Região de Foz concentra mais de 80% das apreensões de agrotóxicos realizadas no Paraná

Região de Tríplice Fronteira, Foz do Iguaçu é porta de entrada para vários tipos de produtos, muitos deles importados de maneira clandestina. Neste cenário ganhou destaque nos últimos dois anos a quantidade de agrotóxicos apreendidos no município e região que, de acordo com a Receita Federal do Brasil (RFB), concentra mais de 80% do volume de defensivos recolhidos em todo o Paraná.

Somente neste ano as forças de segurança retiraram de circulação 3,2 mil unidades de agrotóxicos no estado. Cerca de 2,3 mil unidades foram apreendidas na região Oeste, que abrange cerca de 30 municípios. A maior parcela de ações ocorreu em portos clandestinos às margens do Lago de Itaipu e Rio Paraná, em Foz e cidades vizinhas.

“O que antes possuía uma presença mais forte nas estradas e rodovias passou a ter presença intensa na região fluvial. Quadrilhas que antes se utilizavam exclusivamente do transporte de cigarros contrabandeados e drogas passassem a investir nessa modalidade para intensificar seus ganhos, por isso a fiscalização tem sido cada vez mais intensificada”, explicou o PM Luis Eduardo Beiger da Luz, que faz parte do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), unidade que atua na linha de frente no combate ao contrabando.

O valor destas apreensões no estado já ultrapassa em 2022 R$ 1,7 milhão. Em Foz o valor até maio atingiu R$ 532.949,87. No ano passado o montante atingiu R$ 2,8 milhões, causando grande prejuízo ao mercado nacional e oferecendo diversos riscos à fauna e flora.

Um levantamento feito pela RFB mostra que os agrotóxicos com maior registro de apreensão no estado são o Tiametoxam e o Benzoato de Emamectina. Este último, apesar de hoje ser regulamento pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é altamente tóxico e foi proibido até 2017.

Para ser utilizado em lavouras, o Benzoato foi liberado apenas na concentração de 5%, entretanto apenas uma empresa atualmente detém o registro para vender o produto em solo nacional, sendo este importado frequentemente do Paraguai de forma ilegal.

Tendo em vista que a manipulação deste tipo de produto oferece diversos riscos à saúde, os defensivos passam por diversos processos antes de terem a venda liberada no Brasil.

Para entender o processo, a Receita explica que para o uso de um novo agrotóxico ser aprovado é preciso que o produto passa por avaliações do Ministério da Agricultura, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Paraná é “destaque” no contrabando

O Paraná está entre os três estados que mais apreendeu defensivos contrabandeados nos últimos cinco anos no país. De 2017 a agosto de 2022, o estado recolheu cerca de R$ 9,1 milhões desse produto. Quem lidera o ranking é o Rio Grande do Sul, com R$ 16.522.019,65 em apreensões e Mato Grosso do Sul, com R$15.789.193,11.

Neste ano, dos agroquímicos apreendidos em quilos, 72% eram transportados em veículos de passeio e 20% em caminhões. O mês com a maior quantidade de apreensões foi janeiro (11.230 quilos).

Das substâncias em litros, 40% foram transportadas em caminhões, 22% em veículos de passeio e 17% em caminhonetes e os meses com a maior quantidade de apreensões foram fevereiro (7.100 litros), março (5.980 litros) e julho (4 mil litros).

Riscos à saúde

Além de prejudicar o comércio nacional, o contrabando de agrotóxicos oferece riscos à saúde, uma vez que estes produtos são considerados tóxicos. A intoxicação crônica por estes produtos pode problemas graves, como paralisias, lesões cerebrais e hepáticas, tumores, alterações comportamentais, entre outros. Em mulheres grávidas, podem levar ao aborto e à malformação congênita, além do desenvolvimento de cânceres.

Da redação / Foto: divulgação BPFron

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