Coluna do Corvo
Saúde é saco sem fundo
Mais 1,2 bilhão para nutrir o atendimento na Saúde dos paranaenses. E resolve? Quem conhece do assunto diz que não. Mas sem esses aportes a situação só vai piorar. A Saúde pública é um problemão em todo o mundo, afinal. As populações aumentam, os problemas ambientais alastram, as doenças proliferam, e cada lugar tem as suas características e necessidades. Não demora, os impostos serão convertidos somente o plano de saúde dos brasileiros e o restante corre risco de ficar de lado.
Manifestações
Este colunista recebeu uma penca de mensagens de gente pró e contra as manifestações pela anistia dos envolvidos no 08/01. O interessante são as comparações, com outros processos de anistia no passado. Agressões à história é o que em geral, nunca falta nesses embates. Chega a ser complicado emitir opinião, mas como o espaço é aberto a todos, vamos lá: o leitor A.M.B.B (pediu para não ter o nome publicado escreveu que “no passado anistiaram ladrões, corruptos, estupradores, terroristas e hoje não querem soltar mães de família, velhinhos e pessoas contrárias a posse de um…”. Faça o favor né? Os ladrões e afins, não foram à Brasília depredar o bem público e nem praticaram um vandalismo sem precedente contra a Constituição e os Poderes. Há esse diferencial em julgamento. Mas aqui entre nós, o caso é perdoar a ignorância e essa gente já amargou um bom tempo pelos atos praticados. A Justiça é quem vai decidir, independentemente a formação da opinião e o pensamento da maioria da população.
Crime terrível
No Brasil isso parece ser novo, embora a Constituição seja clara quanto ao vandalismo ou a depredação do Patrimônio Público. Mas se pesquisarem, descobrirão que nos Estados Unidos, por exemplo, se alguém quebrar uma pia, ou vaso sanitário de um banheiro público, pode ser sentenciado a prisão perpétua, porque o bem coletivo é considerado muito importante. Veremos como isso será tratado no Brasil. Donald Trump fez uso da Constituição dos EUA, no artigo 2º, seção 2, cláusula 1, que confere ao presidente poderes para conceder perdão por crimes federais, o que restabelece os direitos civis dos autores. Vale relatar, que isso não significa que o beneficiado seja inocente. O perdão retira restrições civis, como limitações ao direito de votar, concorrer a cargos eletivos e participar de júris, e facilita a obtenção de licenças, seguros e empregos. Em alguns casos, elimina os fundamentos legais para deportação. O presidente dos EUA ainda pode conceder remissão, ou a extinção das obrigações financeiras impostas pela sentença, e adiar o cumprimento da penalidade.
E no Brasil?
O presidente da República pode perdoar a pena por meio de graça (artigo 5º, XLIII, da Constituição) ou indulto (artigo 84, XII, da Constituição). Ambos os benefícios extinguem a punibilidade e só podem ser outorgados após o trânsito em julgado da sentença condenatória. É diferente dos E.U.A. Segundo pesquisa, “a graça é concedida a pessoas específicas. Quem tiver interesse na obtenção do benefício deve requerê-lo ao conselho penitenciário. Este órgão enviará o pedido ao Ministério da Justiça, que irá elaborar parecer e submeter a decisão final ao chefe do Executivo federal”. É mais ou menos assim que funcionam os indultos de Natal, quando um monte de aninhos sai para ver a família e dão no pé da penitenciária. Voltaremos ao tema, certamente.
Preço do café
“Antigamente consumíamos o café Caboclo, porque era mais barato e com marca tradicional, em torno de R$ 12,50. A situação melhorou um pouco e mudamos para as marcas Melita e Três Corações ao preço de RS 18,00. Ontem fui ao mercado e isso custava quase R$ 40,00? O que acontece hein? E um detalhe, não vendem as embalagens 250 gramas, só de 500. Tiraram das gôndolas. O produto descafeinado, indicado para algumas pessoas beira R$ 50,00, o que é um absurdo. Será que terei que plantar o café, torrar e moer, para economizar?”, escreveu a dona Julia G. B. Silva. Realmente o preço do café anda muito alto. E o cafezinho também. Quem mantém o hábito de pedir um expresso, acompanhado de um pão de queijo e chamar um amigo, vai desembolsar entre R$ 38,00 a R$ 52,00, dependendo a cafeteria.
O que passa?
Não houve outra saída que não fosse ler as revistas especializadas. O aumento do preço do café no Brasil se deve a uma combinação de fatores: crise climática, a redução na produção, a qualidade dos grãos e o aumento das exportações. Isso tudo mexeu com as bolsas no produto pelo mundo. Em nosso país, a safra desde ano deve melhorar cerca de 4%, mas Minas Gerais, o Estado que mais produz, terá queda aproximada de 12% o que bagunçará mais ainda os preços.
Moer?
Isso só mesmo no sonho. O café em grãos é bem mais caro e para o preparo gastamos luz com o moedor e precisa ser craque para achar o ponto certo de preparo. Ainda acaba saindo mais barato ir comprar o café no supermercado. Antigamente a gente ia no armazém do “turco” e ele vendia por quilo, aí saía mais em conta, porque não havia o custo da embalagem e era possível comprar 100, 200 gramas, que o dono não fazia cara feia e ainda anotava na caderneta.
E o peixe?
Se o café anda caro, o que dizer os pescados, ainda em épocas de forte demanda, como é a Quaresma. E tem gente estocando peixe, disse um comerciante. O movimento aumentou e diante disso, como medo dos preços, muita gente reforça os freezers, com medo do que poderá acontecer mais perto da Semana Santa. Se depender do alarde que fazem sobre o aumento dos combustíveis será difícil comprar até sardinha em lata. A melhor saída será mesmo ir pescar na lagoa e correr o risco de ser comido pelo jacaré.
