Roteiro educativo transforma memória urbana de Foz em conteúdo escolar
A história de Foz do Iguaçu tem saído dos livros e ganhado vida nas ruas do centro da cidade, em uma experiência que alia ensino, cidadania e preservação da memória. Desde abril, estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental participam de passeios educativos organizados pela Fundação Cultural. A proposta é simples, mas transformadora: caminhar pela cidade, ouvir histórias e reconhecer o patrimônio local como parte da identidade de quem vive ali.
A iniciativa integra o projeto de Educação Patrimonial, sustentado pela Lei Municipal nº 4.470/16, que atribui ao poder público a responsabilidade de preservar e promover o patrimônio cultural do município. As visitas ocorrem todas as quintas-feiras, com saídas às 8h20, 9h20, 14h00 e 15h00, diretamente da sede da Fundação Cultural.
Cada grupo é recebido no auditório da instituição, onde uma breve conversa prepara o olhar dos estudantes. Em seguida, começa o percurso a pé, acompanhado por educadores e pela Guarda Municipal, que garante a segurança da atividade.
O roteiro contempla pontos emblemáticos como o prédio da Prefeitura Municipal, o antigo Fórum (atual sede da Fundação Cultural), o Senac — que já foi o primeiro hotel cassino da cidade — e a Biblioteca Elfrida Engel, onde o passeio se encerra. Também fazem parte do trajeto a antiga cadeia pública (hoje simbolizada pelo painel de Miguel Hachen, na Praça da Paz), a Estação Cultural Haroldo Alvarenga, a Escola Munhoz da Rocha (hoje Colégio Bartolomeu Mitre), a sede do Ministério Público do Trabalho (ex-Banco do Brasil), as casas trigêmeas da Av. Brasil e a Igreja Matriz com sua Casa Paroquial.
De abril até agora, 198 crianças já participaram da atividade, e a expectativa é ampliar o público. “Desde o início das visitas, a receptividade tem sido muito positiva. A ideia é levar essa ação para outras turmas escolares e também para a comunidade em geral”, explica Liane Chicoski, responsável pelo projeto.
A proposta é sustentada por três frentes: formação continuada de professores, atividades com estudantes e produção de materiais e eventos culturais voltados à comunidade. O conteúdo pedagógico está em elaboração para apoiar os docentes, que terão ferramentas para integrar o tema ao currículo.
“No contexto escolar, é fundamental que professores e alunos compreendam a história de Foz do Iguaçu e conheçam sua identidade. Isso contribui para a transmissão de saberes e o fortalecimento do sentimento de pertencimento e responsabilidade com o patrimônio local”, afirma Liane.
O projeto é fruto da articulação entre a Prefeitura Municipal, a Fundação Cultural e a Secretaria de Educação, com apoio de instituições de ensino superior, do Cepac, do grupo “Causos de Foz”, da ACAPI – Foz e do Governo do Estado do Paraná.
Para o diretor-presidente da Fundação Cultural, Dalmont Benites, a educação patrimonial é uma estratégia para preservar a memória da cidade. “Por meio da formação de professores e do envolvimento dos estudantes, estamos ajudando a construir uma consciência coletiva voltada para a valorização da nossa história e dos nossos patrimônios culturais”, afirma.
O prefeito General Silva e Luna destaca a relevância pedagógica do projeto. “Com esse projeto nós pretendemos fortalecer a herança cultural de Foz”, pontua.
Mais do que ensinar datas e nomes, a proposta conecta as novas gerações ao chão em que vivem, promovendo um vínculo que, como o patrimônio, precisa ser cuidado e transmitido.
- Da redação com assessoria