Santiago Peña vence e mantém hegemonia do Partido Colorado por mais 5 anos no Paraguai

O economista e ex-ministro da Fazenda, Santiago Peña Palacios, 44, venceu no último domingo (30 de abril) as eleições garantindo por mais cinco anos a hegemonia do Partido Colorado, que há 70 anos comanda os destinos do Paraguai. O novo inquilino do Palácio de López para o período 2023-2028 chega à presidência com um plano de governo “incerto” em relação a determinados assuntos, onde terá o desafio de sair da sombra de seu mentor político, o ex-presidente Horacio Cartes (2013-2018).

Santiago Peña venceu o pleito com mais de 42,7% dos votos. O segundo colocado, o oposicionista Efraín Alegre, candidato da Concertação Nacional, 27,4% segundo dados do TREP (Tribunal Eleitoral do Paraguai), informou o jornal Última Hora. No seu discurso na sede da ANR, após a contagem do órgão oficial, o vencedor do pleito indicou que celebra “a vitória de um povo que com o seu voto escolheu o caminho da paz social, do diálogo, da fraternidade e da reconciliação nacional”.

O novo presidente paraguaio, que não tem militância dentro do Partido Colorado, já que migrou para o grupo recentemente, enfrenta um cenário político “arriscado” devido a sombra do “cartismo”, como é denominado o movimento em torno de Horacio Cartes. “Na casa de Horacio Cartes, a política é operacionalizada. Essa é uma simbologia muito forte. Horacio Cartes é o líder financeiro e político”, afirmou ao Última Hora, Marcos Pérez Talia, doutor em Ciência Política e pesquisador.

Peña terá que liderar, segundo Talia, com um “poder com duas cabeças”, o que pode representar um problema para o novo presidente da República. No entanto, este não seria seu único desafio na condução dos destinos do Paraguai, considerando que há uma crise interna na ANR (Associação Nacional Republicana) devido às diferenças marcantes entre os movimentos Fuerza Republicana e Honor Colorado.

 

Não é líder

A imprensa paraguaia reforça a falta de militância política de Peña, o qual é definido não como um líder, mas com um candidato que consolida o Partido Colorado no poder por mais um período. “O modelo de gestão pública paraguaia está completamente esgotado”, sustenta Pérez Talia, destacando que o Estado não pode fornecer bens públicos de qualidade (saúde, educação, infraestrutura e transporte público, por exemplo).

Por outro lado, Peña terá o desafio de administrar um possível pedido de extradição do atual chefe da ANR, Horacio Cartes, por parte do governo dos Estados Unidos, que o designou como “significativamente corrupto” e até com vínculos com o terrorismo. A situação é latente e factível e pode significar um forte “furacão” na gestão do agora presidente eleito, haja vista o peso da figura do empresário em sua carreira política pessoal, mesmo considerado “sua sombra” no poder.

Outro desafio para sua liderança será a relação que deverá construir e estabelecer com líderes da oposição, como o próprio Efraín Alegre e o polêmico Payo Cubas, que obteve mais de 22% dos votos. Aliás, ao terceiro colocado, se deve acrescentar o mesmo governo dos Estados Unidos, que no período eleitoral sancionou figuras proeminentes do Partido Colorado por corrupção, entre elas, o vice-presidente da República, Hugo Velázquez.

 

Projeções

Durante a campanha eleitoral, Peña prometeu reduzir os preços do combustível e do gás, o acesso à moradia, a segurança e a criação de novos empregos. “Prata no bolso”, com a qual pretende devolver “a competitividade à Petropar”, que voltará a oferecer “preços muito melhores para sua mobilidade e para que os preços dos produtos não disparem”. Além disso, ele prometeu baixar o preço do gás, lembra o Última Hora.

O novo presidente prometeu a criação de 500 mil novos postos de trabalho, fazendo a economia do Paraguai subir, com um maior volume de dinheiro em circulação. No campo político internacional, o principal desafio de Peña é a condução das negociações do Anexo C do Tratado de Itaipu, especialmente sobre os preços da energia elétrica produzido pela usina em parceria com o Brasil, na região de Foz do Iguaçu.

  • Da Redação

 

 

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