco de uva em pacotinho com pinga vagabunda. É disso que o povo não gosta.

 

Edson Cordeiro: voz de ouro na fronteira

O contratenor brasileiro radicado na Alemanha, Edson Cordeiro, se apresenta neste sábado (28) no espaço cultural A Casa, em Foz. Com a participação do grupo Frontrezz, promete um espetáculo vocal e instrumental de primeira. Ingressos antecipados por R$ 100, e pacotes a partir de R$ 170 para duas pessoas. Esgotando rápido — e com razão.

  • Por Rogério Bonato

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