UNILA concede título de Doutora Honoris Causa à ativista ambiental e educadora Moema Viezzer
A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) concedeu, pela primeira vez em sua história, o título de Doutora Honoris Causa à educadora popular, feminista e ativista ambiental Moema Viezzer. A homenagem foi formalizada durante a 95ª Sessão Ordinária do Conselho Universitário (CONSUN), marcando um momento simbólico e histórico para a instituição. A decisão foi aprovada por unanimidade, refletindo um reconhecimento coletivo da comunidade acadêmica — incluindo docentes, discentes, servidores e o Observatório Educador Ambiental que leva o nome da homenageada — à trajetória de Moema e sua contribuição à educação crítica e à justiça socioambiental na América Latina.
Natural do Rio Grande do Sul, Moema Viezzer teve atuação marcante como educadora popular em diversos países da América Latina, especialmente durante e após o período das ditaduras militares. Sua presença foi decisiva em espaços de articulação internacional, como a ECO-92, onde ajudou a construir documentos referenciais como a Carta da Terra. Indicada ao Prêmio Nobel da Paz junto a outras mulheres do mundo, Moema mantém fortes laços com a região da Tríplice Fronteira e é considerada uma referência na luta por direitos humanos, educação transformadora e justiça ambiental.
A sessão que oficializou a outorga do título foi presidida pela reitora da UNILA, Diana Araujo Pereira, e contou com a presença de lideranças sociais, políticas e acadêmicas da região. Entre as falas de destaque, esteve a da bibliotecária Suzana Mingorance, que ressaltou a importância do acervo pessoal de Moema doado à UNILA em 2018 e o valor desse material como fonte de pesquisa e memória latino-americana. “Receber o acervo da sua vida, suas memórias, sua arte, seu legado, que representa toda a história recente dos educadores populares latino-americanos, é um dos momentos mais importantes da minha própria história”, afirmou Suzana.
Também homenagearam Moema as professoras Suellen Mayara Péres de Oliveira e Luciana Ribeiro, fundadoras do Observatório Educador Ambiental. Suellen destacou que a trajetória da homenageada reflete a história dos movimentos sociais e da educação popular na América Latina e no Caribe, com passagens por Argentina, Chile, México, Caribe e Haiti. Já Luciana descreveu Moema como uma “educadora rizomática”, cujas raízes e conexões subterrâneas sustentam redes de resistência e criatividade, transformando os espaços por onde passa.
A reitora Diana Araujo Pereira celebrou a concessão da honraria à Moema como um gesto que fortalece a missão da UNILA. “É uma honra que nosso primeiro Doutorado Honoris Causa seja concedido a uma mulher latino-americanista, ambientalista e feminista, cujo legado alcança desde o Oeste do Paraná até a Bolívia, o México, a República Dominicana e além”, declarou. Segundo ela, Moema representa uma inteligência coletiva baseada no amor, empatia e solidariedade — princípios fundamentais para a construção de uma universidade decolonial e comprometida com o bem viver.
Visivelmente emocionada, Moema agradeceu a homenagem com surpresa e alegria. Para ela, o reconhecimento simboliza o valor do saber construído coletivamente e a importância do diálogo de saberes e da interculturalidade como caminhos para a paz. “A UNILA sempre foi, pra mim, um horizonte inspirador – uma universidade que nasce com o espírito da integração, da transdisciplinaridade, da decolonialidade”, afirmou a homenageada.
A cerimônia contou ainda com a presença de representantes de instituições e movimentos sociais da Região Oeste do Paraná e da Tríplice Fronteira, como a Unioeste, a Prefeitura de Foz do Iguaçu, o coletivo Ecopolítica e Sobrevivência (Paraguai), os Paraecológicos, entre outros. A professora Nelsi Kistemacher Welter, da Unioeste e pesquisadora do PPGICAL, também fez uma homenagem à educadora.
Prevista no Estatuto da UNILA, a concessão do título de Doutora Honoris Causa é uma das mais altas distinções que uma universidade pode outorgar a pessoas que se destacaram em suas áreas de atuação, mesmo sem vínculo acadêmico formal. Com esta escolha, a UNILA celebra não apenas a trajetória individual de Moema Viezzer, mas também os valores que a instituição busca promover: integração regional, justiça social, compromisso ambiental e emancipação humana.
- Da redação com UNILA
- Fotos: Moisés Bonfim/SECOM