Coluna do Corvo

Enfim o reconhecimento

Conferir ao ilustre Alberto Santos-Dumont, o título de “Patrono do Turismo Paranaense” não honra apenas o homenageado, mas a história de Foz do Iguaçu, por muitas vezes ignorada e distorcida. Então vamos pensar, até porque hoje é sábado! Para viajar de Buenos Aires até Iguazú, ou Foz, na atualidade, um voo dura pouco menos de duas horas, se for direto. Mas em 1916, tamanha a curiosidade para conhecer as Cataratas, o inventor embarcou num navio a vapor. Levou dias percorrendo as rotas fluviais no Estuário do Prata, e, contra a correnteza. O trajeto não é fácil e nem confortável até hoje, pensa como seria no início do século passado?

 

Desvio

Na verdade, segundo a saudosa Elfrida Engel, Santos-Dumont, motivado pelo Moisés Bertoni, resolveu fazer uma aventura: ao regressar do Chile, onde participou de uma conferência, desembarcou em Buenos Aires. Os planos originais era entrar em outro navio para São Paulo e depois Rio de Janeiro. Ao conhecer o cientista ítalo-suíço, mudou de ideia. O encontro deve ter sido no mínimo eloquente. Farei mais uma vez o relato, baseado na narrativa da pioneira: passeando pela capital portenha o aviador se deparou com uma foto das quedas, provavelmente ainda produzida por daguerreotipo. Funcionários de uma casa “fotográfica” fixavam a imagem em uma vitrine; estava lá o autor do Cartão Postal, Bertoni em pessoa. Assim os geniais se conheceram e não está errado escrever que foram aproximados pelas Cataratas do Iguaçu.

A aventura

Bertoni seguiu para Assunção e Alberto desembarcou no lado argentino, hospedado por ilustres moradores de Puerto Victória, assim chamada Iguazú em seus tempos prósperos de extração da erva-mate. Os brasileiros ficaram sabendo e foram lá “resgatá-lo”, brincava dona Elfrida. E a jornada foi de fato uma epopeia. Depois de se impressionar pelas belezas naturais no quintal do uruguaio Jesus Val, e resolver brigar pela “emancipação” da área, atravessou as picadas em meio a mata paranaense até Guarapuava, transpondo rios, e um percurso impraticável até mesmo pelos militares. Logo, fez um esforço muito grande em favor de Foz e, do Turismo e nisso o deputado Hussein Bakri foi feliz em conferir a homenagem.

 

Ai, a BR 469

Não foram poucos os comentários de leitores e amigos com o imbróglio da recuperação judicial, afinal a possível paralização da empresa responsável pela obra de duplicação da Estada das Cataratas e, consequentemente, das obras, é de tirar o sono da população. Há quem garanta que a cidade corre um sério risco de encarar um canteiro de obras anos a fio. Vamos rezar para isso não acontecer! É um pesadelo. Se as ruínas da primeira tentativa de duplicação atrapalharam a cidade por cerca de duas décadas, as projeções são perturbadoras. Barbaridade! Segundo informações a empreiteira entrou num atoleiro de areia movediça.

 

Ai, lá fora

O assunto balançou o coreto, afinal a BR 469 é o único portal de entrada e saída aos que utilizam a aviação e a via de contemplação de um dos maiores atrativos do planeta. O grande Caio Gotlielb escreveu em sua página eletrônica: “há quem diga que o trecho da BR-469 entre Foz do Iguaçu e as Cataratas, uma das mais famosas e visitadas atrações turísticas do Brasil, foi construído sobre um antigo cemitério guarani. Se é lenda ou licença poética, não importa. O fato é que há mais de três décadas essa curtíssima estrada federal, com seus parcos 8,7 quilômetros, parece amaldiçoada por forças misteriosas que repelem tratores, engolem cronogramas e transformam cada promessa de duplicação num novo ato da mesma tragicomédia”.

 

Ai, se fosse em Cascavel…

…também não está errado escrever, que a sociedade civil de Cascavel é bem mais organizada que a de Foz. Agem como uma tribo de botocudos e mobilizam a população em questão de horas. Se o governo não se mexer, tiram os tacapes do armário. Os cascavelenses são muitíssimos articulados com as forças empresariais, cooperativas de todos os segmentos e os políticos. Batem no céu da boca se for o caso. Foz tem muito a aprender com aquela gente.

 

Ai, aqui em casa…

…contaram para este colunista que o prefeito General ficou muito feliz quando soube que uma empresa automobilística norte-americana demonstrou interesse em Foz. Imediatamente ele teria requisitado um mapa do distrito industrial. A gigante pretende fabricar veículos do tipo “Rover”, iguais aos que se movem na Lua e estão sendo projetados para andar em Marte. Toda a felicidade do mundo durou pouco para o Silva e Luna: a cidade foi escolhida para facilitar teste dos experimentos, tamanho a quantidade de buracos nas ruas e avenidas. A recente pavimentação de algumas vias parece não ser suficiente. Alguns buracos são tão grandes que podem ser vistos por satélite, a começar pela Vila Iolanda.

