Itaipu presta orientação sobre emas do Palácio do Alvorada

A Itaipu Binacional, reconhecida internacionalmente por sua experiência com animais silvestres como a harpia ou gavião-real, está fornecendo orientação técnica para o manejo das emas dos jardins do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, em Brasília (DF). O pedido de assistência foi feito pela própria Presidência.

A assistência se baseia na prática acumulada ao longo de quase quatro décadas de existência do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), que conta hoje com 343 animais, de 57 espécies diferentes. A empresa tem ainda o maior plantel de harpias do mundo, com 32 aves, e 15 recintos de animais.

Doze filhotes de ema nasceram no Palácio da Alvorada, em Brasília, na última quinta-feira (5). Segundo o veterinário Pedro Ivo Braga, que é responsável pelos animais nas residências oficiais, esta foi a primeira ninhada do ano. A primeira-dama, Janja da Silva, visitou e alimentou os animais, que precisam de um recinto.

Segundo o veterinário, os animais ganharão um recinto exclusivo nos próximos dias para serem abrigados de forma adequada. Além dos doze filhotes, vivem nos jardins do Alvorada 17 emas adultas.

De acordo com o médico veterinário da Itaipu Binacional, Pedro Teles, a Presidência solicitou apoio técnico na revisão e aprimoramento do manejo e das estruturas existentes para as emas no Palácio da Alvorada.

“Passamos as orientações e fizemos contato com os profissionais da Presidência. A partir daí, fizemos um parecer a respeito do aprimoramento das propostas. Todo esse trabalho foi feito com base nas informações repassadas. Inicialmente, não houve visita e nem avaliação presencial”, informa Teles.

Sobre as emas, há um aspecto bastante peculiar na história do veterinário Pedro Teles. Natural de Brasília, quando era criança ele costumava visitar os prédios públicos da capital, entre eles, o Palácio da Alvorada, nos fins de semana.

“Na época, o palácio era mais isolado, ficava em meio ao cerrado, era como se fosse um parque. Então, passávamos horas vendo as emas e as carpas dos espelhos d’água.”

Ele lembra que “quando o palácio foi aberto à visitação, ao menos parte dele, íamos com a escola e, sempre que víamos as emas, ficávamos curiosos. Isso porque os machos chocavam e cuidavam dos filhotes”. As emas são as maiores aves em peso e altura do Brasil.

“Aquelas imagens sempre rondaram meu imaginário. Já na universidade cursando veterinária, o meu primeiro estágio em silvestres foi com a profissional que prestava assistência aos animais do Palácio. Isso enriqueceu ainda mais o meu imaginário por meio de trocas de experiências profissionais. Na época, no palácio, havia mais que o dobro dos animais que tem hoje”, lembra, nostálgico.

O veterinário reforça: “sempre pensamos que um animal tão bonito e imponente, em frente a um palácio tão grandioso e importante, além de toda a estética incrível, dever ser exemplo de como se cuidar da biodiversidade do País, então, merecem o melhor tratamento que nós, como pessoas, podemos dar”.

 

Revitalização e ampliação

Os investimentos e cuidados de Itaipu com o meio ambiente são um dos pilares da atual gestão de Itaipu, em consonância com as diretrizes do governo Lula. Neste ano, em 27 de junho, no dia do aniversário de 39 anos do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), a Diretoria de Itaipu anunciou a revitalização e ampliação de espaços da conservação de fauna, que além de sua importância ambiental, é um marco turístico, com cerca de 50 mil visitantes por ano.

Um escritório de São Paulo ficou em primeiro lugar no concurso nacional para escolha do projeto arquitetônico.  O anúncio foi feito no último dia 26 de setembro, após reunião de representantes da Itaipu e do Instituto de Arquitetos do Brasil (Departamento do Paraná – IAB/PR), responsáveis pelo concurso.

As propostas incorporaram conceitos de sustentabilidade e de zoodesign, com harmonização dos espaços com a paisagem do entorno, respeito à vegetação e ao relevo existentes, priorização de materiais duráveis e de baixo impacto ambiental, acessibilidade e garantia do bem-estar dos animais, entre outros requisitos.

As intervenções foram delimitadas a quatro áreas do RBV, sendo uma delas o Centro de Conservação de Animais Silvestres da Itaipu Binacional (Casib) – destinada à reprodução. As outras três ajudarão a fortalecer o potencial turístico da unidade: a atual guarita (que ganhará bilheteria e se tornará o principal acesso ao Refúgio, na Vila C), a antiga Casa do Sol e da Lua (de onde partirão os passeios guiados) e o recinto das onças-pintadas.

A Casa do Sol e da Lua será ainda o ponto de embarque para uma nova atração, o Recinto de Imersão, que permitirá ao turista um contato mais próximo e interativo com parte da fauna e da flora do Refúgio. A operação será em veículo elétrico.

No caso do recinto das onças, o espaço atual será mantido, mas será construído um novo, com o dobro do tamanho (2,4 mil metros quadrados). Também estão previstos outros dois recintos reservados (para a manutenção dos animais), maternidades e uma central de manejo.

 

Mata Atlântica

Localizado numa área de 1.920 hectares, o RBV integra um posto avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) e integra junto à faixa de proteção e demais refúgios o Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná, que conecta o Parque Nacional do Iguaçu às áreas protegidas da Itaipu e ao Parque Nacional de Ilha Grande.

Boa parte da vegetação, que hoje é floresta, foi recomposta pela Itaipu do que eram áreas de pastagens e gramíneas. Desde o último mês de agosto, a Itaipu faz parte de uma rede brasileira de manejo para conservação de animais. É a Rede Brasileira de Translocações para Conservação de Fauna, que visa assegurar a reintrodução na natureza de animais mantidos em cativeiro.

A rede foi criada durante o Curso Internacional de Translocações para Conservação, do Grupo Especialista em Translocações para a Conservação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A Itaipu, inclusive, vem contribuindo com um projeto de reintrodução, com a doação de 10 mutuns-de-penacho. Esses mutuns, que foram reproduzidos e nascidos em cativeiro, já estão se reproduzindo normalmente em vida silvestre, o que mostra o sucesso da ação.

 

  • Imprensa de Itaipu / Foto: Alexandre Marchetti

 

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