BR-277 será duplicada e monitorada com IA
A partir de um compromisso firmado nesta segunda-feira (28) em Brasília, o Paraná entra em uma nova fase na sua malha viária: os contratos dos lotes 3 e 6 do programa estadual de concessões rodoviárias foram assinados com investimentos que ultrapassam R$ 36 bilhões. Somente o lote 6, que liga o Oeste do estado ao litoral, representa a maior concessão já feita pelo governo estadual, com R$ 20,2 bilhões previstos para duplicações, faixas adicionais e modernização em mais de 660 quilômetros de rodovias federais e estaduais.
Com a assinatura, todo o eixo da BR-277 — que conecta Foz do Iguaçu ao Porto de Paranaguá — passa a ser operado por concessionárias privadas. O lote 6, agora sob gestão do Grupo EPR, integra municípios antes fora do mapa logístico das concessões, como Ampére, Pato Branco, Francisco Beltrão e Realeza, e inclui nove praças de pedágio. As obras abrangem trechos das BRs 163, 277 e das PRs 158, 180, 182, 280 e 483.
Entre os principais projetos estão 462 quilômetros de duplicações, boa parte na BR-277 e na PR-182. Também estão previstas obras estruturantes, como o Contorno de Marmeleiro, com quase 7 km, e o de Lindoeste, com 6,8 km. A concessão se estende de Cascavel até Pato Branco, onde fará conexão com a revitalização da PRC-280, obra em concreto conduzida diretamente pelo Governo do Estado.
“O Estado do Paraná, por meio de suas políticas próprias e de parcerias com o governo federal, está pilotando uma agenda que pode servir de exemplo para outros estados que precisam impulsionar o desenvolvimento”, afirmou o ministro dos Transportes, Renan Filho.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior destacou que o modelo de concessão — que unifica rodovias federais e estaduais em um só pacote — aumenta a atratividade para grandes investidores e projeta o Paraná como central logística da América do Sul. “Esse crescimento econômico é fruto de um grande planejamento iniciado em 2019”, declarou. “Estamos entregando aos paranaenses um modelo de concessão transparente e justo.”
Os contratos preveem ainda implantação de ciclovias, passarelas, sistemas inteligentes de pesagem e monitoramento meteorológico, além de câmeras com reconhecimento de placas e detecção automática de incidentes.
Lote 3: rota estratégica entre Norte e Litoral
Já o lote 3, com 570 quilômetros, será gerido pelo Grupo Motiva (ex-CCR S.A.), vencedor com um desconto de 26,6% na tarifa de referência. O trecho conecta 22 municípios do Norte, Vale do Ivaí e Campos Gerais até o Porto de Paranaguá. Estão previstos R$ 16 bilhões em investimentos.
A rodovia BR-376, que atravessa Mauá da Serra, ganhará uma área de escape no km 305, na Serra do Cadeado, ponto crítico de acidentes. Também estão planejados os contornos de Apucarana (13,8 km), Califórnia (5 km) e dois novos contornos em Ponta Grossa: o Norte (14,65 km) e o Leste (27,7 km).
No total, são 132 quilômetros de duplicações e quase 25 km de faixas adicionais em rodovias como BR-369, BR-373, PR-323, PR-445 e PR-090.
Cobrança de pedágio
A vigência dos contratos terá início após a assinatura do Termo de Arrolamento e Transferência de Bens, prevista para os próximos 30 dias. A partir disso, as concessionárias poderão assumir efetivamente a gestão das rodovias e iniciar os serviços de recuperação e melhorias.
A cobrança de pedágio, no entanto, só poderá ser iniciada após vistoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que deverá atestar as condições das praças e autorizar a operação. Depois disso, haverá um período obrigatório de divulgação pública das tarifas e descontos.
Para Guilherme Theo Sampaio, diretor-geral da ANTT, o modelo contratual oferece “estabilidade, previsibilidade e segurança tanto para as concessionárias quanto para quem pretende investir no Paraná”.
Próximos lotes
Com os lotes 3 e 6, o Paraná já delegou quatro dos seis blocos de concessões planejados. Os dois últimos — lotes 4 e 5 — devem ser leiloados até setembro, em evento na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Eles somam mais de mil quilômetros em rodovias das regiões Oeste, Centro-Oeste, Noroeste e Norte Pioneiro.
O lote 1, operado pelo Grupo Pátria, foi leiloado em agosto de 2023 e prevê R$ 7,9 bilhões em investimentos. O lote 2, já sob responsabilidade do Grupo EPR, deve receber R$ 10,8 bilhões. Ao final do processo, 3,3 mil quilômetros de estradas terão sido concedidos à iniciativa privada, com investimentos totais superiores a R$ 60 bilhões ao longo de 30 anos.
- Da redação com AEN
- Foto: Jonathan Campos/AEN