 

Velocidade

O prefeito Joaquim Silva e Luna está preocupado com o desgaste precoce da sua gestão e pretende fazer mudanças na equipe, com o objetivo de imprimir mais velocidade nas ações. Nada mais prático do que recrutar um piloto de provas de motociclismo de alta velocidade: Márcio Bortolini, que teria sido convidado para assumir a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Ele é funcionário da Itaipu Binacional e ganhou prestígio durante a gestão passada, como braço à direita do General Carbonel, na Diretoria de Coordenação.

 

Sem percurso

Na atual gestão da Binacional, o campeão de motovelocidade perdeu a pista e foi parar nos boxes, furou os pneus e parece não haver reposição. Mas a Itaipu teria colocado uma condição para ceder o passe temporariamente à PMFI: reembolso integral do salário do empregado, com todas as vantagens. A Prefeitura não estará lá muito disposta a fazer um desembolso muito maior ao que paga aos secretários municipais, por um princípio de economia. Perguntar não ofende: a regra vale para todos ou apenas para a gestão do Generauuuuuuuuuuuuuu? O gato do Paulo subiu no telhado.

 

Azeite e água

Militar de carreira, o General Joaquim Silva e Luna foi treinado a vida inteira para cumprir ordens e, quando no comando, esperar o clássico “sim, senhor” — ou, para os mais internacionalizados, “yes, sir”. O problema é que política municipal não se governa com ordem unida nem hierarquia de caserna. Por aqui, quem não sabe ouvir e negociar, acaba isolado. A cultura do quartel e a arte política são como azeite e água: não se misturam. E o clima em Foz do Iguaçu mostra isso com clareza.

 

Antagonismo à vista

Nos bastidores, o comentário é de que o General anda acumulando desafetos na Câmara Municipal. Até vereadores que tempos atrás batiam continência simbólica, hoje andam nas tamancas. Um aliado confidenciou: “Estou tirando uma lasca do General amanhã… muita reclamação…”. Ou o prefeito aprende rápido as manhas da política local ou corre o risco de ficar cada vez mais isolado no próprio gabinete. Aí o gato mia no interrogativo: “Generauuuuuuuuuuuuuuuuu?”

 

Missão dada… missão mal recebida

Aqui entre nós e as torcidas do Flamengo e Corinthians, o General sempre se notabilizou pelo perfil técnico e disciplinado, tanto no Exército quanto na Itaipu. Mas na prefeitura de Foz, missão dada não significa missão cumprida. Os problemas da cidade exigem articulação política, jogo de cintura e, sobretudo, disposição para ouvir. Se insistir em governar como se estivesse em um quartel-general, o Generauuuuuuuuuuuu corre sério risco de se ver sem tropa e sem base. Em política, o isolamento é meio caminho andado para naufrágio.

 

O caso do telhado

O deputado Matheus Vermelho já havia indicado há dois anos o recurso para a reforma do telhado fatal do posto de saúde da Vila Yolanda, que desabou com a chuva. Os valores orbitaram R$ 280 mil e mais R$ 150 mil para os equipamentos. Agora ele garantiu 1,2 milhão de reais para a reforma completa da mencionada UBS. Garantiu e gravou um vídeo, que aliás, repercutiu e muito nas redes. “Infelizmente a gestão passada não fez o trabalho que deveria ter feito…o meu papel eu fiz, agora está nas mãos da gestão municipal, do prefeito General Silva e Luna, espero que agora executem a obra”.

 

Bom senso
Depois de muita discussão interna e cálculo de desgaste político, a atual diretoria executiva da Itaipu Binacional decidiu, definitivamente, engavetar a proposta de reabrir o escritório de Curitiba. O fechamento, vale lembrar, foi uma das primeiras medidas da gestão do General Luna em 2019, como parte do plano de racionalização e corte de gastos. Enio Verri até acalentou a ideia de fazer a roda girar ao contrário, mas o realismo político acabou prevalecendo: o custo seria alto demais.

 

Fila de espera
Nos bastidores, comenta-se que a devolução recente de um agente federal ao seu órgão de origem foi interpretada como a pá de cal no assunto. Afinal, ele era tido como quem seria o síndico do novo escritório. Havia quem dissesse a boca pequena que já havia uma fila de espera de empregados que, tão logo Itaipu reabrisse o escritório, pleiteariam transferência para a acolhedora capital do Estado. Fim das ilusões.

 

E o Paulo?

Ele bateu o cartão na etapa municipal da Conferência Nacional das Cidades, a “ConCidades”. Foi lá para debater o que considera “os principais desafios urbanos de Foz do Iguaçu e propor soluções”. Mas o Paulo Mac, hoje, é um “sem-cidade” para governar e claro, está lançando as pistas: “o evento é um bom diálogo para ficar com o olho no nosso futuro”. Não está ligando bem um pouco para o gato, em cima do telhado, do Generauuuuuuuuuuu.

 

  • Por Rogério Bonato

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