Itaipu Binacional pretende vender mais de 900 imóveis em Foz do Iguaçu, até o final de 2026

A Itaipu Binacional projeta vender 923 imóveis em Foz do Iguaçu, até o final de 2026. As casas foram construídas nas décadas de 1970 e 1980, como parte da infraestrutura necessária para abrigar os milhares de trabalhadores vindos de diversas regiões do país, atraídos pela oportunidade de emprego na construção da barragem na fronteira do Brasil com o Paraguai. As habitações já serviram à finalidade, mas ainda permanecem sob a gestão da Itaipu. As primeiras unidades foram vendidas a moradores.

A venda das casas das vilas A e B está ligada a um projeto social encampado pela gestão da empresa. Os recursos provenientes das transações serão destinados à construção de habitações de interesse social para pessoas em situação de vulnerabilidade. Essa ação está alinhada à missão institucional da Itaipu e às diretrizes do governo federal, contribuindo com o combate ao déficit habitacional na cidade e promovendo um modelo construtivo sustentável e de inclusão social.

Todo o processo de venda ocorrerá por etapas, ou seja, não haverá ofertas a todos os imóveis de uma única vez. “No devido tempo, todos os moradores receberão uma comunicação a respeito da oferta”, informa a empresa. A avaliação dos imóveis – que segue a Norma Brasileira de Avaliação de Imóveis Urbanos – é realizada por empresa especializada e validada por uma Comissão de Avaliação.

 

Três parâmetros

Nessa avaliação são definidos os valores mínimo, médio e máximo de mercado. Sobre o valor mínimo é aplicado um desconto para se chegar ao valor de liquidação forçada – quando há a intenção de venda rápida. A avaliação considera ainda apenas a planta original, sem benfeitorias ou reformas. Moradores que não possuem outro imóvel em Foz do Iguaçu têm a oportunidade de adquirir com um desconto adicional de 25% sobre o valor mínimo com liquidez forçada.

De acordo com o diretor administrativo de Itaipu, Iggor Gomes Rocha, os próximos passos serão ofertar a venda para outras instituições que, assim como a Unioeste, têm colaboradores(as) ocupando casas da Itaipu. No total, cerca de 800 imóveis se enquadram nesse grupo. “Seguindo o que a lei brasileira nos permite, as condições de oferta das casas são as melhores possíveis”, afirmou Iggor Rocha.

 

Casa própria

Já se foram 11 anos desde que a agente universitária Márcia Correia de Souza, de 50 anos, começou a morar em uma casa na rua Corruíra, na Vila A. Na tarde de sexta-feira (12), Márcia realizou, finalmente, o grande sonho: comprar o imóvel. A assinatura da aquisição foi feita no Centro Executivo da Itaipu e reuniu representantes da Diretoria Administrativa da empresa e correspondentes da Caixa Econômica Federal, que vai financiar a compra.

Márcia foi a primeira de um grupo de 21 moradores e moradoras das residências cedidas em regime oneroso à Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), que participaram, no final de abril, do processo de oferta da Itaipu para a venda dessas casas diretamente aos ocupantes. Outros dois moradores, servidores da Unioeste, também assinaram as compras das casas nesta sexta-feira (12).

“Eu esperei muito por esse momento. Agora, quando saio de manhã para trabalhar, eu me lembro que eu não preciso mais ficar ansiosa. Agora é a minha casa e eu não vou correr o risco de perder”, comentou Márcia, que mora no imóvel com o filho Elias, de 19 anos. Ela diz que sempre manteve o imóvel em bom estado porque sabia que um dia poderia comprá-lo.

A aquisição da casa pela Márcia e por outros(as) servidores(a) da Unioeste e de outras entidades que já estão recebendo as ofertas faz parte da decisão da atual gestão de Itaipu de priorizar a venda dos imóveis aos moradores em situação regular perante a empresa.

 

Moradores questionam projeto

A aquisição de imóveis na região da Vila A pautou audiência na última semana no Auditório do Campus Integração da UNILA, organizado pelo NUFURB (Defensoria Pública PR) em parceria com a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). No encontro, com a Comissão de Direitos Humanos da OAB Foz do Iguaçu, os inquilinos questionaram o Projeto Moradias assinado em 2023, para viabilizar a venda dos imóveis pertencentes a empresa binacional.

Um levantamento da Associação dos Moradores Interessados na Venda das Casas da Vila A (AMIVA), apontou que aproximadamente 70% dos moradores atuais não terão condições de comprar as casas pelo valor oferecidos pela Itaipu à Unioeste, a primeira entidade. Eles alegam que, por serem idosos e servidores públicos, não possuem Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para utilizar como forma de pagamento. Muitos também estariam com dívidas que podem ter sido adquiridas durante a manutenção dos próprios imóveis.

  • Da Redação com Itaipu / Foto: Kiko Sierich

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *