Mais de 50% da população de Foz vive em ruas sem rampa de acesso para cadeirantes
Uma cidade de médio porte, renomada pelos atrativos turísticos, mas que padece quando o assunto é acessibilidade e infraestrutura nas vias públicas. Segundo dados do Censo de 2022, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 53,7% da população no município vive em ruas ou avenidas sem rampa para cadeirantes.
O levantamento mostra ainda que a cidade também carece de pontos adequados para embarque e desembarque em ônibus do transporte coletivo e vans. Somente 10,4% dos domicílios ou empresas estão localizados em ruas ou avenidas com este tipo de suporte.
Quase 98% dos moradores também moram distantes de vias com sinalização para bicicletas e 65,7% residem em locais com calçadas onde há obstáculos, como postes e outras estruturas que dificultam a passagem dos pedestres, carrinhos de bebê e cadeiras de rodas.
Com a presença desses obstáculos, há uma elevação nos riscos de acidentes envolvendo idosos, crianças, gestantes e pessoas com mobilidade reduzida. Na fronteira, cerca de 24 mil moradores têm mais de 60 anos. Os números evidenciam a gravidade do problema.
“Em muitos bairros, as famílias circulam por locais que não possuem calçadas ou, quando as têm, estas estão em condições precárias, obrigando os cadeirantes a andar na rua. Esta condição já representa um risco para pessoas sem mobilidade reduzida, então imagine o transtorno para uma pessoa com deficiência. Recebemos reclamações frequentes sobre a falta de estrutura nas vias públicas”, relatou a presidente da Associação Cristã de Deficientes Físicos (ACDD).
No quesito arborização, a realidade é um pouco mais positiva para a Terra das Cataratas. Na pesquisa foi identificado que 58,1% dos habitantes moram em locais com cinco ou mais árvores e 97% dispõe de iluminação pública e ruas pavimentadas. Pouco mais de 52% da população está instalada em vias que possuem bueiros para o escoamento de água.
No Paraná, Maringá se destaca em relação às cidades com mais de 100 mil habitantes, figurando entre os cinco municípios do Brasil onde mais da metade da população vive em ruas com rampas para cadeirantes. Cidades como Toledo (61,3%) e Cascavel (59%) também estão entre as mais bem posicionadas no ranking de vias com rampas.
Em todo o Brasil, 1.864 municípios registram menos de 5% da população vivendo em ruas com rampas para cadeirantes, evidenciando disparidades regionais significativas.
Responsabilidade
Conforme previsto na Lei n° 3.144/20o5, que define a padronização das calçadas em Foz do Iguaçu, a responsabilidade pela construção, manutenção e conservação da calçada em frente a um imóvel é do proprietário ou do responsável por ele. Isso inclui locatários, condomínios e outras entidades privadas.
De acordo com a Prefeitura Municipal, há fiscalização no cumprimento da padronização. Isso ocorre desde a aprovação de novos projetos, quando a exigência é feita para a emissão de alvarás e licenciamento de novos loteamentos, até as calçadas já existentes, que as equipes de fiscalização vistoriam e notificam os proprietários para a execução ou manutenção necessária.
A população pode auxiliar na fiscalização e cobrar a prefeitura por meio de denúncias sobre irregularidades através do aplicativo ou do site eOuve. É possível adicionar fotos que auxiliem na identificação dos imóveis ou ainda ligar para o telefone 156.
- Da redação
- Foto: divulgação