Ele reapareceu
Um leitor enviou mensagem: “estava tranquilamente curtindo uma sombra no Lago do Monjolo e eis que ao olhar para o lado levei um baita susto que cheguei a ficar congelado: tinha um baita jacaré com a bocona já aberta, pronto para me dar uma dentada. Caí no mundo de medo e quando voltei, ele não estava mais lá. E pensar que eu sempre levo a netinha junto quando vou pescar, sem saber que ela corria o perigo de virar petisco”, escreveu Alaurindo J. Vieira, aposentado e que mora nas imediações. Ao que se sabe, os jacarés ainda habitam, a lagoa e não se sabe de ataques. Eles ficam no gramado da margem de boca aberta, para pegar sol, explicou um biólogo que adverte para evitar mexer com as criaturas.
Complexo Médico Penal
“Prezado colunista, falou você escrever que CMP do Paraná fica no alto da Serra do Mar, ao lado da Estrada da Graciosa, onde o ar é bastante puro e indicado até aos que precisam fazer tratamento pulmonar. O lugar é um sonho de consumo dos presidiários”, escreveu L.A.S. Por outro lado, “M.V.C.S” relatou que os Complexos Médicos “não são uma Brastemp que o povo anda pintando, sei porque já fiquei ‘internado lá’ por mais de seis meses e é cadeia igual as outras, sem moleza e a gente ainda precisa trabalhar dobrado”. Bom é para lá que vai o Jorge Guaranho e foi ele quem motivou os comentários.
Seu Ferrari
Confesso a emoção ao receber uma mensagem de despedida do amigo Clauri Ferrari, gerente da rede Super Muffato em Foz do Iguaçu, depois de 35 anos de labuta; foi muito amável com as palavras, lembrando a velha amizade e em detalhes, para ele marcantes. Não há como deixar de devolver tanta gentileza, e, mencionar, que sem o seu senso de compromisso social, profissionalismo, organização, bom coração, diplomacia para com a cidade, sua gente e seus vários setores, muitos eventos não existiriam e não se tornariam referência, tradição ou bens culturais e sociais.
Posso com todas as letras escrever sobre a Canja do Galo Inácio. Imaginem organizar um evento para atender o Carnaval, e, reverter a renda para uma entidade social e carente, em uma operação que envolve centenas de voluntários e necessita bem mais que uma tonelada de alimentos? E como seria realizar uma primeira iniciativa assim, em cima do laço? Ocorreu-me ir falar com a rede de supermercados. De cara encontrei o Ferrari na porta da unidade que fica ao lado do Batalhão. Nem sabia ao certo o que pedir e contei-lhe o projeto, ainda sem uma formalização.
Lembro bem o dia, porque anotei. Foi num domingo, 21 de janeiro. O gerente disse: “em cima da hora, Bonato, mas entendi, vamos adiantar isso e fazer agora mesmo uma lista”. Quando comecei a relacionar os produtos ele deu risada. “Vai fazer canja para a cidade toda?”. Sei que corri para o escritório, formalizei um pedido e quando cheguei com o papel no supermercado ele tinha a resposta. “Vamos apoiar, mas quando chegar o Dia da Bondade”, você dá uma força, tá bem assim?” E a Canja do Galo Inácio foi um sucesso.
Nos anos seguintes, era o Ferrari quem ligava no início do ano cobrando a cartinha e a relação de alimentos. Ele é sim um dos fundadores do evento, porque além de convencer a diretoria da rede sobrea sua importância, ajudava na decoração das barracas, comparecia aos lançamentos, e sempre ajudava com os imprevistos, porque em realizações assim, eles não faltam.
Certa ocasião, fui ao supermercado, como aliás sempre fazia. Vi o Ferrari meio cabisbaixo, e alonguei a conversa. Isso faz uns dez anos. Me disse que a tarefa era muito árdua, trabalhava bastante, incluindo finais de semana, feriados, e, naturalmente isso acabava pegando no lado pessoal, porque o corpo e a cabeça precisam de um tempo. Mas não se tratava de uma reclamação e sim “reflexão”. Ele foi em frente e encontrou uma maneira de equilibrar o bastão e aquela conversa foi importante também do meu lado, porque somos abnegados com o que fazemos e, esquecemos que há vida lá fora.
Comentei o caso com alguns amigos e, senti que todos esboçaram imediata preocupação. Ferrari era e é admirado por muita gente. Em outra ocasião, em reunião no Provopar para tratar de outra Canja, disse para a Nanci Rafagnin que iria conversar com o Ferrari para tratar dos alimentos. Ela disse: “Rogério, às vezes tenho até vergonha de pedir as coisas para ele, porque só neste ano, ela já nos ajudou em uma penca de eventos” e mostrou a lista. Impressionante, o zelo da rede Muffato com o lado social da cidade e certamente muita gente não faz ideia disso. Esse diferencial tem nome: Clauri Ferrari!
Desejo ao amigo um descanso, a merecida aposentadoria, mas qual o que? Se alguém pensa que ele vai descansar se engana. Disse em bom tom: “vou encarar uma nova etapa da minha vida e estou aqui pensando o que vou fazer. Ficar parado é que não vou”. Feliz da cidade que pode contar com uma rede supermercadista tão acolhedora e, na sua linha de frente, alguém tão comprometido com o zelo institucional! Desejo um bom dia ao amigo e muitos outros, cheio de felicidade ao que virá!
Rogério Romano Bonato