Coluna do Corvo

Itaipu 50 anos!

Olhar para a Binacional, o que era e o que se tornou, e, concluir que lá se foram 50 anos, é um jeito de dizer, ou escrever, que o tempo voa, em velocidade supersônica! Posso assegurar que sou uma testemunha de quase tudo o que aconteceu desde a explosão do canal de desvio, a imagem mais marcante da história da hidrelétrica.

 

Várias e muitas imagens

Itaipu, de certo modo pode ser lembrada pelas imagens gráficas e audiovisuais. A explosão para o canal de desvio aconteceu em outubro de 1978, portanto há 45 anos. Usaram quase 60 toneladas dinamite para mandar para os ares as “ensecadeiras”, mudando o curso do Rio Paraná. Pensa? E depois foi preciso remover cerca de 55 milhões de metros cúbicos de rocha para escavar o canal, com 2 km de extensão e 150 metros de largura. Quem olhava a obra de longe, via um formigueiro indo e vindo, com os caminhões gigantescos.

 

Gigantismo

Itaipu foi mesmo muito marcante em sua epopeia. Tudo, inclusive o fechamento de estradas para o transporte de peças era pauta jornalística. A sequência de fatos e a visita de gente importante não dava sono aos profissionais da comunicação; num tempo que os equipamentos de transmissão se chamavam “teletipo”, “Telefoto” , “telex” e tudo chegava ao ar, nas emissoras de rádio e TV, graças ao uso das “maletas”, equipamentos ligados (literalmente) em cabos telefônicos. Itaipu foi coberta na raça. Outro momento “espetacular” aconteceu em novembro de 1982, quando foram abertas as comportas oficialmente. A água começou a escorrer pelas calhas do vertedouro, foi acumulando e se transformou em uma enorme onda. É difícil esquecer a imagem daquela quantidade de água se dobrando e se chocando com as rochas.

 

Três momentos

São inúmeros os episódios que pontuam a história de construção de Itaipu, mas, pessoalmente, eu relataria três, os dois que acabei de escrever (explosão e vertedouro) e o mais importante ao meu ver, até porque fiz a cobertura em um dos barcos: a Operação Mymba Kuera. Com a formação do lago (1982), biólogos, técnicos, barqueiros e voluntários percorreram a área do reservatório resgatando os bichos. A operação deu o start para o estágio mais importante da obra, de devolver à Natureza o que foi destruído, ou inundado, ou explodido.

 

Compensação

A história, quando não é bem contada, ou relatada por meio de documentos e depoimentos, sufoca importantes acontecimentos. Isso não aconteceu em Itaipu, tudo está devidamente armazenado, desde o princípio, na assinatura do Tratado, as negociações estridentes com os sócios paraguaios, a participação na Conferência Mundial Ambiental, em Estocolmo (1972) e é importante frisar, que a área ambiental e uma palavra que ninguém conhecia, a “Sustentabilidade” já estavam nos planos da Binacional.

 

Antes e o depois

As investigações jornalísticas da época, em tempos preparação da área para o reservatório apontavam o seguinte: o lado paraguaio era um mato só, diga-se, muito preservado. Já o brasileiro era a imagem da degradação, fruto dos ciclos da erva-mate e madeira e da erradicação das florestas para a criação de gado. Uma desolação. Casas eram levadas em cima de caminhões e muitas pessoas até aprovavam o abandono das terras, porque já haviam sugado tudo o que elas poderiam render. Hoje, os mesmos locais abrigam uma espetacular faixa verde, um trecho impressionante da Mata Atlântica reposta, renascida pela mão do homem.

 

Preconceito

Os contrários a construção de Itaipu pregavam uma destruição sem limites e que na verdade não ocorria, fora a submersão das Sete Quedas, possivelmente o maior prejuízo regional. Itaipu foi a iniciativa que menos inundou e mais energia gerou na história do planeta e isso se deve à geografia, ou seja, a cacha do Rio Paraná, muito profunda. Foi uma grande justificativa ambiental para iniciar a obra. O que muita gente pergunta hoje e poucos sabem verdadeiramente explicar, é o que seria do Brasil sem Itaipu?

 

“Longevidade”

A palavra é adequada para tratar da vida orgânica, para “coisas”, utilizam o termo “vida útil”. Itaipu não pode ser considerada assim, “uma coisa” e não cometeria um pecado fugaz bem no dia do aniversário de 50 anos. O caso é que lá no início, o general Costa Cavalcanti, e outras autoridades, diziam repetidamente, que Itaipu duraria 50 anos. E esse tempo passou e a usina está no auge de sua produtividade e prestando um serviço incomensurável à Natureza, preservando espécies, fazendo a sua parte na prolongação da vida no Planeta, quem diria? E vamos adiante, a Binacional presta a colaboração a todas as cidades paranaenses, no Mato Grosso do Sul e ampara ações em outros estados. O gancho para lembrar o meio século de existência foi ajudar as vítimas e afetados pelas cheias no Rio Grande do Sul. Itaipu é, antes de ser uma grande conquista da humanidade, pela engenhosidade e tecnologia, uma provedora das práticas ambientais corretas e de um enorme e generoso compromisso social.

 

Do gigantismo ao provincianismo

Essa greve no transporte torrou a paciência dos usuários e atrapalhou a vida de muitas famílias que precisam da locomoção, um direito que é constitucional, mas que depende da vontade dos sindicalistas. Por favor né? O movimento, mesmo afetando 50% da frota, também criou confusão na economia, uma vez que muita gente perdeu a hora ou nem conseguiu ir trabalhar. É muito ruim precisar olhar para algo assim, sem contar o fato de pessoas expostas à chuva e o frio.

 

Comparações tristes

Os números no transporte cresceram muito e isso se deve à qualidade dos serviços. Mais de um milhão de iguaçuenses passaram a utilizar a frota, que comparativamente, em Kms rodados, dá uma volta ao mundo a cada dois dias. Sem contar o lado tecnológico, com a modernidade eletrônica, facilidades de embarque, aplicativos, veículos novos, ar-condicionado, dentre outras, Foz estava se destacando no segmento, segundo os boletins de sites especializados na modalidade, mas isso tudo começou a vazar com a greve. Lamentável.

 

Mais comparações

E como pode, um sistema que conduz tanta gente, um milhão de passageiros por mês, chegar a isso, em razão das diatribes de um sindicato que defende 294 trabalhadores. É necessário ressaltar que nem todos são sindicalizados. Definitivamente, essa mão de obra não pode ser responsabilizada pelo tormento que causou e causará ainda mais caso a greve seja retomada dia 22, segundo as ameaças de Dilto Vitorassi. O que se sabe é de muito descontentamento entre os motoristas, pois são corresponsáveis. Alguns precisaram até levar o uniforme numa sacola, para escapar das críticas da população.

 

E o que acontece?

Segundo apurado, ouvindo várias frentes, o Sindicato trabalha com a imposição até da escala de trabalho, reduzindo a carga horária semanal, e quer também intervalo de descanso, sem o devido amparo legal. Se a Viação Santa Clara (VISAC) não obedecer, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Foz do Iguaçu (SITROFI) poderá retomará a greve no dia 22 de maio. Que barbaridade hein?

 

Inviabilidade

Não só a empresa, mas quem conhece o ramo assegura que a tal escala que o Sindicato quer é inviável. Não se justifica operacionalmente e menos ainda no âmbito financeiro e jurídico. Para não deixar a população na mão e não prejudicar o sistema, a empresa se comprometeu em realizar um estudo contemplando as reivindicações.  O prazo para um levantamento com essa complexidade é de no mínimo 30 dias. O Sindicato do Vitorassi não aceitou. Dizem que a reunião no Foztrans, na quarta-feira, mais parecia uma peça de teatro, tamanha a encenação do Dilto que chegou a afirmar que “a empresa já concedeu o reajuste proposto, a cesta natalina pedida e outras demandas, mas retomaremos a greve por conta da escala”. Francamente, é difícil acreditar que a população de Foz vive à mercê de situações assim.

 

Prejuízos

Oras, são cerca de 52 mil passageiros ao dia, e, com a paralização, imagina-se que 17 mil pessoas passam apuros, com muita gente perdendo até a integração o que resulta em prejuízos além de não contar com os ônibus. A queda de braço é dolorosa, porque frente às negativas por parte do Sindicato, a empresa se viu na necessidade de ajuizar o dissídio coletivo de greve. O caso agora está nos tribunais.

 

Retrospecto

A encrenca está ganhando proporções muito prejudiciais à comunidade e à imagem de uns e outros afinal de contas nem faz muito tempo que a OAB foi protestar em frente ao Sindicato, elevadas as atitudes do Dilto por meio de ofensas. Ele deveria é atenuar e não agravar a situação. Bom, o Dilto continua sendo o Vitorassi e será que é assim que vai se mostrar aos eleitores, uma vez que se diz candidato? Pega leve companheiro!

 

Final de semana

Chuvinha, ar fresco, edredon, quem sabe o fogão de lenha aceso? Ontem um ambulante empurrou uma sacola de pinhão. Dá-lhe caldo e sopas! Um belo e gosto final de semana a todos!

 

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